A PAZ DE ZEUS

1 Deus seja levado - ¹Não, não creio em Deus. Também não creio na existência de Satanás. ²Não creio em vida após a morte, acho pouco provável. Pouco provável, não: impossível. ³Não acredito em destino, essa tessitura de desilusões. E não creia em mim. Creio no bem e no mal, mas jamais na personificação deste como um ser diabólico, com calda e chifres, muito menos naquele como algo sem forma definida: oni. Faz-me rir uma igreja que excomunga e depois santifica. Faz-me rir a crença na reencarnação. Faz-me rir a abstenção de carne suína. E faz-me rir a divinização de Yeshua: Eli, Eli, lamá sabactâni? Dizem “Nossa Senhora!” como quem diz “puta que pariu!”: meras interjeições. Mas não creia em mim. Oh, profetas alcoolizados, filhos de sacros bacanais, dizei-me, santos patifes: ?. Não creio na ressurreição dos mortos, velha anedota parousiana. E não creia em mim. Torçam seus narizes, fiéis hipócritas, e vão para o inferno com seu deus. Resmunguem suas orações do alto do poleiro das almas e durmam sem paz, até o dia do juízo, afinal. Mas não se aborreça com essas questões: deixe isso para os pensadores. E não creia em mim. Se Deus existe, foi ele quem escreveu isto, porque eu sou meu deus.

Antônio Carlos Policer
Enviado por Antônio Carlos Policer em 12/02/2012
Código do texto: T3495023
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