ESPIRITUAL, ESPIRITUALISTA E ESPIRITUALISMO:

ESPIRITUAL, ESPIRITUALISTA E ESPIRITUALISMO:

“Os dramas humanos sempre me ensinaram que, sem Jesus, jamais conseguiremos resolver os conflitos psicológicos que nos atormentam”. (Chico Xavier).

Três palavras de suma importância para o ser hominal, no entanto, poucos compreendem a finalidade, bem como a sinonímia das palavras acima expostas. O Espírito pela sua essência espiritual é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. Os Espíritos são os agentes da potência divina; constituem a força inteligente da Natureza e concorrem para a execução dos desígnios do criador, tendo em vista a manutenção da harmonia geral do Universo e das leis imutáveis que regem a criação. Como diz os Espíritos a Allan Kardec, são princípios inteligentes que povoam o universo. A palavra espiritualismo é usada no sentido oposto ao do materialismo; crença na existência da alma espiritual e imaterial. O espiritualismo é à base de todas as religiões. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que a matéria, é espiritualista. O espiritualista é o que se refere ao espiritualismo, adepto do espiritualismo.

É espiritualista aquele que acredita que em nós nem tudo é matéria, o que de modo algum implica a crença nas manifestações dos Espíritos. A palavra espiritual também é relativa ao espírito, àquilo que é incorpóreo alguns afirmam ser alegórico, místico, devoto, a vida espiritual, já na teologia subtende-se que seja algo do foro eclesiástico, isto é, opõe-se a temporal. Como podemos denotar pelas explicitações que as três palavras de uma maneira, ou de outra, estão interligadas. Para harmonizar mais as explicitações queríamos dar uma conotação especial ao Espírito da Verdade, que João, o evangelistas fala nos Evangelhos. O Espírito da Verdade é uma plêiade de Espíritos que, baixando em toda a Terra, diz: “Os tempos são chegados”, esclarecendo-nos sobre coisas que se achavam ocultas sob o véu da letra, nos mesmos Evangelhos. Mesmo sendo figuradas essas palavras, O Espírito da Verdade que Deus dá aos homens, é a verdade sempre relativa à inteligência dos que recebem e conhecimento lhes é revelado pelos Espíritos errantes em missão e pelos encarnados que, também em missão, recebem a inspiração divina por intermédio dos Espíritos Superiores que os assistem e guiam.

O Espírito da verdade que procede do pai é a luz, a ciência, a verdade que os Espíritos, assim errantes como encarnados, trazem aos homens, aqueles por meio da inspiração ou da ação mediúnica, ou por outros meios da palavra. No Espiritismo, o Espírito da Verdade é a própria voz do Cristo retificando veredas no encontro da larga estrada da Verdade. A 25 de março de 1856, o Missionário (Allan Kardec) toma conhecimento da existência do seu guia espiritual, A Verdade, que o protegeria e ajudaria sempre, assistindo-o quer diretamente, através de médiuns, quer pelo pensamento, forma esta que se tornou, mas tarde a única. Ideologia uma palavra fundamental na vida hominal, que na filosofia refere-se à ciência que trata da formação de ideias, podendo ser um tratado das ideias em abstrato, ou a maneira de pensar própria de um indivíduo ou grupo de pessoas. Aqui não iremos inserir a nossa opinião própria sobre os temas que constarão da matéria, mas a opinião de estudiosos no assunto, e entre elas podemos citar o nome de A. Mattos, que nos presta uma grande colaboração na cronologia do que vamos expor para os leitores.

Pelos idos de 3.500 anos antes de Cristo, o Paganismo, politeísmo, Panteísmo e o Espiritualismo já se faziam presentes na vida hominal. O paganismo que significa o culto a vários deuses e deusas, é a mais antiga manifestação religiosa conhecida. Está registrada no primeiro livro da humanidade. “O Livro Egípcio dos Mortos” e “A Magia Egípcia”, os dois estão circulando desde o ano de 1.500, antes de Cristo. Os sacerdotes e magos faziam a transmissão oral. Na África existem tribos pagãs. O Judaísmo vem desde 2.000 anos, A.C., um dos movimentos em favor de uma divindade única, Yahveh, que significa “Eu sou o que sou”. Abraão, o fundador do judaísmo transformou a figura de Yahveh, em Deus de Israel. O Velho Testamento faz parte da cultura hebraica, e está reunido em 46 livros, na religião Protestante o V.T foi - resumido para 39 livros, uma subtração de sete livros. Escrito a partir de 1250 a.C., constituem com o Novo Testamento, os fundamentos da civilização Ocidental, porém, a base está no Torá ou Lei de Moisés, constituída de Gênesis, Levítico, Números e o deuteronômio. Poderíamos ir às entranhas do Bramanismo e no Hinduísmo, mas somente citaremos que o conjunto de ensinamentos politeístas, está registrado nos quatro livros dos Vedas, ou Livro dos Ensinamentos, originários da índia.

