LIÇÕES TEO-ILÓGICAS

Lições Teo-ilógicas 1

Gênesis sui generis in nonsense

Livro Único

Deus faz a luz e depois disso separa a luz das trevas. O que quer dizer que as trevas um dia puderam existir ao mesmo tempo em que a luz. Tudo está muito bem, se entendermos que nos tempos da criação de Deus tudo pudesse ser diferente do que é hoje em dia, ou mesmo em tempos passados, pudesse ser diferentes da própria palavra de homens de fé como, padres, pastores, apóstolos e mesmo Jesus, pois que estes advertem que é impossível coexistirem trevas e luz. Esta criação da luz se dá lá bem no início, ali pelo versículo 3 do primeiro capítulo do gênesis. Somente no versículo 14 do primeiro capítulo Deus faz os “luzeiros” Sol e Lua, o que faz entendermos que a luz antes criada não era proveniente do sol, pois que este ainda não existia até o versículo 14. A menos que estejamos lendo uma narrativa que não está em ordem cronológica, mas tal como em alguns romances e filmes em ‘flashback’, relatam algo como acontecido no início e que na realidade somente irá ocorrer posteriormente, ou vice-versa, devemos pensar que o escritor do gênesis se contradiz, o que não é nenhuma novidade, pois alguns filósofos, muito melhores que este desocupado filósofo de botequim, que neste Blog escreve, já escreveram sobre as inúmeras contradições dos textos bíblicos. Para não ficarmos estendendo, remeto o leitor ao dicionário filosófico de Voltaire (que, diga-se de passagem, não era ateu, mas sim anti-clerical). Assim também já se escreveu muito sobre inúmeras peculiaridades do texto que contribuem fortemente para colocar em dúvida a autoria do Pentateuco como sendo do personagem (real ou fictício, também não se pode ter certeza) Moisés. Mas voltando à questão da luz criada, o sol e a lua teriam sido feitos para separar a luz das trevas fenômeno que já tinha se dado no versículo 4. É o caso aqui de aplicar o raciocínio não cronológico para estes eventos, pois se não for assim isso é um contradito. Saber por que o autor escolhe a baleia para nomear dentre a imensa variedade de animais marinhos que existem poderia ser explicado, talvez, pelo tamanho da mesma e, consequentemente, o efeito de estilo grandioso e fantástico que disso possa resultar. A questão do castigo da serpente é intrigante. É nos informado que a mesma, por ter tentado Eva, e instigado-a a comer do fruto da ciência do bem e do mal, sofre uma retaliação e é condenada a rastejar por todo o sempre. O que faz com que possamos afirmar com segurança que antes ela não rastejava e tinha pernas a menos que flutuasse. Porém nesta forma de raciocínio (logicamente raciocínio humano, de quem herdou de Adão a mania de pensar, que este adquiriu pela ingestão de uma fruta), percebe-se que Deus já havia criado animais que rastejavam, uma vez que no versículo 26 Deus submete ao homem todos os outros seres vivos (a meu ver uma das maiores vilanias de Javé [que não são poucas] já perpetrada, pois qualquer outro animal cuidaria melhor deste planeta do que nós). Mas ele submete-os ao homem, inclusive os “répteis que rastejam sobre a terra”. Então fica uma pergunta que não quer calar. Se o fato de viver rastejando é um castigo, e Deus sabia disso de antemão, pois têm ciência de todas as coisas, por que estes animais que não cometeram nenhum delito já nasceram condenados a este infortúnio? Agora, se rastejar é uma forma de locomoção e de vida natural de alguns animais, e os que vivem nestas condições não se incomodam com o pó que ‘comem’ todos os dias, por que cargas d’água não escolher outra forma de castigo mais severo, como por exemplo, a própria aniquilação das serpentes do planeta. Bem talvez este alvitre possa não ter sido usado porque Deus na sua sabedoria infinita já sabia que pelas leis da seleção natural, que viria à luz muito depois, a falta destes animais seguramente acarretaria um desequilíbrio ecológico considerável, como, por exemplo, um aumento excessivo dos ratos o que poderia