SANTO ANTÔNIO
SANTO ANTONIO
HISTÓRICO E SAUDAÇÃO AO SANTO:
Fernando Martin e Bulhões de Taveira Azevedo.
O nome parece grande e talvez não facilite a compreensão. Então, tentaremos outra vez, com um nome mais simples: SANTO ANTÔNIO. É ele mesmo. O Santo Franciscano, que atrai devotos no mundo inteiro. É ele o dono desta festa!!!...
Santo Antônio de Pádua ou Santo Antônio de Lisboa.
A explicação para os dois nomes é simples. - Santo Antônio nasceu em Lisboa, Portugal, em 15 de agosto de 1195, e viveu grande parte de sua vida na Cidade italiana de Pádua.
Santo Antonio, único herdeiro da família Bulhões, fez voto de obediência e pobreza, trocando o conforto de uma abastada família burguesa, pela vida religiosa. Comportamento que só entendemos a luz da fé.
A primeira etapa de sua vida, ainda com 15 anos, viveu em Portugal como Agostiniano e em Pádua como frade da ordem de São Francisco de Assis.
Em 1220 trocou o nome para Antônio e ingressou na Ordem Franciscana, na esperança de, a exemplo dos mártires, pregar aos sarracenos no Marrocos. Após um ano de catequese nesse país, teve de deixá-lo devido a uma enfermidade e seguiu para a Itália.
Professor de Teologia, indicado por São Francisco de Assis, lecionou nas Universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier e Pádua, adquirindo grande renome como orador sacro no sul da França e na Itália. Ficaram célebres os Sermões que proferiu em Forli, Provença, e Paris.
Em todos esses lugares seus Sermões encontravam forte eco popular, pois lhe eram atribuídos feitos prodigiosos, o que contribuía para o crescimento de sua fama de santidade.
A saúde sempre precária levou-o a recolher-se ao convento de Arcella, perto de Pádua, onde escreveu uma série de sermões, alguns dos quais seriam reunidos e publicados entre 1895 e 1913.
Após uma crise de hidropisia, Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231. Tinha apenas 36 anos de idade. Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses pós sua morte) pelo papa Gregório IX.
“Exulta, ó feliz Lusitânia; regozija-te, ó feliz Pádua, porque a terra e o céu vos deram um homem que, qual astro luminoso, não menos brilhante pela Santidade da vida e pela insigne fama dos milagres do que pelo esplendor da Doutrina, iluminou e continua a iluminar todo o Universo!”
Com estas palavras, o Papa Pio XII, de santa memória, iniciava a Carta Apostólica com que proclamou o Glorioso Santo Antônio, Doutor da Igreja, em 16 de janeiro de 1946. Reconhecia o Pontífice à capacidade daquele alvo lírio de pureza que perfumou a Ordem Franciscana com sua vida inteiramente entregue à causa da evangelização, notabilizando-se em seus dias como competente teólogo e notável pregador.
Na figura de Santo Antônio encontra-se uma manifestação clara da ação do Espírito Santo. Em tão poucos anos de vida, destacou-se pelos seus destemidos combates às profanações que se cometiam contra a Doutrina Católica naqueles conturbados anos em que se edificava a Santa Igreja sobre os alicerces sólidos da mensagem evangélica.
Versou o insigne Santo, “Glorioso Taumaturgo”, sobre toda a Sagrada Escritura, tornando-se seus escritos “fonte perene de água límpida”. O Papa Sisto IV o cognomina “astro luminoso que surge do alto, com as excelentes prerrogativas dos seus méritos, com a profunda sabedoria e Doutrina das coisas santas e com a sua fervorosa pregação”.
Pela sua sabedoria e pela sua dedicação à mensagem da Boa-Nova de Cristo, fazendo-se autêntico discípulo e missionário, levando aos recantos da Itália e da França o Santo Evangelho, fez-se admirável por todos os povos, por todos os dias de sua vida. - Por isso, a Igreja canta, em seu ofício, em ação de graças pela vida e obra do nosso Santo Lusitano:
“Ó Língua bendita, que sempre bendisseste o Senhor e fizeste que também os outros o bendissessem sempre; pela tua conservação se compreende bem qual o teu mérito diante de Deus”. – Conclui Padre Antonio Vieira sobre a sacrossanta língua de Santo Antonio.
Assim como o Apóstolo Paulo, Santo Antonio também “combateu o bom combate, cumpriu a sua missão e não se afastou da Fé”. - Difundiu o Evangelho de Jesus pelos arredores do Marrocos, Portugal, Itália e França.
Que os fiéis devotos peçam, por sua intercessão, a graça de, da mesma forma, procurar, em seus atos, na sua conduta e, principalmente, nas suas palavras, exercerem com destemor e dedicação a missão confiada por Deus, de mensageiros de Cristo, assim como o foi o nosso Santo Paduano.