O Bramanismo evoluiu para o atual Hinduísmo, que muitos afirmar ser um sistema de crenças muito complicado. Há 600 anos, antes de Cristo surge o Taoismo fundado por Lao Tsé, autor do livro Tao Te King, sendo Tao correspondente ao Infinito, Te ao Caminho, e King igual a Livro. Um livro muito bom para quem deseja ter a mente limpa, aberta e tranquila, pois os ensinamentos do livro são os especificados. A evolução se dá através de várias passagens da vida (Yang) para a morte (Yung). Nas nossas conotações podemos citar o Confucionismo, em 600 anos antes de Cristo, o Budismo, 500 anos A.C., o Cristianismo sendo a maior religião do mundo em 30 depois de Cristo. Livro (Novo Testamento), um conjunto de 27 livros escritos em torno de 100 anos D.C., que junto com o Velho Testamento, constituem a conhecida Bíblia. A Yoga surge em 300 D.C., sendo um conjunto de ensinamentos de Pataner, o fundador do Yoga Real, chamados de Yoga Sutras, segundo os quais os sofrimentos hominais se devem à falta de consciência de Deus, sendo que esta pode ser atingida através de uma disciplina mental.

Em sânscrito (antiga língua da família indo-europeia; a língua clássica da Índia, e do Hinduísmo, em que está escrita a maioria da sua literatura desde os Vedas), significa “Disciplina” e “União”. Em 622 D.C., vem o Islamismo fundado por Maomé, cujo livro principal é o Corão, ou Alcorão. (Al Quran), é considerada a “Bíblia” do Islã, um livro com 114 capítulos, chamados de “Suras” ou “Suratas”. (divisões do livro). O Alcorão está organizado em 114 capítulos, denominados suras, divididas em livros, seções, partes e versículos. Considera-se que 92 capítulos foram revelados ao profeta Maomé em Meca, e 22 em Medina. Os capítulos estão dispostos aproximadamente de acordo com o seu tamanho e não de acordo com a ordem cronológica da revelação. Cada sura pode por sua vez ser subdividida em versículos (ayat).

O número de versículos é de 6536 ou 6600, conforme a forma de contá-los. A sura maior é a segunda, com 286 versículos; as (suras) menores possuem apenas três versículos. Os capítulos são tradicionalmente identificados mais pelos nomes do que pelos números. Estes receberam nomes de palavras distintivas ou de palavras que surgem no inicio do texto, como por exemplo, A Vaca, A Abelha, O Figo ou A Aurora. Contudo, não se deve pensar que o conteúdo da sura esteja de alguma forma relacionada com o título do capítulo.

Ressalte-se que o Alcorão não foi escrito por Maomé, que era iletrado, mas por seus seguidores. Eles aceitam Abraão Moisés, Cristo e outros como profetas. Em 1517 vem o Protestantismo criado por Martinho Lutero, um frade católico alemão, que defendia as suas 95 Teses, que resolveu publicá-las em 1517. Surgem com o protestantismo: luteranismo, Batistas, Pentecostais, Mórmons, Metodistas, Testemunhas de Jeová, Evangélicos, Adventistas entre outras. Em 1848 surge o Ateísmo, embora existente há muito tempo. Ele cresceu com o Manifesto Comunista de Karl Marx, de 1848, que criou o movimento ateu de grande amplitude.

Marx rechaçou a ideia de Deus e de religião afirmando ser esta o “ópio do povo”. Hoje apenas três países são totalmente ateus: Cuba, Coreia do Norte e China Ocidental. Em 1857- O espiritismo, criado por Denizard Hippolyte Léon Rivail (1804-1869). Em 1853, estranhos fenômenos se manifestam em Paris (França): mesas se levantam, giram e dão batidas no chão, sem qualquer interferência de pessoas ou equipamentos.

