DIDAQUÉ
Introdução
Didaqué significa «instrução» ou "doutrina». Trata-se de um escrito que data de fins do Séc. I de nossa era e, portanto, bem próximo dos escritos do Novo Testamento. O nome «Instrução dos Doze Apóstolos» lembra At 2,42 ("o ensinamento dos apóstolos"), mas é difícil que a obra tenha sido escrita por algum deles ou seja de um só autor. Os estudiosos hoje estão de acordo em dizer que ela é fruto da reunião de várias fontes escritas ou orais, que retratam a tradição viva das comunidades cristas do Séc. 1. Os lugares mais prováveis de sua origem são a Palestina ou a Síria.
A Didaqué é um manual de religião ou, melhor dizendo, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos. Esse documento nos permite conhecer as origens do cristianismo, e principalmente nos dá uma ideia de como eram a iniciação cristã, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O autor (ou autores) pertence ao meio judaico-cristão, e dirige seu ensinamento a comunidades formadas por convertidos vindos principalmente do paganismo.
O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como outros escritos criados do séc. 1 d.C. O tom e os temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e diversos trechos dos evangelhos. Dessa forma, esse catecismo das comunidades da Igreja Primitiva é testemunho vivo de como os primeiros cristãos se alimentavam da Palavra de Deus contida nas Escrituras, transformando e interpretando os textos bíblicos em vista de suas necessidades e situações.
A leitura da Didaqué faz logo sentir que as comunidades cristãs daquele tempo ainda não estavam completamente estruturadas. As comunidades não têm representante oficial fixo (padre ou vigário), os bispos e diáconos são mencionados de passagem, e não sabemos bem quais funções exerciam. Fala-se diversas vezes em «apóstolos, profetas e mestres", dando a impressão de que eram propriamente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades. Por outro lado, nota-se que a liturgia é também muito simples e se resume a celebrações feitas em clima doméstico. Os sacramentos mencionados pertencem à iniciação cristã - batismo, confissão, eucaristia - e parecem ser todos administrados pela comunidade, e não por um membro do clero, ainda inexistente.
Visível, contudo, do clima que a comunidade vive, dentro de uma sociedade estruturalmente pagã. A preocupação de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por aproveitadores oportunistas (até mesmo disfarçados de profetas), a esperança um pouco nervosa de uma escatologia próxima e o tema da perseverança heroica no caminho da fé são características das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo sua vocação e missão no mundo.
A Didaqué é um convite para as comunidades cristãs em formação descobrirem sua origem e jovialidade próprias. Ela nos faz lembrar que a fonte inspiradora do comportamento, da oração e das celebrações é a Bíblia. Sobretudo, mostra que o cristianismo não é devoção individualista, mas um caminho comunitário em que todos os setores da vida e do comportamento devem ser penetrados pela Palavra de Deus e pela oração. Na sua simplicidade e profundidade, estimula a viver a vida cotidiana à luz do Evangelho vivo, dentro de um discernimento que frutifica em atos novos, geradores de fraternidade e partilha. Escrita principalmente para os pagãos (nações), ela ainda salienta que o cristianismo não é uma redoma onde a comunidade se refugia, mas um fermento que se expande para transformar toda a sociedade
DIDAQUÉ - INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS
Instrução do Senhor para as nações, por meio dos doze Apóstolos...
Capítulo I
OS DOIS CAMINHOS
1. Existem dois caminhos: um é o caminho da vida, e o outro, o da morte. A diferença entre os dois é grande.
Viver e amar
2. O caminho da vida é este: Em primeiro lugar, ame a Deus, que criou você. Em segundo lugar, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça a outro nada daquilo que você não quer que façam a você.
3. O ensinamento que deriva dessas palavras é o seguinte: Bendigam aqueles que os amaldiçoam e rezem por seus inimigos, e ainda jejuem por aqueles que os perseguem. Com efeito, se vocês amam aqueles que os amam, que graça vocês merecem? Os pagãos não fazem o mesmo? Quanto a vocês, amem aqueles que os odeiam, e vocês não terão nenhum inimigo.
A violência do Amor
4. Não se deixe levar pelos impulsos instintivos. Se alguém lhe dá uma bofetada na face direita, ofereça-lhe também a outra face, e você será perfeito. Se alguém o força a acompanhá-lo pelo espaço de um quilômetro, acompanhe-o por dois; se alguém tira o seu manto, entregue-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que pertence a você, não a peça de volta, pois você não poderá fazer isso.
