A linguagem à respeito de Deus

O que falar de Deus?

Como falar de Deus?

Qual a linguagem para falar de Deus?

Estes são um dos questionamentos do autor. No capítulo nono, A linguagem a respeito de Deus, a apresentação da estrutural formal sobre o tema sulinha a existência do paradoxo, metáfora, simbolismo e da analogia a qual todos participam acerca da expressão e representação sobre o Criador.

No verso da realidade de Deus a linguagem deve ser equalizada segundo esta mesma natureza.

Mas como falar do “Não Presente”?

O cotidiano que nos que nos pertence está imerso na presença e a ciência, por sua vez, desenvolveu-se nos processos de classificações, no mundo dos seres, mensuráveis, objetivas para o objeto. Por meio dela, a ciência, o subjetivo é e marcado pelo imparcial, sem perder seu caráter determinante, definido, concreto, factual. Assume, por sua vez o status quo de modelo, padrão.

Porém, a vida humana não apresenta o pós-limiar do físico como existência excludente. Muito pelo contrário, o mundo afísico existe e é fundamental para a existência humana: psíquico, emocional, dos anseios.

A psicologia, por exemplo, atua na mediação entre o objetivo, enquanto ciência, mas mergulha no mundo simbólico enquanto trato da realidade humana, subjetiva.

Em meio a arte, a subjetividade, o real e o irreal não permeiam mundo físico, mas sim, o universo dos sentidos e significados. O mesmo acontece com o mundo religioso.

Neste viés G. Durand sublinha que os mundos psíquicos, estéticos e religiosos, em suas linguagens, são chamados de ausentes e são impossíveis de uma participação descritiva cuja lógica-empirica seja a base de sua afirmação.

Assim, tudo o que se pode falar sobre Deus é, em verdade, uma analogia.

Dentro deste processo comparativo, o vocabulário de expressão está imerso na experiência humana. Por outro lado, há a busca de um sentido de negação a própria natureza humana visto que Deus tem de ser superior a esta natureza.

Então, afirmar, negar, ultrapassar o afirmado e negado torna-se a contribuição á linguagem acerca de Deus, que por sua vez, coloca o Divino além deste mundo e a cima de todo o conhecimento.

No entanto este processo mental e contemplado pela analogia torna-se uma ação-limite quando busca resolver e responder grandes questões do mundo, do cosmo e de Deus. Para tal proximidade é necessário, pelo menos uma linguagem apropriada, uma expressão-limite para experiência limite.

A linguagem simbólica, por sua vez, não tem por função a descrição do objeto, mas sim, por intermédio dos símbolos, a busca do vislumbre dessa realidade última que dá sentido a realidade e a existência uma espécie de iluminação ou despertar de uma realidade distinta. Ela, a linguagem simbólica, é a tentativa – “a melhor que temos” - de tentar apresentar uma expressão plausível que revele o inexprimível.

Segundo o autor, a penetração no símbolo, seu desvelar, afeta o leitor - seu interprete – de forma tal que se cria um novo espaço, outro universo para se viver.

Frente a este realidade, entre limite e alcance, a configuração poética, simbólica, é capaz de oferecer uma imersão, um aprofundamento radical ao universo humano, sob si mesmo e a realidade que o cerca, inclusive religiosa.

Assim, existe um equívoco ao pensar que a linguagem simbólica remeta o homem ao âmbito da ilusão, por ser ela elemento gerador de um universo cujo objeto não é físico, muito pelo contrário, oferece verdade, não lógica ou empírica.

Seu estado de existência caminha além de tudo o que pode expressar, em suas limitações de gênero e configurações.

Por esta razão é necessário purificar a linguagem e submetê-la à crítica acerca de Deus e suas representações, quer seja no âmbito religioso ou não. Por outro lado, sem o devido apoio simbólico, cuja identidade expressiva recaia sobre o dogmatismo e fundamentalismo, tudo se torna paralisado frente à intimidade com Deus, em cuja pedra do entrave reflita apenas um falso realismo.