adiantar em alguns séculos a peste negra, e Ele poderia estar querendo proteger Noé e os outros tripulantes da arca de uma possível epidemia sei lá, eu não sou Deus, vai saber? Mas acho que ele tinha capacidade de pensar em outro castigo que não fosse algo tão comum, e que a rigor nem funcionou para todas as serpentes, pois se toda não tem pernas, algumas só vivem na água e por isso não têm como comer pó. Isso só seria possível se neste caso voltasse a valer o fato inusitado da luz coabitar com as trevas, pois do contrário não acho que exista pó e água, seja salgada ou doce, convivendo juntos. Talvez sim em níveis microscópicos (estou especulando, pois não sou especialista), mas acho que isso não seria suficiente para apresentar incomodo para estas serpentes ao ponto de ser considerado uma dura punição. Quanto mais avanço nas minhas releituras do livro do gênesis, me parece que as coisas não se dão em ordem, e se não se dão em ordem, podem ser passíveis de interpretação desordenada. Para Deus, segundo rezam as escrituras um dia é como mil anos e mil anos como um dia, mas isso só deve ser válido para alguns tipos de interpretação, pois em alguns casos os dias têm exatamente o tempo que tem um dia, como quando da destruição de Sodoma e Gomorra, que desde o aviso dos anjos até o enxofre ser despejado dos céus parece que transcorrem apenas alguns dias normais, ou mesmo quando no Novo Testamento se referem á ressurreição de Jesus, e contam três dias normais. Apesar de que parece que esta conta está meio errada, mas este ponto exigiria uma grande digressão e terá que ficar para outra hora (quem sabe daqui a mil anos, anos do ‘Senhor’ é claro). Outras coisas reforçam a teoria de que a narrativa bíblica não é cronológica como no versículo 5 do capítulo 2, em que é dito que nenhuma erva ainda havia brotado, mas no versículo 12 do primeiro capítulo o texto afiança que “a terra produziu relva, ervas que produzem sementes”. Quando Deus tem a idéia de dar uma companheira ao homem não é estranho que antes de pensar na mulher exista a sugestão de que ao nomear todos os animais do paraíso (tarefa extremamente exaustiva e demorada, temos que reconhecer, mesmo que a cada animal apresentado o nome já estivesse na ponta da língua de Adão), que ele, Adão tenha procurado entre estes animais que nomeava alguma fêmea que lhe servisse para esposa? Ou Adão era muito idiota e ao ser solicitado que nomeasse os animais ele tivesse achado que deveria tentar aproveitar para encontrar a sua companheira entre eles, ou a idéia de zoofilia era algo considerado natural, como vemos que era a de poligamia e mesmo incesto, quando Lot ‘traça’ as suas duas filhas adolescentes (Lembremos que Lot, era o único varão justo que foi poupado da destruição de Sodoma e Gomorra. Que ele tinha o Varão ‘ajustado’, mesmo, supostamente bêbado, não se pode negar, já se era justo, no sentido de íntegro, não estou muito certo depois que ele me come as próprias filhas!) Mas voltando ao Adão, temos de dar um voto de confiança e tolerar a sua estupidez em querer achar companheira entre os animais de outra espécie que não a sua, pois afinal ele não havia ainda ingerido a fruta do conhecimento e então era um bobalhão e um pau-mandado de Javé. Lógico que existe explicação pra tudo isso e que muitos teólogos atribuiriam estes fatos até aqui demonstrados, bem como a confecção da mulher não de barro, mas de uma costela de Adão, às clássicas ‘tipificações’ e significados ocultos ou revelados, que tem, para os crentes, relações com outros adventos ocorridos posteriormente no velho e no novo testamento. Certamente este artifício ‘mágico’ resolve qualquer questão que possa parecer ilógica. Mas se alguém não crê nisso, pode se permitir, no mínimo, alguma estranheza. Ou seja, ninguém poderia ser condenado por encontrar contradições no texto bíblico e por isso os achar um amontoado de absurdos. Caminhemos um pouco mais. Caim se arrepende, mas o Deus misericordioso não