O amor de partilha
5. Dê a quem pede a você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Feliz aquele que dá conforme o mandamento, porque será considerado inocente. Ai de quem recebe: se recebe por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebe sem ter necessidade, deverá prestar contas do motivo e da finalidade pelos quais recebeu. Será posto na prisão e interrogado sobre o que fez; e dai não sairá até que tenha devolvido o último centavo.
6. A esse respeito, também foi dito: Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba para quem a está dando.
Capítulo II
Exigências do amor ao próximo
1. O segundo mandamento da instrução é este:
2. Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique magia, nem feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido.
3. Não cobice os bens do próximo, não jure falso, nem preste falso testemunho. Não seja maledicente, nem vingativo.
4. Não seja duplo no pensar e no falar, porque a duplicidade é armadilha mortal.
5. Que a sua palavra não seja falsa ou vazia, mas se comprove na prática.
6. Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
7. Não odeie a ninguém, mas corrija uns, reze por outros, e ainda ame os outros, mais do que a si mesmo.
Capítulo III
As raízes do mal e do bem
1. Meu filho, procure evitar tudo o que é mau e tudo o que se pareça com o mal.
2. Não seja colérico, porque a ira conduz para a morte. Também não seja ciumento, nem briguento ou violento, porque os homicídios nascem de todas essas coisas.
3. Meu filho, não seja cobiçoso de mulheres, porque a cobiça leva à fornicação. Evite falar obscenidades e olhar com malícia, pois os adultérios surgem de todas essas coisas.
4. Meu filho, não seja dado à adivinhação, pois a adivinhação leva à idolatria. Também não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre essas coisas, pois de todas essas coisas provém a idolatria.
5. Meu filho, não seja mentiroso, porque a mentira leva ao roubo. Não seja ávido de dinheiro, nem cobice a fama, porque os roubos nascem de todas essas coisas.
6. Meu filho, não seja murmurador, porque a murmuração leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa, pois as blasfêmias nascem de todas essas coisas.
7. Seja manso, porque os mansos receberão a terra como herança.
8. Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bom, respeitando sempre as palavras que você tiver ouvido.
9. Não se engrandeça a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os “grandes,” mas, converse com os justos e pobres.
10. Aceite como boas as coisas que lhe acontecem, sabendo que nada acontece sem o consentimento de Deus.
Capítulo IV
A pessoa inserida na comunidade
1. Meu filho, lembre-se dia e noite daquele que anuncia a palavra de Deus para você e honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois o Senhor está presente onde é anunciada a soberania do Senhor.
2. Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis, para encontrar apoio nas palavras deles.
3. Não provoque divisão. Pelo contrário, reconcilie aqueles que brigam entre si. Julgue de modo justo, corrigindo as culpas sem fazer diferença entre as pessoas.
4. Não fique hesitando sobre o que vai ou não acontecer.
5. Não seja como os que estendem a mão na hora de receber e a retiram na hora de dar.
6. Se você ganha alguma coisa com o trabalho de suas mãos, ofereça-o como reparação por seus pecados.
7. Não hesite em dar, nem dê reclamando, pois você sabe quem é o verdadeiro remunerador da sua recompensa.
8. Não rejeite o necessitado. Divida tudo com o seu irmão, e não diga que são coisas suas. Se vocês estão unidos nas coisas que não morrem, tanto mais nas coisas perecíveis.
9. Não se descuide de seu filho ou de sua filha; pelo contrário, instrua-os desde a infância no temor de Deus.
10. Não dê ordens com rudeza ao seu servo ou à sua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que você, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e outros. Com efeito, ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou.
11. Quanto a vocês, servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus.
12. Deteste toda hipocrisia e tudo o que não seja agradável ao Senhor.
13. Não viole os mandamentos do Senhor. Guarde o que você recebeu, sem nada acrescentar ou tirar.
14. Confesse as suas faltas na reunião dos fiéis, e não comece a sua oração com má consciência.
Este é o caminho da vida.
Capítulo V
O caminho da morte
1. O caminho da morte é este: Em primeiro lugar, é mau e cheio de maldições: homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, duplicidade de coração, fraude, orgulho, maldade, arrogância, avareza, conversa obscena, ciúme, insolência, altivez, ostentação e ausência de temor de Deus.
