Um outro Significado para o Natal
Vivemos nos perguntando, pelo menos eu vivo, por que mesmo sendo eu Umbandista, comemoro as festas Cristãs, como Natal e Páscoa, seria por força da convivência com estas religiões? Seria por força do marketing? Não sei ao certo. Estudando e refletindo sobre os simbolismos cristãos e tecendo comparações com o meu conhecimento pessoal e teológico, comecei a traçar um entendimento nada conclusivo mas estava caminhando numa direção, separando o Homem (Jesus) da Divindade( O Cristo) quando recebi este texto de um autor desconhecido.
“O primeiro passo na senda da perfeição é o nascimento de Jesus, o Cristo. Ele é a luz do mundo, que permanece dormente em todos os seres até ser despertado em nossa consciência. Os
relatos evangélicos apresentam uma riqueza de detalhes sobre o evento.
A luz do Cristo nasce sempre quando as trevas são mais profundas no mundo, daí seu nascimento ser apresentado pela Igreja como ocorrendo em 25 de dezembro, data do equinócio do
inverno (ocorre de 21 a 27 de dezembro), a noite mais longa do ano no hemisfério norte, onde ocorre o exemplo histórico. A luz do sol aparece nessa data sob o signo de virgem.
Jesus representa a centelha divina no homem, o Cristo. Sua mãe, Maria, simboliza a alma espiritual, situada no plano mental superior. José, seu pai, figura como a mente inferior. Por isso,
não foi José quem gerou a criança, pois a luz da intuição não pode ser gerada pela mente concreta. No entanto, após o nascimento da criança divina ela passa a ser cuidada por esse pai
adotivo. Maria e José, portanto, formam um casal, a mente superior e a inferior, sendo, nesse sentido, os pais do Cristo.
O Cristo é concebido pelo Espírito de Deus, sendo a conceição imaculada anunciada a Maria pelo mensageiro divino, o arcanjo Gabriel, a expressão da vontade divina criativa. A anunciação é uma experiência interior pela qual todo iniciado deve passar.
Nessa ocasião, a consciência do homem começa a desabrochar expandindo sua capacidade intelectiva e percepção psíquica. Trata-se de um verdadeiro nascimento dentro da alma, aludido
por Paulo alegoricamente: "meus filhos, por quem eu sofro de novo as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós".
No plano de Deus a harmonia está sempre presente. Toda vez que o pêndulo da vida estende-se para um extremo, deve inevitavelmente oscilar a seguir para o outro. Assim, depois do despontar da luz, da boa nova do nascimento divino, a força das trevas faz-se sentir, procurando trazer a morte. Herodes, o governante exterior, personifica as forças das trevas que combatem a luz .
No ser humano, Herodes representa a personalidade autocentrada, a força do passado, que teme o nascimento da luz no interior do ser, pois o Cristo, a esperança do futuro, necessariamente provocará uma revolução, ameaçando o controle das forças da materialidade e do egoísmo que mantêm o homem prisioneiro. Para que as forças trevosas do mal não matem o recém-nascido, a divina família deve fugir para o Egito, terra dos
mistérios e santuário onde os iniciados eram e ainda são instruídos.
A cena do Natal, rememorada com profunda alegria por milhões de cristãos todos os anos, está repleta de símbolos. O estábulo, ou gruta, representa o corpo físico que abriga em seu interior todos os membros da família divina, que são os diferentes princípios do homem. A manjedoura, onde o Jesus menino está reclinado, utensílio usado na alimentação dos animais, representa o corpo vital ou etérico que preserva e distribui o prana, ou força vital do sol, pelo corpo físico. Os carneiros e as vacas representam as emoções. Para que o Jesus, o Cristo possa nascer pressupõe-se que esses animais tenham sido domesticados, ou seja, que as emoções do candidato à iniciação tenham sido disciplinadas e purificadas.
Os pastores representam os irmãos mais velhos e guias da humanidade, os Mestres que sempre comparecem às cerimônias de iniciação. Paulo refere-se a esses guias como "os justos que chegaram à perfeição" (Hb 12:23). Os três reis magos, que vieram do oriente de onde vem a luz, simbolizam os três aspectos da divindade. Eles trazem presentes, ouro, incenso e mirra ao jovem iniciado, expressando os aspectos espirituais do poder, do amor e da sabedoria. Com esses presentes a alma recém-iluminada, ou o Jesus, o Cristo criança recém-nascido, está capacitado a empreender sua missão. Os reis magos são guiados pela estrela de Belém, o pentagrama que cintila acima da cabeça do hierofante sempre que um rito iniciático está em andamento.
Os evangelistas, como iniciados, conheciam claramente a linguagem sagrada e assim apresentaram um relato alegórico que preserva para todos os que têm olhos para ver a mensagem auspiciosa de que Cristo aguarda a oportunidade para nascer na consciência de todos os que aspiram alcançar o Reino dos Céus.
Quando esse nascimento virginal ocorrer, a luz crística na alma do iniciado passará a derramar suas bênçãos sobre toda a natureza inferior do homem, estimulando sua capacidade intelectual, percepção e sensibilidade. A expansão de consciência conseqüente faz com que a unidade de todos os seres deixe de ser meramente um conceito intelectual para tornar-se, ainda que momentaneamente, uma profunda experiência de vida ...”