o perdoa. Caim diz (gen.4.13) “minha culpa é grave e me atormenta”. Apesar de Javé advertir que quem matar Caim será castigado sete vezes, isso não é um perdão pelo arrependimento de Caim. Era de se esperar que ele fosse perdoado pelo Deus misericordioso, que, em última análise, foi responsável por ele matar o irmão uma vez que não aceitou sua oferta e aceitou a de Abel (ah... lógico que temos as tipificações: Abel escolheu sacrificar o cordeiro [Cristo], enquanto Caim quis servir a Deus com seu próprio esforço [os produtos que tinha plantado]). É uma pena também ficarmos sabendo que alguns músicos são descendentes de Caim, o primeiro assassino oficialmente registrado: “todos os tocadores de lira e flauta”. Sorte dos violinistas e guitarristas de Heavy Metal, que devem descender de algum outro personagem não revelado. Querem alguns religiosos mais rígidos que os últimos são crias do próprio Satã (que ainda não entrou na história) e os primeiros, quando tão virtuosos como Paganini, também. Bom, no inicio do capítulo 6 do livro de Gênesis, está escrito: “quando os homens se multiplicaram sobre a terra e geraram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas, e escolheram como esposas todas aquelas que lhes agradavam.” Realmente há uma problemática nesta parte. Primeiro ela remete a uma pergunta que para os crentes é absurda e digna de chacota, mas que é para quem raciocina sobre o tema uma pergunta perfeitamente razoável: com que mulheres Caim e posteriormente Set se casaram já que não se noticiou a criação de outras pessoas de famílias diferentes? (E nem da mesma família. Se elas existiam e não foram mencionadas é natural pensar que o texto não é completo e se não é completo pode não mencionar muitas outras coisas, o que da margem para uma interpretação bem mais elástica de todas as vontades do Senhor). E como existiam estas mulheres que deram à luz todos os descendentes anteriores à afirmativa: “quando os homens se multiplicaram sobre a terra e geraram filhas...”. Uma vez que a afirmativa nos faz pensar de maneira lógica que anteriormente a ela não haviam sido geradas filhas (mulheres). Outra questão intrigante é a diferenciação que se faz entre filhos de Deus e filhos dos homens. Pois ao dizer que os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram belas, então estes filhos dos homens não eram filhos de Deus? Deus não é pai de todos os seres humanos da criação? Logo abaixo (6.4) é reafirmado “quando os filhos de Deus se uniram às filhas dos homens e geraram filhos, ‘os gigantes habitavam a terra’, surge uma tentadora possibilidade de analogia com a mitologia grega. Estes gigantes seriam os Titãs aprisionados por Zeus? Querem algumas interpretações de criacionistas da ‘terra jovem’ que estes são os dinossauros e asseguram que estes répteis coexistiram com o homem (sem comentários). Ainda mais força tem a possibilidade de analogia com a mitologia grega se pensarmos no complemento logo abaixo que diz que ‘estes foram os heróis famosos dos tempos antigos’. Que heróis? Os heróis que eram, segundo a mitologia grega, filhos de deuses com mortais? [A bíblia que utilizo para estas releituras é uma edição pastoral (ed. Paulus). Um livro chamado por alguns de “bíblia católica’ por conter alguns livros a mais do que a bíblia ‘evangélica’]. Aqui este assunto levaria a mais uma grande digressão para demonstrar que, na realidade, a tão querida bíblia pós reforma protestante não tem nenhuma vantagem, uma vez que só tem livros a menos e, quer queiram ou não, eles foram todos, os aceitos e os não aceitos pelo protestantismo, arbitrariamente escolhidos, em detrimento de inúmeros outros, pelos chamados ‘pais da Igreja’ nos concílios (os padres corruptos do catolicismo), baseando-se em critérios que eles julgavam condizentes tanto com a sua ideologia de fé (a fé que interessava a eles que todos tivessem) quanto com as condições políticas. Mas como não vamos progredir nesta análise, continuemos