2. Por esse caminho andam os perseguidores dos bons, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os que ignoram a recompensa da justiça, os que não desejam o bem nem o julgamento justo, os que não ficam atentos para o bem, mas para o mal. Deles está longe a calma e a paciência; são amantes das coisas vãs, ávidos de recompensas, não se compadecem do pobre, não se importam com os atribulados, não reconhecem o seu Criador. São ainda assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam o necessitado, oprimem o aflito, defendem os ricos, são juízes injustos com os pobres e, por fim, são pecadores consumados.
Filhos, afastem-se de tudo isso.
Capítulo VI
Perfeição é servir ao Senhor
1. Fique atento para que ninguém o afaste deste caminho da instrução, pois aquele ensinaria a você coisas que não pertencem a Deus.
2. Se puder carregar todo o jugo do Senhor, você será perfeito. Se isso não for possível, faça o que puder.
3. Quanto à comida, observe o que você puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos, porque esse é um culto a deuses mortos.
Capítulo VII
CELEBRAÇÃO DA VIDA
O batismo
1. Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
2. Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente.
3. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
4. Antes do batismo, tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado, e se outros puderem também, observem o jejum. Aquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum de um ou dois dias.
Capítulo VIII
O jejum e a oração
1. Que os jejuns de vocês não coincidam com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Vocês, porém, jejuem no quarto dia e no dia da preparação.
2. Não rezem como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou no seu Evangelho. Rezem assim: “Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa dívida, assim como também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o poder e a glória para sempre.”
3. Rezem assim três vezes por dia.
Capítulo IX
A celebração eucarística
1. Celebrem a Eucaristia deste modo:
2. Digam primeiro sobre o cálice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.”
3. Depois digam sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
4. Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre.”
5. Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: “Não dêem as coisas santas aos cães.”
Capítulo X
Agradecimento depois da eucaristia
1. Depois de saciados, agradeçam deste modo:
2. Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
3. Tu, Senhor Todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do teu servo.
4. Antes de tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre.
5. Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.
6. Que a tua graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maran atá. Amém.”
7. Deixem os profetas agradecer à vontade.
Capítulo XI
VIDA COMUNITÁRIA
Verdadeiros e falsos pregadores
1. Se alguém vier até vocês ensinando tudo o que foi dito antes, deve ser acolhido.
2. Mas se aquele que ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem atenção. Contudo, se ele ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3. Quanto aos apóstolos e profetas, procedam conforme o princípio do Evangelho.
4. Todo apóstolo que vem até vocês seja recebido como o Senhor.
5. Ele não deverá ficar mais que um dia ou, se for necessário, mais outro. Se ficar por três dias, é um falso profeta.
6. Ao partir, o apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário até o lugar em que for parar. Se pedir dinheiro, é um falso profeta.
7. Não coloquem à prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
8. Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É assim que vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.
9. Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela. Caso contrário, trata-se de um falso profeta.
10. Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta.
11. Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas não ensina a fazer como ele faz, não será julgado por vocês. Ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.
12. Se alguém disser sob inspiração: “Dê-me dinheiro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Contudo, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
Capítulo XII
Hospitalidade com discernimento
1. Acolham todo aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examinem para conhecê-lo, pois vocês têm juízo para distinguir a esquerda da direita.
2. Se o hóspede estiver de passagem, deem-lhe ajuda no que puderem; entretanto, ele não permanecerá com vocês, a não ser por dois dias, ou três, se for necessário.
3. Se quiser estabelecer-se com vocês e tiver uma profissão, então trabalhe para se sustentar.
4. Se ele, porém, não tiver profissão, procedam conforme a prudência, para que um cristão não viva ociosamente entre vocês.
5. Se ele não quiser aceitar isso, é um comerciante de Cristo. Tenham cuidado com essa gente.
Capítulo XIII
Sustentação do profeta
1. Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se entre vocês é digno do seu alimento.
2. Da mesma forma, também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como todo operário.
3. Por isso, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês.
4. Se, porém, vocês não têm nenhum profeta, deem aos pobres.
5. Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6. Da mesma forma, ao abrir uma vasilha de vinho ou de óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
7. Tome uma parte do seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê conforme o preceito.
Capítulo XIV
A celebração dominical
1. Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro.
