AGNÓSTICO
Autor: Luiz Bento – Nov.87
Da série: “Mostradanus”
Da minha coleção de Poemas
Quando ainda eu não havia evoluido para a condição de ateu convicto.
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Elevo meus Pensamentos
E meus olhos ao infinito
Projeto no espaço misterioso
Meu grito duvidoso,
Ou meu silencio ansioso,
Minha insolente ignorância,
Dominada pela ânsia
De proteger meus sentimentos
Ou justificar meus argumentos
Vejo perplexo, alguns dos espetáculos
Mais sublimes da natureza:
As chuvas que anunciam a primavera
Levando a sujeira da atmosfera
Do nosso pobre planeta terra
O relinchar de um potro desinquieto !
O gemido das lobas !
O residente conformado, de uma biboca
Sorrindo, comendo pipoca
Brincando de amigo secreto
O Grito estridente de uma Maritaca
O por do Sol, uma queda d’água
O Sorriso de uma criança
A morte como honrosa despedida
De uma vida dolorida ou colorida
Os olhos alcançando o horizonte,
A inteligência superando obstáculos
Subjugando a força bruta
A água que brota da fonte
O boiadeiro ofegante
Soprando seu elegante “berrante”
E nessa seqüência interminável
Estabeleço os limites da compreensão
Sou agnóstico convicto !
Recuso-me a especular o desconhecido.
Vejo ao alto, um espelho azul,
Um manto imenso e bonito,
Salpicado de estrelas reluzentes,
De raios dourados de um sol abrasador,
De um luar prateado,
De uma beleza mística singular !
Permito então, que a minha imagem
Se reflita nesse grande espelho,
E vejo com nitidez,
A pureza das minhas intenções
E posso assim,
Como insignificante ser humano,
Saborear a minha consciência tranqüila,
De homem honesto,
Cumpridor de seus desígnios e deveres,
Antagônico aos fabricantes de ilusões,
Que vendem a vida depois da morte
Que venderiam a própria alma
Que dizem existir.
Assisto estupefato,
O espetáculo na terra dos dragões,
Dos Deuses eletrônicos das grandes fortunas
Dos falsos baús da felicidade, ou bingos
Acelerando o acumulo de riqueza.
Sufocando os delirios da pobreza
Vejo os falsos profetas
Dos “descarregos” das tristezas
De extrema frieza
Defendidos pelos gigantes guerreiros mercenários,
Que fazem das telas de TV, seus santuários,
São eles:
Os políticos covardes,
Que são também os administradores e empresários
Muitos deles, corruptos e falsários
Intocáveis corruptores
Notáveis apresentadores
Vejo poucos vencedores e muitos vencidos,
Vejo oradores inflamados e cordeiros obedientes,
Procuro a Dignidade humana
Procuro o livro que ainda não foi escrito
Procuro por tudo aquilo que ainda não foi dito