Muitos curiosos vão visitar o médium Baudin em sua casa, onde tais fenômenos aconteciam. Levado por um amigo, em 1854, Denizard Hippolyte Léon Rivail, um professor universitário formado na Suíça, vai ver os estranhos fenômenos e constata se tratar de fatos novos, ainda inexplicados pela Ciência, e que contrariavam as Leis da Física, como o caso de um objeto que, ao levitar, conflita com a Lei de Gravitação de Newton. Após anos de estudos, o professor Rivail, já sob o pseudônimo de Allan Kardec, publica em 1857, o primeiro livro de uma série de cinco, “O Livro dos Espíritos”, conhecido logo após como “Doutrina Espírita”, Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o espiritismo, o Céu e o Inferno e a Gênese. A comunicar com os Espíritos, o ponto forte da religião. “Obras Póstumas” não foi (publicado) na época, pois Kardec desencarnou antes de concluí-lo, seria o sexto livro da Codificação Espírita que foi concluído por sua esposa Madame Amélie Gabrielle Boudet.

1866-Roustainguismo. Por ocasião do ato de fé de Barcelona (episódio da fogueira da Inquisição), Kardec contrata os serviços de um advogado de Bordeaux, famosa região vinícola na França, para defendê-lo, o que foi feito com brilhantismo frente às cortes espanholas. Entretanto, após ter estudado a doutrina de Kardec, necessário para a devida defesa, Jean Baptiste Roustaing (1805-1879) resolve, por conta própria, usar os mesmos métodos de Kardec (Comunicação com os Espíritos), através do auxílio da médium Emille Collignon, sua amiga. O resultado é a publicação, em 1866, de três livros sob o título “A Revelação da Revelação”, onde Roustaing reinterpreta os quatro Evangelhos à luz do espiritismo, competindo diretamente com um dos livros de Kardec “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de 1864. Roustaing nega o nascimento de Cristo sob a forma humana normal, Essa nova doutrina chama-se “roustainguismo”.

Em 1875 surge a Teosofia. Criada ou fundada por Helena Petrovina Blavatsky (1831-1891), ou Madame Blavatsky nasceu na Ucrânia, descendente de uma família nobre de russos. Seguidora de Allan Kardec deixa o Espiritismo e cria em 1875, a sua doutrina, a Teosofia. Em 1877 lança sua primeira obra, “Isis Revelada”( Isis era a deusa da fertilidade no antigo Egito). Em 1887 cria a revista Lúcifer, em Londres, e em 1888, lança sua Obra básica, “Doutrina Secreta”, sobre a criação do Universo, a evolução do gênero humano e a origem das religiões. Uma de suas ideias baseia-se no bramanismo hindu (Mahatmas) é que “o Cristianismo” é uma forma de blasfêmia” e a causa da separação entre as religiões do Oriente e do Ocidente. Em 1888 o Museu Britânico adquire o primeiro livro da Humanidade, o “Livro Egípcio dos Mortos”, datado de 1.500 A.C., contendo referências a Isis, Osíris e Horus e a outros deuses egípcios.

Em 1887 surgem o Ocultismo e o Esoterismo. Papus (Gérard Encausse, 1865-1916) médico espanhol que exerceu suas atividades na França. Ele era seguidor da Madame. Blavatsky abandona-a por discordância. Não concorda com a ênfase dada ela ao ocultismo oriental. Sendo maçon, cria a Ordem dos Superiores Ocultos em 1891, em cujos ritos se baseiam tendo como modelo os antigos rituais maçônicos. Ele não se adapta a maçonaria por considerá-la ateísta. Seus livros versam sobre ciências ocultas, tarô, magia e numerologia. Depois muda o nome de Ocultismo para Esoterismo.

A obra básica do Esoterismo é o “Tratado Elementar da Ciência Oculta”, de 1887. Em 1908 surge uma corrente criada pelo padre Alfred Firmim Loisy (1857-1940), nominada de Modernismo Bíblico. Professor de Teologia no Instituto Católico de Paris é excomungado em 1908 pelo Papa Pio X, por ter publicado estudos que colocam em dúvida a autenticidade dos Evangelhos. Os autores de dos Evangelhos, escritos após o ano 70 depois de Cristo foram adulterados demais com o passar do tempo, e os que não conheciam Cristo compilaram o que se contava na época, além do mais, a cada cópia Manual, o copista podia alterar o texto original, pois haviam centenas de cópias diferentes em circulação.