resumidamente a falar sobre as ‘anomalias’ do início do texto ‘sagrado’, o gênesis. Uma das coisas que me faz crer na fidedignidade da tradução que utilizo para estes comentários é que quando o texto converte os côvados da Arca de Noé em metros, não deve errar. Pelo menos não de maneira tendenciosa, pois se quisesse fazer isso registraria medidas muito mais robustas, pois as que ele registra parecem humanamente, ou melhor, “animalmente” falando, impossível de caber toda a bicharada da terra, pois que são uns míseros ‘cento e cinqüenta metros de comprimento’, ‘vinte e cinco metros de largura’ e ‘quinze metros de altura’. Se a argumentação for que apenas foram embarcados os animais da região em que Noé vivia (o que parece lógico, já que ele não deve ter ido, por exemplo, até a Groelândia para buscar um casal de cada espécime nativa daquelas paragens). Mas supondo que ele fosse? Iria na Arca, ou em outra embarcação? Mas se ele somente embarcou os animais que existiam ali pelo oriente médio, então não tem como negar que houve evolução das espécies, pois como explicar que tenhamos hoje em dia capivara, onça-pintada, ararinha azul? É obvio que muitas espécies de animais que hoje existem nos habitat mais diversos não teriam sobrevivido nas condições climáticas do oriente médio, pelo menos não sem uma intervençãozinha divina. Para não nos alargarmos nestas questões não entraremos em detalhes sobre a vegetação, bem como sobre as espécies aquáticas de água doce que é certo que não poderiam ter sobrevivido à mistura das águas doce e salgada, salvo é claro outro empurrãozinho do sempre bom, atento e camarada, Javé. Queria também entender uma outra coisinha. O que é ‘sopro de vida’? Pois o texto diz que Noé entrou na Arca com um casal de cada criatura que tinha sopro de vida. Se ‘sopro de vida’ é qualquer organismo vivo, e não somente os que respiram por pulmões, então podemos incluir bactérias e outros microorganismos. Quem sabe o vírus da Aids já não estava presente em algum macaco lá dentro da arca? E porque diabos criar um animal tão parecido com o homem como o macaco? Só pra confundir? Até lembro da música do Chico Buarque: “Deus é um cara gozador, adora brincadeira...” Mas em gen 7.22 diz que “morreu então tudo o que tinha sopro de vida nas narinas”, isto é, “tudo o que estava em terra firme.” Ora, primeiro, se estava em terra firme, não podia ter afogado, mas por outro lado, como alguma coisa poderia estar em terra firme se estava acontecendo um dilúvio? No capítulo 9.13 é afirmada a aliança de não mais o mundo ser destruído pela água. Isso é obvio! O mundo pode acabar é pela falta de água! Aliás, bons tempos eram aqueles que podíamos nos dar ao luxo de sermos destruídos pelo excesso de água! Deus diz então que colocaria o seu arco nas nuvens. Devemos concluir que antes do dilúvio não chovia, pois se chovesse e depois o sol aparecesse, é inevitável que apareça o arco-íris que é um fenômeno causado pela dispersão da luz do sol que sofre refração pelas gotas de chuva. Qualquer um que tenha uma mangueira que espirre água e um pouco de luz do sol, pode produzir um míni arco-íris no seu jardim e brincar de Deusinho. Para terminar não poderíamos deixar de notar que ele, Noé, e sua família foram salvos da destruição pelas águas, por serem bons e não terem o mau comportamento dos outros, os quais foram deixados pra morrer. Aqueles que não mereceram a salvação deviam ser no mínimo maliciosos, devassos (sorte de Lot, que ainda não tinha nascido), e com certeza uns beberrões inveterados. Pois bem, as águas abaixam, a arca estaciona no monte Ararat, Noé sai com sua família, solta a bicharada, então o que ele faz? Planta uma vinha, faz vinho enche a cara e fica nu na sua tenda, provavelmente dançando algum ‘Hit Parade’ gospel da época. Aí sem querer um de seus filhos o vê peladão. Então o velho amaldiçoa este filho e o condena a virar escravo dos outros seus irmãos somente porque ele acidentalmente o viu pelado. Pode?

