Almas é Pedaçõs
Alma e Pedaços
Compreender a alma não é uma questão fácil. Talvez, por ela ser um dos corpos mais abstracto que a metafísica comporta; sendo o tempo o oráculo primordial das almas, os pedaços fazem a retórica metafórica das vivências. Aparentemente a afirmação deste prenúncio denota um certo neoliberalismo, mas não tanto quanto pensamos; tudo está bem escrito no código de vida que as almas codificaram nos nossos neurónios.
Numa alma se encontram pedaços, pedaços materializados em memórias que vivem e sonham; memórias que se tornam espectadores profissionais das vivências que por sua vez relatam as conversas do âmago, embora com uma certa timidez, descrevem o que a alma vive e resmunga enquanto prisioneira do corpo.
Os pedaços são como a fala no homem e a dialéctica aos eruditos, tal é com a alma, sem os pedaços a alma não se comunica fora do seu contexto. Toda alma se alimenta, veste como qualquer ser e faz perícias do corpo que lhe acorrenta; é como uma ave com habilidades de voar além, mas que o contexto lhe mede o voo a fazer.
Dependente luta e sonha com a sua independência que ao ver parece ser algo descabido ou inconcebível, já que sem o corpo a alma é apenas um alheio, sonhando faz retórica de tudo que observa no universo das vivências que o corpo está propenso, enquanto aliada ao corpo faz a sua mística poética dando corpo e forma nas vivências.
Desde então sendo a alma imortal que presumo ser real e refutável, o corpo é apenas uma vestimenta da alma, não necessariamente que seja uma carcaça, mas uma vestimenta que lhe da corpo e forma; só que precisamente sem o corpo a alma nada representa.