O padre também levanta dúvidas se Jesus Cristo teria mesmo existido. Uma das suas principais obras é “La Naissance du Christianisme”, de 1933. O Papa Pio X, na longa encíclica de 1907, “Pascendi Dominici Gregis” (Pastoreando a Comunidade do Senhor), denomina esse Movimento de “Síntese de Todas as Heresias”. No Mar Morto, na primavera de 1947, em Qumrãn, pastores beduínos descobrem, em onze grutas, mais de 1.500 rolos de pele e papiros manuscritos, datados da época de Cristo. Encontraram também as ruínas de um mosteiro que havia sido ocupada por uma comunidade religiosa, Os Essênios, uma dissidência judaica, desde o século II A.C., até o ano de 70 D.C., quando os romanos destruíram Jerusalém, os manuscritos ficaram conhecidos como “Os Manuscritos do Mar Morto”, que traziam esperanças para o cristianismo, no sentido de se ter mais provas científicas da existência de Cristo.

Os Essênios surgiram 100 anos antes de Cristo. Dessa forma, se livros sagrados negando a existência da história de Cristo correspondessem à verdade dos fatos, o Cristianismo teria sido o primeiro movimento ideológico, de grande envergadura, a surgir “espontaneamente” entre o povo sem ter havido qualquer líder ou ideólogo para propagar e defender as suas ideias.

Em 1913 surge a Antroposofia. Rudolf Steiner ( 1861-1925)nasceu na Croácia, era doutor em Filosofia e profundo conhecedor do poeta alemão Goethe. Também seguidor da Mme. Blavatsky foi secretário geral da Sociedade Teosófica Alemã, em 1902. Em 1907 organizou um congresso Mundial em Munique. Em 1913 decidiu abandonar a Teosofia e criar o seu próprio movimento, a Antroposofia, base da Pedagogia Waldorf, onde as crianças só estudam quando sentem vontade. Em 1920 instituiu a Medicina Antroposófica. Publicou mais de 350 livros. E finalmente o Monismo.

MONISMO- O Monismo é bem recente, pois surgiu no Brasil em 1927 com Pietro Ubaldi. Porém foi criado no século XVIII pelo pensador alemão Christian Wolff. Filho de família nobre italiana abriu mão de sua enorme herança e resolveu levar uma vida baseada unicamente em seu próprio trabalho. Formou-se em Direito em Roma. Depois se dedicou ao ensino da língua inglesa em uma escola pública. Já em 1927, aos 41 anos de idade, inicia sua atividade de escritor, produzindo 24 livros, a metade escrita em italiano e a outra metade escrita no Brasil, mais precisamente em São Vicente, município de São Paulo., para onde se mudou em 1952.

Sua grande obra foi “A Grande Síntese: Síntese e Solução dos Problemas da Ciência e do Espírito”, um título em nada humilde. Sua filosofia é monista, advogando ser o Universo constituído de um Principio Único. (Grifo nosso). Como ele afirmava “O Universo é um organismo de estrutura harmônica, constituído conforme um esquema unitário, pelo que o modelo fundamental, que o individualiza no seu conjunto, é repetido em todo particular, que assim é individualizado à semelhança do todo”. (Livro “Problemas do Futuro”). De linha Kardecista, suas ideias nem sempre acompanhavam a Doutrina espírita, pois, afirma ele, “O Espiritismo corre o perigo de ficar parado no nível de Allan Kardec, como o catolicismo ficou nível de São Tomás e o Protestantismo no nível da Bíblia. Ele se auto-considera o “continuador dos ensinamentos de Kardec”. No entanto seus livros possuem dois senões: É obra de uma única pessoa( ele mesmo) o que requer um espírito muito avançado para tratar sozinho de praticamente todos os assuntos existentes.

Seus argumentos ferem a lógica humana, quando indaga: “Deus Existe”. Poderia ter inserido no seu questionamento uma prova de materialismo ateu que O nega(...), portanto se negamos uma coisa é porque ela não existe. “A negação de Deus prova a Sua existência”( “Princípios de uma Nova Ética, Cap. 1 pg. 3 “Deus – Duas Concepções”)Com essa lógica, poderíamos, por exemplo, provar que existem 58 planetas em torno do sol: bastaria negar que eles existem... De fato, Deus não pode ser fruto de nossa limitada lógica( Teorema de G6odel) nem da restrita Ciência humana. Deus não se demonstra: Deus se percebe. O maior contestar de Pietro Ubaldi foi o jornalista espírita e escritor J. Herculano Pires.