POR TODO EXPOSTO NÓS O SAUDAMOS SANTO ANTONIO!!!
Deus vos salve, Glorioso Antonio, sacrário do Divino Espírito Santo. - permita-nos os dons e auxílio da Graça.
Deus vos salve, Glorioso Antonio, modelo perfeito da humanidade. - fazei nossos corações semelhante ao Vosso.
Deus vos salve, Glorioso Antonio, luz brilhante do Universo; - iluminai a nossa cegueira para que fujamos das trevas, dos vícios e dos pecados.
Deus vos salve, Glorioso Antonio, defensor e propagador da fé abrasado do amor divino. - inflamai os nossos corações neste fogo sagrado, pára que sempre arda nas suas belas e amorosas chamas.
Deus vos salve, Glorioso Antonio, restituidor das coisas perdidas. - não permitais que nos percamos no caminho da eterna salvação.
Findo esta merecida saudação ao Glorioso Antonio, permitam-me, também, Senhoras e Senhores, historiar, a vida dos patronos desta festa, para que a história não se pereça no tempo...
DOS PATRONOS DA FESTA.
Antonio da Silva Lôbo, nascido de uma família conhecidamente religiosa, ainda moço, nos idos de 1930, tocado pela fé, aceitou o chamado de Santo Antonio, para, doravante, patrocinar a festa em seu louvor.
Nutrido de amor e devoção pelo Santo, que de cujo nome se iguala, tornou-se a partir de então, o Patrono de Santo Antonio, nesta freguesia.
A partir daí, todo dia 13 de junho, a cidade tinha uma alvorada diferente. O foguetório iluminava os céus e acordava os devotos para a Missa de Santo Antonio. - Antonio Lobo, tomado de êxtase, vibrava com a garbosa missão de festejar o seu Santo e ver a Igreja cheia de devotos, cantando e louvando o Lusitano.
A festividade religiosa na Igreja Matriz durava toda a manhã, e encerrava com a grande Missa celebrada pelo pároco da época. - Mas a euforia de Antonio Lobo em louvar ao Santo, não parava por aí, Padre Nery.
Em frente a sua oficina de trabalho, sapataria “A Caprichosa”, morava o casal, Almerinda, carinhosamente conhecida como Dona Tiúla e o Velho Pompílho, pais de Alaíde, que também, devotados por Santo Antonio, rezavam a “Trezena” em seu louvor. Para lá, então, dirigia-se Antonio Lobo, para a derradeira noite da “Trezena”, objetivando concluir as suas orações e despedir-se dos festejos antoniano.
Numa dessas noites festivas na casa de Dona Tiúla, fazendo jus a fama de Santo casamenteiro, eis que Antonio Lobo enamora Alaíde e, em pouco tempo casaram-se, graças ao Santo Antonio.
Casados, então, Alaíde e Antonio marcham juntos com a obrigação de patrocinarem, doravante, os festejos antoniano.
Anos depois, Alaíde, ávida por alcançar uma graça, faz uma promessa a Santo Antonio, de dar 13 roupinhas as crianças necessitadas.
Cumprindo a promessa, Alaíde, tocada mais uma vez pela misericórdia do Santo, pai dos pobres, prometeu NÃO parar, enquanto viva, a sua obrigação de vestir as criancinhas pobres dessa freguesia e, aumentar a quantidade de doações, ano a ano, proporcionalmente. - Mais um milagre do Santo é visível; as doações aumentaram tal qual a multiplicação dos pães...
Tudo isso se tornou possível, Padre Nery, porque para Antonio e Alaíde, a família sempre foi a base e fundamento da sociedade; transcendendo a qualquer partido político, sociedade, associação ou a qualquer outro gênero de agrupamento humano.
A família é constituída por relações de amor! Está na origem de tudo. - Esta era a forma de pensar de Alaíde Lobo.
Sabedoria e conhecimento não são sinônimos. Os nossos pais detinham a sabedoria adquirida ao longo da vida, em consonância com a experiência advinda de outras gerações que desconheciam o glamour temporal, mas nunca se afastaram dos valores éticos e morais. Debruçavam sempre sobre o rígido modelo de caráter, por entender que o caminho para a moralidade não permitia atalho.
Rendo-me, pois, a sabedoria popular daqueles que o destino pôs distante das Universidades, mas, em contrapartida, lhe deu o saber mais sagrado e eficaz, traduzido na simplicidade. Se lhes faltou o transcendentalismo teórico e literário, lhes fartaram de práxis, ação, decisão, cuidado e responsabilidade pelo que se passa em sua volta, sobretudo com a sua prole e dos que dele dependem.