2. Aquele que está de briga com seu companheiro não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado.
3. Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o meu Nome é admirável entre as nações.”
Capítulo XV
A vivência comunitária
15. 1. Escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
2. Não os desprezem, porque entre vocês eles têm a mesma dignidade que os profetas e mestres.
3. Corrijam-se mutuamente, não com ódio, mas com paz, como vocês têm no Evangelho. E ninguém fale com nenhuma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute nenhuma palavra de vocês, até que se tenha arrependido.
4. Façam suas orações, esmolas e todas as ações da forma que vocês têm no Evangelho de nosso Senhor.
Capítulo XVI
PERSEVERAR ATÉ O FIM
1. Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins. Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar.
2. Reúnam-se com frequência para procurar o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viveram a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos.
3. De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio.
4. Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.
5. Então toda criatura humana passará pela prova de fogo, e muitos ficarão escandalizados e perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.
6. Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.
7. Ressurreição sim, mas não de todos, conforme foi dito: “O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele”.
8. Então o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.
Paz e Bem!
Fonte: http://www.rccpilar.org/biblioteca
Introdução
Didaqué significa «instrução» ou "doutrina». Trata-se de um escrito que data de fins do Séc. I de nossa era e, portanto, bem próximo dos escritos do Novo Testamento. O nome «Instrução dos Doze Apóstolos» lembra At 2,42 ("o ensinamento dos apóstolos"), mas é difícil que a obra tenha sido escrita por algum deles ou seja de um só autor. Os estudiosos hoje estão de acordo em dizer que ela é fruto da reunião de várias fontes escritas ou orais, que retratam a tradição viva das comunidades cristas do Séc. 1. Os lugares mais prováveis de sua origem são a Palestina ou a Síria.
A Didaqué é um manual de religião ou, melhor dizendo, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos. Esse documento nos permite conhecer as origens do cristianismo, e principalmente nos dá uma ideia de como eram a iniciação cristã, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades. O autor (ou autores) pertence ao meio judaico-cristão, e dirige seu ensinamento a comunidades formadas por convertidos vindos principalmente do paganismo.
O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como outros escritos criados do séc. 1 d.C. O tom e os temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e diversos trechos dos evangelhos. Dessa forma, esse catecismo das comunidades da Igreja Primitiva é testemunho vivo de como os primeiros cristãos se alimentavam da Palavra de Deus contida nas Escrituras, transformando e interpretando os textos bíblicos em vista de suas necessidades e situações.
A leitura da Didaqué faz logo sentir que as comunidades cristãs daquele tempo ainda não estavam completamente estruturadas. As comunidades não têm representante oficial fixo (padre ou vigário), os bispos e diáconos são mencionados de passagem, e não sabemos bem quais funções exerciam. Fala-se diversas vezes em «apóstolos, profetas e mestres", dando a impressão de que eram propriamente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades. Por outro lado, nota-se que a liturgia é também muito simples e se resume a celebrações feitas em clima doméstico. Os sacramentos mencionados pertencem à iniciação cristã - batismo, confissão, eucaristia - e parecem ser todos administrados pela comunidade, e não por um membro do clero, ainda inexistente.
Visível, contudo, do clima que a comunidade vive, dentro de uma sociedade estruturalmente pagã. A preocupação de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por aproveitadores oportunistas (até mesmo disfarçados de profetas), a esperança um pouco nervosa de uma escatologia próxima e o tema da perseverança heroica no caminho da fé são características das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo sua vocação e missão no mundo.
A Didaqué é um convite para as comunidades cristãs em formação descobrirem sua origem e jovialidade próprias. Ela nos faz lembrar que a fonte inspiradora do comportamento, da oração e das celebrações é a Bíblia. Sobretudo, mostra que o cristianismo não é devoção individualista, mas um caminho comunitário em que todos os setores da vida e do comportamento devem ser penetrados pela Palavra de Deus e pela oração. Na sua simplicidade e profundidade, estimula a viver a vida cotidiana à luz do Evangelho vivo, dentro de um discernimento que frutifica em atos novos, geradores de fraternidade e partilha. Escrita principalmente para os pagãos (nações), ela ainda salienta que o cristianismo não é uma redoma onde a comunidade se refugia, mas um fermento que se expande para transformar toda a sociedade
DIDAQUÉ - INSTRUÇÃO DOS DOZE APÓSTOLOS
Instrução do Senhor para as nações, por meio dos doze Apóstolos...
