O MOVIMENTO DOS SEM IGREJA
Existe um Movimento crescente e crescido, que é o Movimento dos Sem Igreja. Já está virando uma facção enorme, um exército de gente que ama a Deus, mas não o está servindo nesse minuto em lugar algum, mas queria. Porquê? Eu estou fazendo parte desse movimento e analisando o que ocorre comigo, talvez possamos entender alguma coisa.
Esse Movimento dos Sem Igreja, a principio não é voluntário, como algumas pessoas podem acusatoriamente apontar o bendito dedinho. Nunca imaginei ficar sem Igreja. Nunca passou pela minha, mente não ter um lugar para congregar.
Mas fiquei e eu consigo claramente entender o porque isso ocorreu. A decepção com a Igreja atual, mormente pelas Igrejas onde passei, nas minhas experiências, me mostram uma situação que parece permanente, a crise na Igreja atual. Eu estou decepcionado pelas Igrejas em que passei. Eu estou decepcionado com pastores, com obreiros, com irmãos e irmãs. Estou profundamente desagradado do modo e do rumo que a Igreja tem caminhado. As minhas maiores projeções a respeito da Igreja, segundo aprendi, lendo as Escrituras, no contato gritante com a Igreja contemporânea me desnortearam. A Igreja está longe de ser Igreja. Estou decepcionado. Não sei onde servir a Deus. E o meu problema não é com Deus, o problema reside em não saber mais onde servi-lo. Estou me torcendo para ir a algum lugar, mudando até conceitos, mas está difícil. Cada lugar tem um costume e me parece uma doutrina. Eu imaginava que o Evangelho era o mesmo em todo lugar, mas não parece ser.
Alguns irmãos falam o que já está virando moda, para explicar situações absurdas e absurdas Igrejas: “O homem é falho” ou “Não devemos olhar para o homem”. Paulo teve a coragem de dizer: “Olhem para mim”. A Igreja atual não tem coragem de dizer a mesma coisa, mas olhamos, mesmo que involuntariamente para a Igreja e ficamos abismados com o que vemos.
Em algumas Igrejas grandes a quantidade de gente que entra pelas portas da frente, rebate com a mesma quantidade de gente que está saindo pelas portas traseiras. Enquanto muitos estão entrando, ou tentando, muitos estão saindo; alguns, para não voltarem jamais. A Igreja não está conseguindo segurar os irmãos dentro de suas portas e algumas nem estão se esforçando também. Existe hoje em dia um êxodo e uma exclusão nas Igrejas. Êxodo porque as pessoas estão em movimento, muitos não tem uma Igreja fixa faz tempo. Alguns, temo dizer, nunca tiveram. E fica muito fácil e está sendo facilitado por alguns irmãos a saída para outros lugares. Esta exclusão anônima ocorre hoje em dia em profusão. Eu já ouvi gente de púlpito dizendo que se alguém não está feliz que vá para outra Igreja. Isso é uma exclusão. Nos livramos do problema mandando o irmão embora. E ele que vá. Ele que se vire. Ela que se vire. Ovelhas estão sendo expulsas aos borbotões das Igrejas e estão saindo, forçadas, enquanto o Senhor está vendo as suas lágrimas e medindo quem a está expulsando. Deus parece dizer: É o meu filho que você está expulsando; é a minha filha que você está expulsando. Deixa, na volta, eu te pego. Primeiro eu vou cuidar da minha ovelhinha ferida, que você feriu, depois eu volto, para conversarmos um papo sério.
A crise da Igreja contemporânea tem muita coisa envolvida. Maus obreiros, má pregação, mau testemunho, escândalos... Até parece que a Igreja verdadeira é isso ai. Esse negócio não é a Igreja de Jesus, apesar de levar o nome de Igreja. Mas como quem é espiritual sabe discernir bem todas as coisas, sabemos que esse negócio pode ser qualquer coisa, menos a Igreja professada no Novo Testamento.
Mas a nossa conversa é sobretudo sobre os irmãos que estão sem Igreja e a maioria não se entende, ou não consegue compreender, e nessa incompreensão pessoal imaginam-se sem amar mais a Deus, acusados de estarem desviados, o que não é verdade, e o Diabo está aproveitando esse deserto, para agravar a pena de muitos de nós.
Gente, vocês não estão sós. Tem gente orando por vocês, por nós.
Uma das coisas que o Diabo faz é nos acusar, principalmente usando os que estão dentro da Igreja e não estão nos compreendendo. Os que se dizem sem Igreja, não estão dizendo que não querem mais a Deus, mas que estão sem Igreja, não misture uma coisa com a outra. Eu não tenho problemas absolutamente nenhum com Deus e não, não estou sem Igreja porque estou em pecado, não é verdade isso e não acredito que o seja na maioria dos irmãos que estão nesse êxodo.
Se ao indagado, onde vou visitar, quem sabe, se conseguirem me convencer, e olhe que não está precisando de muito não, de onde sou, e digo que estou sem Igreja, então se houver apenas uma pessoa sábia no culto – um só é suficiente -, então ele (ela) conseguirá me puxar, ou me convencer a servir ao Senhor ali. Entramos, nós os Sem Igreja, ressabiados em algum lugar novo. Entramos desconfiados, sem abrir muito o jogo, sem nos darmos completamente, pois já fizemos isso e fomos decepcionados. Estamos procurando uma Igreja. O problema é que está difícil de achar.
Procuro uma Igreja nos moldes de Jesus, como a professada no Novo Testamento, lógico que atualizada contemporaneamente.
Procuro uma Igreja onde os pastores e obreiros estão preocupados com as ovelhas e suas feridas, ou machucaduras e não só exclusivamente com os planos de crescimento da Igreja como o novo templo, ou a vontade do pastor de falar o que quer, algumas vezes, presumo, fora da vontade de Deus.