Aproximadamente 70 anos existe a devoção de Alaíde e Antonio Lobo, testemunhada e celebrada até aqui, por cinco Notáveis Sacerdotes: Principiado na década de 30 por Padre Firmo, anos depois por Padre Fernando, seguido por Padre Agenor Birne e Monsenhor José Waldir de Souza.
Hoje, Padre Nery, o Senhor é o nosso atual timoneiro, que certamente guiará a nossa embarcação religiosa por muito tempo, celebrando e testemunhando o nosso compromisso de fé Antoniano e cultuando a memória dos nossos pais, precursores deste evento.
Como afirma o Livro Sagrado de Eclesiastes, “Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião. Tempo para plantar, tempo para colher; Tempo para nascer e tempo para morrer”. - Chegou também para Alaíde e Antonio, esperados e acolhidos com fé, a hora de passar deste mundo para o mundo Celestial.
Com certeza, eles estão em paz, cônscios do dever cumprido, ladeado por Santo Antonio, na Casa do Senhor, nos aguardando para retomarmos o diálogo interrompido.
Herdamos deles, pois, um grande legado; os seus ensinamentos foram aprendidos e estão sendo repassados de maneira fidedigna para seus netos e bisnetos, com o objetivo de ter continuidade e não deixar fenecer a vontade dos protagonistas deste evento.
Acreditamos, também, como milagre do Santo restituidor das coisas perdidas, não permitir que nos percamos no caminho da obediência, da unidade familiar e, sobretudo, da fé.
Os nossos pais nos marcaram pela demonstração de fé. Viveram movidos pela fé em Santo Antonio, pela fé em Deus. Eles foram heróis anônimos da fé cristã, sem precisar deixar a família e partir para o campo missionário.
Muitos dos heróis da fé do Velho Testamento foram identificados dessa maneira por exerceram a fé no interior do seu lar.
Abraão, por exemplo, junto com sua esposa Sara, tem a sua história registrada no livro de Hebreus porque, dentre muitos atos de fé, creu que Deus daria a eles um filho já na velhice. Também foi considerado um herói da fé porque dedicou seu filho Isaque a Deus.
Jacó é considerado um herói da fé porque, à beira da morte, abençoou cada um dos filhos. - José também está incluído na galeria porque profetizou que seus descendentes sairiam do Egito.
O nosso Padroeiro Santo Estevão, primeiro mártir do cristianismo, perdeu a vida, mas não abdicou da sua convicção Cristã. - Um grande exemplo de herói da fé.
Posto isso, concluímos que Alaíde e Antonio Lobo, para formar sua família, submeteram-se também, a vários desafios que se tornaram um campo de provas para o exercício da fé.
Um casal, que ao contrair núpcias, assume a responsabilidade de cuidar de vários irmãos menores, e, ainda possuem força e sabedoria para conceber, cria e educar 10 filhos; são heróis da fé.
Uma esposa que tem o seu marido tendente ao alcoolismo e ora, ama e respeita esse marido, acreditando na sua conversão; é uma heroína da fé.
Pais que oram pelos filhos e crêem que esses mesmos filhos serão fieis a Deus, devotos de Santo Antonio e viverão em harmonia familiar conforme seus ensinamentos; também são heróis da fé.
Aprendemos com eles, que a família não é algo que nos é dado de uma vez por todas, mas nos é dada como uma semente que necessita de cuidados constantes para crescer e desenvolver-se.
É neste contexto, pois, que os planos de Deus tomam forma e são dado ao homem e à mulher em forma de semente. Deus nos criou à sua imagem; criou-nos no amor e para o amor. Criou-nos para que levássemos a semente à plenitude. DEUS, aquele que nos criou, pôs em nossas mãos a criação. - E foi com esse amor de Deus que a nossa família foi constituída...
Em apenso, a família de Alaíde e Antonio foi aumentada com a incorporação dos Genros e Noras, que igualados a filhos e devotados à voluntariedade, incorporaram-se à nossa devoção, contribuindo com as suas substanciais ajudas, as quais nos tornaram suficientemente fortes para prosseguir com a devoção familiar.
Em tempo, não obstante o momento solene deste ano, podemos afirmar que é impossível não sentir uma alegria misturada com saudade e até uma pontinha de tristeza... Abrimos um parêntese para um “réquiem” de saudade, destinado ao nosso querido e saudoso Roque Santana, que enquanto vivo, sempre foi magnânimo com o festejo, tornando-se um paladino da devoção Antoniano. Com certeza ele está em paz e feliz por saber que seus filhos se mantêm no caminho da fé e da caridade cristã, conforme a sua vontade.
Com fé no Glorioso Antonio, muito em breve, estaremos todos aqui, numa grande festa, para comemorarmos o centenário dessa devoção.
Obrigado a todos e até o próximo ano, com as Graças de Santo Antonio. - VIVA A SANTO ANTONIO!!!
13/06/2010.