Capítulo I
OS DOIS CAMINHOS
1. Existem dois caminhos: um é o caminho da vida, e o outro, o da morte. A diferença entre os dois é grande.
Viver e amar
2. O caminho da vida é este: Em primeiro lugar, ame a Deus, que criou você. Em segundo lugar, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça a outro nada daquilo que você não quer que façam a você.
3. O ensinamento que deriva dessas palavras é o seguinte: Bendigam aqueles que os amaldiçoam e rezem por seus inimigos, e ainda jejuem por aqueles que os perseguem. Com efeito, se vocês amam aqueles que os amam, que graça vocês merecem? Os pagãos não fazem o mesmo? Quanto a vocês, amem aqueles que os odeiam, e vocês não terão nenhum inimigo.
A violência do Amor
4. Não se deixe levar pelos impulsos instintivos. Se alguém lhe dá uma bofetada na face direita, ofereça-lhe também a outra face, e você será perfeito. Se alguém o força a acompanhá-lo pelo espaço de um quilômetro, acompanhe-o por dois; se alguém tira o seu manto, entregue-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que pertence a você, não a peça de volta, pois você não poderá fazer isso.
O amor de partilha
5. Dê a quem pede a você e não peça para devolver, pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Feliz aquele que dá conforme o mandamento, porque será considerado inocente. Ai de quem recebe: se recebe por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebe sem ter necessidade, deverá prestar contas do motivo e da finalidade pelos quais recebeu. Será posto na prisão e interrogado sobre o que fez; e dai não sairá até que tenha devolvido o último centavo.
6. A esse respeito, também foi dito: Que a sua esmola fique suando nas mãos, até que você saiba para quem a está dando.
Capítulo II
Exigências do amor ao próximo
1. O segundo mandamento da instrução é este:
2. Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique magia, nem feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe, nem depois que ela tenha nascido.
3. Não cobice os bens do próximo, não jure falso, nem preste falso testemunho. Não seja maledicente, nem vingativo.
4. Não seja duplo no pensar e no falar, porque a duplicidade é armadilha mortal.
5. Que a sua palavra não seja falsa ou vazia, mas se comprove na prática.
6. Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo.
7. Não odeie a ninguém, mas corrija uns, reze por outros, e ainda ame os outros, mais do que a si mesmo.
Capítulo III
As raízes do mal e do bem
1. Meu filho, procure evitar tudo o que é mau e tudo o que se pareça com o mal.
2. Não seja colérico, porque a ira conduz para a morte. Também não seja ciumento, nem briguento ou violento, porque os homicídios nascem de todas essas coisas.
3. Meu filho, não seja cobiçoso de mulheres, porque a cobiça leva à fornicação. Evite falar obscenidades e olhar com malícia, pois os adultérios surgem de todas essas coisas.
4. Meu filho, não seja dado à adivinhação, pois a adivinhação leva à idolatria. Também não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre essas coisas, pois de todas essas coisas provém a idolatria.
5. Meu filho, não seja mentiroso, porque a mentira leva ao roubo. Não seja ávido de dinheiro, nem cobice a fama, porque os roubos nascem de todas essas coisas.
6. Meu filho, não seja murmurador, porque a murmuração leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa, pois as blasfêmias nascem de todas essas coisas.
7. Seja manso, porque os mansos receberão a terra como herança.
8. Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bom, respeitando sempre as palavras que você tiver ouvido.
9. Não se engrandeça a si mesmo, nem se entregue à insolência. Não se junte com os “grandes,” mas, converse com os justos e pobres.
10. Aceite como boas as coisas que lhe acontecem, sabendo que nada acontece sem o consentimento de Deus.
Capítulo IV
A pessoa inserida na comunidade
1. Meu filho, lembre-se dia e noite daquele que anuncia a palavra de Deus para você e honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois o Senhor está presente onde é anunciada a soberania do Senhor.
2. Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis, para encontrar apoio nas palavras deles.
3. Não provoque divisão. Pelo contrário, reconcilie aqueles que brigam entre si. Julgue de modo justo, corrigindo as culpas sem fazer diferença entre as pessoas.
