O ESTADO DE GRAÇA...
 
Diz-se da alma em plena comunhão com Deus, estado que perdura pelo cultivo da piedade e penitência; vida de oração, vida sacramental e exercício das virtudes acompanhado da vigilância e leitura da Sagrada Escritura (Cf. Mt 26,41). De fato, tenho vivido em meio a uma grande batalha espiritual para me manter em estado de graça. O Senhor, em sua infinita bondade, não me deixa desanimar, pelo contrário, Ele tem me incentivado a continuar a luta, dando-me todas as graças que me faz vencer as terríveis forças do mal que atentam contra a minha alma.
 
Ora, quais são as fraquezas humanas que fazem o mal se aproveitar delas para nos tirar do estado de comunhão com Deus? Em primeiro lugar, os pensamentos vãos, desordenados e estranhos; e quando isso acontece, procuro logo o Senhor por meio da oração mental (Cf. 1Tes 5,17), porque se tenho o Senhor em meus pensamentos não há lugar para o que não convém a um filho de Deus pensar. Desse modo, procuro seguir o que São Paulo ensinou: “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus. Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos.” (Fil 4,6-8).
 
Em segundo lugar, os meios de comunicação que atraem nossos sentidos a fim de nos manter distantes da oração ou qualquer outro exercício de piedade. Temos que ter muito cuidado com a televisão, internet, rádios e outros meios de distração que tentam tirar nossa concentração das coisas santas. Normalmente procuro filtrar o que vejo nesses meios de comunicação; e mesmo assistindo-os, procuro não me deixar levar por eles, pois, tenho sempre em mãos o controle e com isso posso exercer minha autoridade sobre o que devo ou não devo assistir; todavia, procuro manter a vigilância e a oração, visto que nada acontece sem minha permissão, assim afugento o que não é alimento para minha alma.
 
Em terceiro lugar, as conversas frívolas, principalmente a respeito da vida alheia; por isso, procuro não falar mal de ninguém e também evito que falem mal dos outros à mim, pois, a coisa mais fácil do mundo é comentar as fraquezas alheias; julgar e condenar os outros. Assim, para vencer tal tentação, procuro ouvir o Senhor: “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados;   dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também.” (Lc 6,36-38).
 
Existem ainda outras fraquezas que nos impedem a perfeita comunhão com Deus, quais sejam: preguiça espiritual; o não serviço ao Senhor; interesses pessoais; busca de satisfação meramente instintiva; autopromoção; desmotivação; superstições, medo, e todos os pecados mortais. Quanto a estas imperfeições temos que ter o maior cuidado, porque elas são meios por onde o mal penetra e age em nossa vida cada vez que as permitimos. Por isso, sejamos atentos para não cairmos em tentação.
 
Por fim, para se nos manter em estado de graça permanente, precisamos experimentar o fruto dos exercícios espirituais que praticamos, ou seja, gozar das graças que o Espírito Santo nos comunica, seja pelo arrependimento sincero quando falhamos; e para isto, temos o sacramento da confissão; seja ainda pela união com Jesus Eucarístico, alimento perfeito de nossa salvação; pois, quando comungamos o Senhor, Ele age nos purificando e nos santificando para que permaneçamos em sua presença em espirito e verdade como verdadeiras células do seu Corpo, a Igreja, que é a parte visível do Reino de Deus neste mundo.
 
Paz e Bem!
 
Frei Fernando,OFMConv.