Lições Teo-ilógicas 2

Texto a ser inserido entre os versículos 25 e 26 do primeiro capítulo do gênesis para justificar, entre outros, os fósseis de peixes com patas encontrados em 2006 e 2008.

25.1-E na madrugada de terça para quarta-feira Deus criou os peixes com patas.

25.2-E viu Deus que os bichos eram esquisitos pra chuchu.

25.3-Deus então escondeu os peixes com patas de Adão e de sua companheira Eva que ele lhe havia dado por esposa, e de toda a descendência deles para que estes não ficassem escandalizados.

25.4-Colocou, pois, Deus os peixes com patas embaixo de toneladas de pedras de centenas de côvados de altura para que ali permanecessem ocultos pelos séculos dos séculos.

25.5-E vendo Deus que isso era divertido passou a esconder todos os animais estranhos ao homem debaixo de rochas.

25.6-De várias sortes e tamanhos os escondeu.

25.7-Animais semelhantes a aves e répteis os escondeu e animais com crânio semelhante ao de grandes macacos e do homem, mas que não era igual a nenhum e nem outro, os escondeu.

25.8-E assim o fez porque Ele é o Eu Sou.

25.9-E ordenou Deus que houvesse mais uma tarde e manhã de mais um dia do paraíso.

Lições Teo-ilogicas 3

Os filmes podem pintar uma imagem de predador "vilão" do Tiranossauro Rex. Mas uma coisa nunca vou aceitar. Dizerem que ele era um praticante da masturbação. Isso é uma calúnia!

Porque? Ora, é fisicamente impossível. Olhem as patinhas curtas do bicho! Se ainda fosse um jumento. Mas na falta de evidência dos dotes de espécies extintas a milhões de anos, não arredo um pé de minhas convicções, o Tiranossauro Rex não era punheteiro! E tem algo mais que precisa ser esclarecido. Antes de Cristo vários homens que eram corretos não poderiam ser condenadas à danação eterna. A Igreja Católica, sabiamente, inventou um tal de 'Limbo' para meter estas pessoas, já que não poderiam ir para o inferno. Mas chegou o Ratzinger e resolveu fechar as portas do 'Limbo' da mesma maneira mágica que seus sucessores as haviam aberto. Aí que entra os Tiranossauros Rex. Eles são anteriores ao dilúvio, logo se não se masturbavam, eram puros, sem pecado, e como não foram salvos na arca deviam estar no 'Limbo', é claro, local agora desmantelado. Sendo assim é lógico concluir que estes animais foram para Céu, juntamente com todas as outras criaturas, e como os grandes filósofos gregos e mesmo os profetas do judaísmo, que no 'limbo' estavam. E foram para o Céu, é obvio, por direito canônico retroativo, uma vez que não podiam, por simples fechamento de uma repartição, serem enviados ao inferno. Tenho dito.

Lições Teo-Ilogicas 4

O Que Pensavas Deus Neste Momento?

