UM ESPINHO NA CARNE
O apóstolo Paulo dizia que tinha um espinho em sua carne, algo difícil de suportar. Não ficou claro na Bíblia se era esse espinho físico ou espiritual. Não nos importa o tipo de aguilhão que o feria, apenas sabemos que pediu a Deus por três vezes a libertação desse mal. A resposta divina da petição para o apóstolo veio numa frase: “...A minha graça te basta...” Certo é que não faltava espiritualidade no Apóstolo para que fosse atendido pelo Criador...
Nossa oração deve estar de acordo com a vontade de Deus. Não é porque Ele não atende determinado pedido que podemos dizer que não nos ouve, pois o Senhor vê, ouve e sabe todas as coisas. Promessas como a contida no livro de João 15.7 (Pedireis o que quiserdes e vos será feito), muitas vezes são mal-interpretadas e isso frustra pessoas fracas na fé e sem compreensão da Palavra de Deus. Ao lado disso, em Tiago 4.3, diz a Palavra que pedimos mal, não sabemos pedir, porque não levamos em conta a vontade do Pai.
Também é fato que muitas vezes a profundidade da fé pessoal é questionada por nós mesmos e/ou por terceiros, ou pela própria família e isso, normalmente, concorre para enfraquecer ainda mais a confiança de alguns, os quais deixam de basear a sua fé no poder do Nome de Jesus, para confiar, em sua precária condição, estando estes fadados a cair em descrédito. Devem, ainda, ser consideradas como razão de dores e sofrimentos as escolhas erradas que fazemos, decisões para as quais não houve consulta ao Senhor.
Sabemos, que o Senhor opera de acordo com sua Santíssima vontade e Ele permite que certas coisas nos ocorram ou permaneçam nos incomodando, levando-nos ao sofrimento e à dor, por um propósito específico e especial. Muitos, ao verem suas petições atendidas, esquecem o Senhor, não querem mais dEle depender. Conviver com algo que nos sacrifica de alguma forma, sem lamúrias, sem queixas exageradas, nos entregando e entregando nossa vida no altar de Deus, todos os dias, é um exercício diário de fé, pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza. Conviver com coragem e confiança com aquilo que nos desagrada é sinal de fé.
O Senhor tem o melhor para nós. Quando o pão foi multiplicado por Jesus, não significou apenas e tão somente o atendimento de uma necessidade física imediata, mas que uma bênção maior, a espiritual, alcançava todas aquelas pessoas naquele momento. Quando o cego passou a ver, o coxo a andar sem tropeços, não se limitou a benção a um ato físico, mas numa oferta de salvação.
Precisamos segurar essas bênçãos. Incontáveis são as graças que recebemos no dia a dia, muitas que até ignoramos, porque ainda estamos ligados apenas nas coisas que não temos ou que queremos muito e ainda não fomos contemplados. Se ainda há espinhos em nossa vida e Deus os tem permitido, convivamos com eles sem abandonar o ministério para o qual fomos chamados, o amor a Deus e ao próximo, a leitura da Palavra, e a congregação dos irmãos em Cristo.
Poderemos, assim, compreender e aceitar o que Deus nos tem proposto, para que mudemos nossa visão espiritual e não desviemos os olhos de Jesus, o autor e consumador de nossa fé, que nunca pecou e sofreu mais que todos. Entreguemos a Ele, nossa dor, mágoas, desdéns e outros espinhos que nos ferem e Cristo curará todas as feridas de nossa alma e de nosso coração.
"E para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2 Coríntios 12:7-9).