4. Não fique hesitando sobre o que vai ou não acontecer.
5. Não seja como os que estendem a mão na hora de receber e a retiram na hora de dar.
6. Se você ganha alguma coisa com o trabalho de suas mãos, ofereça-o como reparação por seus pecados.
7. Não hesite em dar, nem dê reclamando, pois você sabe quem é o verdadeiro remunerador da sua recompensa.
8. Não rejeite o necessitado. Divida tudo com o seu irmão, e não diga que são coisas suas. Se vocês estão unidos nas coisas que não morrem, tanto mais nas coisas perecíveis.
9. Não se descuide de seu filho ou de sua filha; pelo contrário, instrua-os desde a infância no temor de Deus.
10. Não dê ordens com rudeza ao seu servo ou à sua serva, pois eles esperam no mesmo Deus que você, para que não percam o temor de Deus, que está acima de uns e outros. Com efeito, ele não virá chamar a pessoa pela aparência, mas aqueles que o Espírito preparou.
11. Quanto a vocês, servos, sejam submissos aos seus senhores, com respeito e reverência, como à imagem de Deus.
12. Deteste toda hipocrisia e tudo o que não seja agradável ao Senhor.
13. Não viole os mandamentos do Senhor. Guarde o que você recebeu, sem nada acrescentar ou tirar.
14. Confesse as suas faltas na reunião dos fiéis, e não comece a sua oração com má consciência.
Este é o caminho da vida.
Capítulo V
O caminho da morte
1. O caminho da morte é este: Em primeiro lugar, é mau e cheio de maldições: homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, duplicidade de coração, fraude, orgulho, maldade, arrogância, avareza, conversa obscena, ciúme, insolência, altivez, ostentação e ausência de temor de Deus.
2. Por esse caminho andam os perseguidores dos bons, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os que ignoram a recompensa da justiça, os que não desejam o bem nem o julgamento justo, os que não ficam atentos para o bem, mas para o mal. Deles está longe a calma e a paciência; são amantes das coisas vãs, ávidos de recompensas, não se compadecem do pobre, não se importam com os atribulados, não reconhecem o seu Criador. São ainda assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam o necessitado, oprimem o aflito, defendem os ricos, são juízes injustos com os pobres e, por fim, são pecadores consumados.
Filhos, afastem-se de tudo isso.
Capítulo VI
Perfeição é servir ao Senhor
1. Fique atento para que ninguém o afaste deste caminho da instrução, pois aquele ensinaria a você coisas que não pertencem a Deus.
2. Se puder carregar todo o jugo do Senhor, você será perfeito. Se isso não for possível, faça o que puder.
3. Quanto à comida, observe o que você puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos, porque esse é um culto a deuses mortos.
Capítulo VII
CELEBRAÇÃO DA VIDA
O batismo
1. Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
2. Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente.
3. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
4. Antes do batismo, tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado, e se outros puderem também, observem o jejum. Aquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum de um ou dois dias.
Capítulo VIII
O jejum e a oração
1. Que os jejuns de vocês não coincidam com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Vocês, porém, jejuem no quarto dia e no dia da preparação.
2. Não rezem como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou no seu Evangelho. Rezem assim: “Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia, perdoa a nossa dívida, assim como também nós perdoamos aos nossos devedores, e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o poder e a glória para sempre.”
3. Rezem assim três vezes por dia.
Capítulo IX
A celebração eucarística
1. Celebrem a Eucaristia deste modo:
2. Digam primeiro sobre o cálice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.”
3. Depois digam sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
4. Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre.”
5. Ninguém coma nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: “Não dêem as coisas santas aos cães.”
Capítulo X
Agradecimento depois da eucaristia
1. Depois de saciados, agradeçam deste modo:
2. Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo Nome, que fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre.
3. Tu, Senhor Todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do teu Nome, e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, porém, deste uma comida e uma bebida espirituais, e uma vida eterna por meio do teu servo.
4. Antes de tudo, nós te agradecemos porque és poderoso. A ti a glória para sempre.
5. Lembra-te, Senhor, da tua Igreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre.
6. Que a tua graça venha, e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi. Quem é fiel, venha; quem não é fiel, converta-se. Maran atá. Amém.”