Pietro Ubaldi desencarnou no Brasil aos 85 anos de idade, na sua obra “A Grande Síntese”, recebera intuitivamente da Alta Espiritualidade e cuja Entidade ele fazia conhecer com o pseudônimo de “Sua Voz”. Foi considerada por alguns como uma grande obra mediúnica, tendo sido traduzida por Guillon Ribeiro e publicada em 1939 pela Federação Espírita Brasileira. Os outros livros de Ubaldi não eram considerados mediúnicos. O próprio Chico Xavier através de psicografia do Espírito Emmanuel a chamou de “O Evangelho da Ciência”. Com o passar do tempo e do frenesi causado, as lideranças espíritas notaram que alguns conceitos ubaldinos conflitavam com o Espiritismo e os livros de Ubaldi passaram a ser vistos com reserva. Apesar de uma admiração inicial pela Obra de Pietro Ubaldi, Herculano Pires foi o primeiro a apontar, publicamente “falhas de percepção e alguns desajustamentos” na obra máxima do sensitivo (Relativo aos sentidos, que tem a faculdade de sentir, que recebe ou transmite impressões dos sentidos) italiano. E mais tarde assumiria atitude enérgica em relação às pretensões e críticas de Pietro Ubaldi á Obra da Codificação.

Por ocasião do Sexto Congresso Espírita Pan-americano em outubro de 1963 em Buenos Aires. Ubaldi enviara ao Congresso uma tese (Libro del Sexto Congresso, págs. 296-304, editado pela Confederação Espírita Panamericana em 1964), cujo teor os ubaldistas de São Paulo divulgaram antes pela imprensa profana e cujas conclusões insólitas são estas: 1-O Espiritismo estacionou na teoria da reencarnação e na prática mediúnica; 2) Não possuindo “um sistema conceptual completo”, não pode ele ser levado a sério pela cultura atual; 3) A filosofia espírita é limitada, não oferece uma visão completa de todo e “não abrange todos os momentos da lei de Deus”; 4) O Espiritismo não construiu uma “Teologiaespíritocientífica”, que explique o que a católica não explica; 5)O Espiritismo corre o perigo de ficar parado no nível Allan Kardec, como o catolicismo ficou no nível São Tomás e o protestantismo no nível da Bíblia.

E para “salvar” o Espiritismo, Pietro Ubaldi propunha que seus livros fossem adotados pelo movimento doutrinário... Herculano Pires, com a rapidez que o assunto exigia, redigiu um artigo que fez publicar no “Diário de São Paulo” e na “Revista Internacional do Espiritismo” do qual destacamos o seguinte trecho( ele ignorava, até então, que o Congresso de Buenos Aires rejeitava a proposta de Ubaldi): A sua crítica ao Espiritismo, resumida nos cinco pontos acima epigrafados, coincide com a dos adeptos menos instruídos da doutrina e pode ser respondida, ponto a ponto, por qualquer adepto de inteligência e cultura medianas, que conheça a Doutrina Espírita”. O oferecimento de suas obras ao Espiritismo revela desconhecimento da natureza da nossa doutrina e das exigências metodológicas para a aceitação da proposta, que não cobre essas exigências.

Ubaldi desenvolveu suas faculdades mediúnicas à margem do espiritismo. Seu grande livro apresenta curioso paralelismo com o Espiritismo, o que lhe valeu a simpatia e a amizade dos espíritas brasileiros. Sempre se recusou a filiar-se ao espiritismo, filiando-se a corrente ultrafania, do professor Trespioli, que pretende haver superado a concepção espírita. A palavra fânica quer dizer; pequenos lucros ou ganhos casuais; migalha, mínima, pedacinho, faniquito.

]Suas pretensões transformaram-no, de simples médium, em autor messiânico, agora arvorado em reformador do Espiritismo. A Filosofia espírita não pode abranger o Todo e muito menos “todos os momentos da lei de Deus”, porque isso não está ao alcance de nenhuma elaboração mental, no plano relativo da vida terrena. O “nível de Allan Kardec não é do Espiritismo, mas sim do Espírito da Verdade.

Assim Herculano Pires encerra seu artigo: Se Ubaldi tivesse lido O Livro dos Espíritos, certamente jamais faria a proposta que fez, mesmo porque a sua obra, como a de Flammarion, a de Delane, a de Denis, a de Bozzano e tantas outras, longe de completar o Espiritismo, apenas procura desenvolver alguns dos grandes temas que o espiritismo levantou e sustenta no mundo moderno. Pense nisso!

Bibliografia:

1) O Livro dos Espíritos de Allan Kardec;

2) O caso Pietro Ubaldi com Herculano Pires

3) Espiritismo de A a Z da FEB( Federação Espírita Brasileira)

4) A Pedra e o joio de José Herculano Pires

5) O Verbo e a Carne de José Herculano Pires

6) Pesquisas diversas do autor

ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ALOMERCE- DA AVSPE- DA AOUVIRCE- DA UBT E DA ACE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 30/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
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