Pensas no poder que um ser que é Deus pode ter, e que de fato tem segundo querem os crédulos e segundo para eles rezam os pergaminhos. Deveras é um grande poder, um poder ilimitado que pode todas as coisas e que comanda as leis naturais de todo o universo, ainda que, se não quiser, não necessite de pensar neste comando todo o tempo, mas somente deixa-o agir desde a harmonia das órbitas em todas as galáxias até o minúsculo ovo chocado pela lagartixa. Agora de acordo com este pensamento, ousa por um minuto imaginar-te tu mesmo um deus ou O Deus, o Eu Sou. Imaginas que estás a arquitetar o corpo fisiológico da sua criatura que está destinada por ti a ser a primeira dentre todas as demais, pois que até os anjos ambicionam ser como estas. E neste momento sublime de criação, no qual podes escolher fazer o homem da forma que quiser, pois tu és onipotente, tens a facilidade mágica que desejar para que qualquer função deste corpo humano seja da forma que determinares e responde com a maior sinceridade que puder, a qual, eu espero, seja uma total sinceridade: o que farias tu com o destino de partes descartáveis dos alimentos que serão ingeridos pelo homem para a alimentação? Faria com que estas sobras se transformassem simplesmente em algum resíduo inócuo que fosse se mesclar com o sangue, ou com os tecidos ou ossos, faria talvez com que se mudasse em um leve ar que seria expelido através de, por um exemplo, um bocejo, ou escolherias fazê-los transformar em merda e obrigar os seres humanos ao infame ato de cagar? Que desculpássemos em sua criatura este fato em um homem grosseiro e rude, mas como aceitar esta prática, e sabê-la existente também para Gisele Bündchen, Charlize Theron, Cameron Dias, Penélope Cruz? Mas ao fim das contas, para qualquer criatura, não seria melhor que outro método tivesse sido escolhido? Confesso que se fora eu Deus assim agiria sem nenhuma sombra de dúvidas.

Noções Elementares de (Teo)-Ilogi[co]smo - 1

A perfeição admite acréscimo ou subtração? Ela necessita de qualquer coisa para complementá-la ou de qualquer retoque? Uma escultura perfeita pode sofrer algum aumento de ornamentação ou alguma forma de redução sem alterar a sua perfeição? O homem caso atinja a perfeição por qualquer meio poderá ter depois disso qualquer tipo de descontentamento ou faltar para ele qualquer coisa? Poderá ficar triste ou ter depressão? Se a resposta para estas questões acima é ‘não’, devemos entender que a perfeição se basta a si mesma, e que se supre e se auto-satisfaz. Algo perfeito jamais poderia ter qualquer tipo de necessidade. Estando acordados nestes pontos proponho as seguintes perguntas: Deus é perfeito? Ele já o era antes da fundação do universo e da criação da terra e de todos os seres, inclusive o homem? Se a resposta para estas perguntas é‘sim’, proponho mais algumas questões: porque, então, Ele precisou criar todas as coisas, e particularmente o homem? Sobretudo se não precisava fazê-lo, já que concordamos que a perfeição não admite necessidades. Se não necessitava disso e se é onisciente e como tal tem conhecimento prévio de todos os males que seriam impingidos às suas criaturas, porque ele as fez? Já que concordamos que um ser (ou objeto) perfeito não pode necessitar de nada, somente podemos concluir que se Deus fez o homem e todas as outras criaturas, o fez por capricho e maldade, uma vez que já sabia de todos os sofrimentos que seriam impostos a elas e de tantos, que não satisfeitos com os ensinamentos ortodoxos e por isso jamais os aceitariam, não teriam esperança de redenção, estariam ou estão irremediavelmente perdidos, condenados a mais sofrimento e castigos, após os já vividos na terra, tudo isso por terem vivido uma vida que não pediram e que não era necessária. A salvação concedida por Deus, ainda que justificasse todo o sofrimento anterior ao Paraíso prometido, para muitos é vã, e somente pode ser idealizada por uma mente maléfica. Ah!...não era para ser assim?Quando depois de criados, homem e mulher é que foram os responsáveis pela sua própria perdição? Porém, Deus já não sabia que isso iria acontecer e mesmo sendo perfeito e não necessitando de nada fora de si que o complementasse (pois do contrário teríamos de admitir que Ele não é perfeito), ainda assim decide criar o universo, a terra em particular, e sobre ela todos os seres? Por que o fez? Se não por necessidade, somente resta (depois das conclusões sobre a perfeição) admitir que, se ele o fez, foi por pura crueldade e por simples diversão. Sob estas condições acho mais justo para com Deus não crer Nele, sabê-lo inexistente.

Kastrirvm
Enviado por Kastrirvm em 09/02/2012
Reeditado em 28/02/2012
Código do texto: T3489041