O SIGNIFICADO DA PÁSCOA

Depois de anos de sofrimento, de desespero e desolação, o Povo de Israel, liderado por Moisés saiu, finalmente, da terra do Egito onde eram escravos, para a liberdade rumo à terra prometida. A partir de então comemoraram, anualmente, a festa da Páscoa, que deveria relembrar não só a libertação da escravidão egípcia mas , também, da escravidão do pecado, pois o sangue do cordeiro que marcara suas casas para não serem atingidos pelas pragas, apontava igualmente para o sacrifício de Cristo, o Cordeiro que tira o pecado - as pragas - do mundo.

Para os cristãos, a Páscoa significa a passagem da “morte para a vida”, das “trevas para a luz”, a celebração do mistério da salvação, antecedida e santificada pela crucificação e morte do Nosso Senhor Jesus Cristo. Daí a importância do período da quaresma, quando temos a oportunidade de refletir - coisa tão difícil nos tempos modernos – acerca do cuidado de Deus na preparação para a maior prova de amor realizada pelo Pai, ao permitir que o Filho inocente se entregasse para ser condenado, insultado, torturado, crucificado e morto para provocar em seguida, a maior explosão de júbilo que os céus e a terra jamais viram, a vitória da Vida sobre a Morte, a derrocada do pecado pelo Amor, a Ressurreição de Jesus no primeiro dia da semana.

É o acontecimento mais importante para a humanidade e os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos relatam e destacam o seu significado para os seguidores de Cristo. Paulo, de forma contundente e convicta, condiciona a validade de nossa fé à ressurreição de Cristo, ao afirmar taxativamente: “...se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé”.

No entanto, a Santa Mãe Igreja, sempre inspirada pelo Espírito Santo, instiga-nos a voltar nossos olhares para um momento muito significativo da quaresma, pelo reflexo que traz a cada um de nós, para o pós-ressurreição: a Transfiguração de Jesus. Ocorre, ali, o alerta, a convocação, a exigência e a instrução de Jesus para aqueles discípulos e para nós, hoje, quanto à necessidade de sairmos do comodismo de achar que basta ficarmos no enlevo da glória manifestada por Deus na ressurreição e não agirmos como servos, lavando os pés rotos e feridos e enxugando as lágrimas dos nossos irmãos necessitados e pecadores, assim como Ele o fez na última ceia.

Que não nos satisfaça o privilégio de comer Sua carne e beber do Seu sangue, julgando-nos justos, sem valorizarmos o ajoelhar-se aos pés do sacerdote e, humildemente, penitenciarmo-nos dos nossos repetidos erros, bem como da nossa tamanha e histórica omissão frente às injustiças do mundo. Muito menos, ainda, a adesão frenética ao consumismo irresponsável que visa empanar e anular o sentido vital de nossas datas santificadas!

O júbilo e a gratidão pela Ressurreição do Cristo precisam esvaziar-nos das quinquilharias do homem velho e preencher-nos com a grandeza do Amor do Cristo refletido na misericórdia, na ternura e na suavidade em acolher os pequenos e os pecadores, bem como na intensa e firme ação em defesa da justiça para os mais fracos e desprotegidos, como autênticos discípulos e missionários do Ressuscitado.

Nesta Páscoa, procure demonstrar, onde e com quem esteja, “a razão da vossa esperança” e a alegria do Cristo que, para todos ressuscitou, e que a todos quer dar VIDA PLENA.

Feliz Páscoa!