7. Deixem os profetas agradecer à vontade.
Capítulo XI
VIDA COMUNITÁRIA
Verdadeiros e falsos pregadores
1. Se alguém vier até vocês ensinando tudo o que foi dito antes, deve ser acolhido.
2. Mas se aquele que ensina for perverso e expuser outra doutrina para destruir, não lhe dêem atenção. Contudo, se ele ensina para estabelecer a justiça e o conhecimento do Senhor, vocês devem acolhê-lo como se fosse o Senhor.
3. Quanto aos apóstolos e profetas, procedam conforme o princípio do Evangelho.
4. Todo apóstolo que vem até vocês seja recebido como o Senhor.
5. Ele não deverá ficar mais que um dia ou, se for necessário, mais outro. Se ficar por três dias, é um falso profeta.
6. Ao partir, o apóstolo não deve levar nada, a não ser o pão necessário até o lugar em que for parar. Se pedir dinheiro, é um falso profeta.
7. Não coloquem à prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
8. Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É assim que vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.
9. Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela. Caso contrário, trata-se de um falso profeta.
10. Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta.
11. Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas não ensina a fazer como ele faz, não será julgado por vocês. Ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.
12. Se alguém disser sob inspiração: “Dê-me dinheiro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Contudo, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.
Capítulo XII
Hospitalidade com discernimento
1. Acolham todo aquele que vier em nome do Senhor. Depois, examinem para conhecê-lo, pois vocês têm juízo para distinguir a esquerda da direita.
2. Se o hóspede estiver de passagem, deem-lhe ajuda no que puderem; entretanto, ele não permanecerá com vocês, a não ser por dois dias, ou três, se for necessário.
3. Se quiser estabelecer-se com vocês e tiver uma profissão, então trabalhe para se sustentar.
4. Se ele, porém, não tiver profissão, procedam conforme a prudência, para que um cristão não viva ociosamente entre vocês.
5. Se ele não quiser aceitar isso, é um comerciante de Cristo. Tenham cuidado com essa gente.
Capítulo XIII
Sustentação do profeta
1. Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer-se entre vocês é digno do seu alimento.
2. Da mesma forma, também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como todo operário.
3. Por isso, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê para os profetas, pois eles são os sumos sacerdotes de vocês.
4. Se, porém, vocês não têm nenhum profeta, deem aos pobres.
5. Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito.
6. Da mesma forma, ao abrir uma vasilha de vinho ou de óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas.
7. Tome uma parte do seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê conforme o preceito.
Capítulo XIV
A celebração dominical
1. Reúnam-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro.
2. Aquele que está de briga com seu companheiro não poderá juntar-se a vocês antes de se ter reconciliado, para que o sacrifício que vocês oferecem não seja profanado.
3. Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: “Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro, porque eu sou um grande rei, diz o Senhor, e o meu Nome é admirável entre as nações.”
Capítulo XV
A vivência comunitária
15. 1. Escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
2. Não os desprezem, porque entre vocês eles têm a mesma dignidade que os profetas e mestres.
3. Corrijam-se mutuamente, não com ódio, mas com paz, como vocês têm no Evangelho. E ninguém fale com nenhuma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute nenhuma palavra de vocês, até que se tenha arrependido.
4. Façam suas orações, esmolas e todas as ações da forma que vocês têm no Evangelho de nosso Senhor.
Capítulo XVI
PERSEVERAR ATÉ O FIM
1. Vigiem sobre a vida de vocês. Não deixem que suas lâmpadas se apaguem, nem soltem o cinto dos rins. Fiquem preparados, porque vocês não sabem a que hora o Senhor nosso vai chegar.
2. Reúnam-se com frequência para procurar o que convém a vocês. Porque de nada lhes servirá todo o tempo que vocês viveram a fé, se no último momento vocês não estiverem perfeitos.
3. De fato, nos últimos dias, os falsos profetas e os corruptores se multiplicarão, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se transformará em ódio.
4. Crescendo a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então aparecerá o sedutor do mundo, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo.
5. Então toda criatura humana passará pela prova de fogo, e muitos ficarão escandalizados e perecerão. Contudo, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam.
6. Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta e, em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.
7. Ressurreição sim, mas não de todos, conforme foi dito: “O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele”.
8. Então o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.
Paz e Bem!
Fonte: http://www.rccpilar.org/biblioteca