Procuro uma Igreja onde haja amor. Que é, ou deveria ser, a característica principal do cristãos. O exemplo de desamor visto hoje em dia nos crentes é escandaloso. Ouvimos falar até de crente que estava no mesmo culto, brigando na porta de nossas Igrejas. Eu cheguei a apartar, ou interferir, numa briga, ou discussão muito acalorada, aos gritos, de irmãos e irmãs que saiam do mesmo culto. A Igreja não está mostrando amor com o próximo, preocupada com seu umbigo, com suas contas, com seus planos, com sua pregação filosófica, que não ajuda muito, ou com sua pregação pífia, que essa, não ajuda nada, mesmo. Se alguém ousar se desviar, já era. Quando entrei na Igreja, Assembléia de Deus no Jardim Carumbé, São Paulo, a Igreja tinha uma lista de irmãos que estavam se desviando ou já se desviaram, ou que pararam de vir ao culto, por qualquer motivo, para que os irmãos do Evangelismo fossem atrás. Gente, isso é louvável. Eu era um dos que evangelizavam. No começo do meu ministério, vi gente novata levando uma Palavra de conforto para presbíteros e para pastores, que poderiam dar um banho de Bíblia neles, em nós. Eu vinha muitas vezes arrebentado desses encontros. As ovelhas desgarradas de Israel, desde então, nunca saíram da minha lista particular de oração. Mudei de casa, de bairro, de Igreja, de tudo, alguns anos se passaram e em outro lugar, tive a péssima idéia de tentar levantar um grupo de evangelismo. Ninguém aceitou, nem a liderança, nem o pastor, que deixou morrer o assunto. Enquanto isso, os meus irmãos e irmãs queridos e queridas, estão indo embora da Igreja e ninguém, absolutamente ninguém, está preocupado. Se alguém ousar se desviar, que se vire para se levantar sozinho. Me diga, como é que alguém que está sendo atacado por demônios, pela carne, algumas vezes até por outros irmãos, vai se levantar sozinho? Uma vez eu ouvi a seguinte bobeira: “Se alguém está fraco, que vá jejuar”. É brincadeira isso, não é?
Procuro uma Igreja onde falem de Graça. Olhando para a Igreja de hoje, nem parece que Cristo morreu na Cruz pelos pecadores, pelos pobres, pelos perdidos, pelos desgarrados, pelos adúlteros, pelos idólatras, pelos inimigos, pelas mulheres que traíram o marido, pelas mulheres sem marido, pelos homens sem autoridade, pelos fracos, pelos fortes, por todos, por tudo e mais um pouco. O Evangelho da Igreja de hoje, no Novo Testamento, que vejo em muitos lugares só prega o Velho Testamento (uai!!!???) e então só vive pelo Velho - é lógico. No Velho Testamento não havia Graça - que pena - mas no Novo tem, Graças a Deus! Procuro uma Igreja que fale de Graça, na qual diz que Cristo morreu pelos pecadores, pelos que não estão conseguindo dar o dizimo - e que Ele perdoa isso também -, eu procuro a Graça daquele que é Graça em Pessoa.
Procuro uma Igreja que não cobre tanto o dizimo.
Procuro uma Igreja que fale de Jesus. Sem menosprezar a Abraão, Moisés, Josué, Daniel, Davi, Jeremias, Ezequiel ou qualquer outro. Mas eu procuro uma Igreja que me fale quem é Jesus, e não só Os 5 pontos na Vida de Josué. Procuro uma Igreja que me fale quem é Jesus, quem é Deus quem é o Espírito Santo e o que a Trindade pode fazer por mim e pelos meus irmãos. Procuro uma Igreja que fale dos Evangelhos.
Procuro uma Igreja que pregue as Cartas de Paulo. Que pregue Atos, Apocalipse, Hebreus, Romanos, João.
Procuro uma Igreja que tenha profecias de Deus, Palavra de Deus, cânticos de Deus, por favor, que tenha Deus.
Procuro uma Igreja que faça cultos e não ajuntamentos.
Procuro a Igreja de Jesus, a verdadeira.
Se essa Igreja já não existe, porque é isso que está me dando a ligeira impressão, então está na hora de Jesus buscar a sua Igreja verdadeira, mesmo que essa Igreja, não tenha uma Igreja.
Será que esse Movimento dos Sem Igreja não está querendo dizer, para os que estão dentro da Igreja que alguma coisa precisa mudar, urgentemente? Será que o Espírito Santo não está no negócio, usando gente profeticamente, para que os que estão desacordados acordem? Será que todo sem Igreja está desviado? Será que todo sem Igreja não ama a Jesus? Será que todo sem Igreja não será salvo? Será que Deus não está olhando para os sem Igreja?
Desde que aconteceu “a coisa” que aconteceu onde estava e que me jogou pra fora, ou que me convidou a largar aquele ministério – ah, desculpa, mas há coisas que não dá para ver e continuar -, estou orando, sem parar pedindo uma Igreja, para mim e para a minha família. A família que Deus me deu, eu como sacerdote no lar tenho que zelar por ela. Sou responsável perante Deus em dar o melhor para o meu lar. Existem Igrejas que sou obrigado a fizer à minha família: “Essa, não!”
De qualquer maneira Deus está no negócio. Mas com certeza absoluta Deus vai abrir as portas para uma nova Igreja, ou um novo ministério para muitos de nós. Todos não, temo, mas creio que algumas ovelhas irão se perder no caminho. Mas as que não se perderem, Deus vai dar a vitória, de novo, e um dia nos riremos de termos feito parte do Movimento dos Sem Igreja. Por enquanto, está doendo.
O pior, é o olhar acusador de quem não está orando por nós, mas deveria.