Salvação no Antigo e no Novo Testamento

A Salvação no Antigo Testamento é vista, majoritariamente, mas não exclusivamente, como um ato real, muito mais uma libertação coletiva e nacional que uma libertação pessoal. Vemos isto especialmente nos livros históricos, já que nos Salmos é mais freqüente aparecer o indivíduo como objeto da salvação de Deus. Quando os profetas interpretam as grandes calamidades nacionais como castigo de Deus pelos pecados do povo, fica claro, para Israel, que a salvação da nação tem como antecedente e condição o arrependimento, a confissão e o perdão de Deus (Is 59.1,2; Jr 4.14; Jl 1.14; 2.12-14). Este aspecto de libertação nacional é o que destaca, precisamente, a teologia da libertação, desenvolvida na América Latina, esquecendo, em alguns casos, o aspecto individual e pessoal em que aparece a salvação no Novo Testamento e também em muitas passagens do Antigo Testamento. É importante o progresso que se observa na significação da libertação de necessidades e perigos temporais (Jz 15.18; ISm 10.19; 2Sm 22.3); imediatamente se considera o povo escolhido como objeto da libertação, na saída do Egito através do Mar Vermelho (Ex. 14.13; 15.2) ou na volta do cativeiro (Is 45.17; 46.13; 52.10); finalmente, faz-se uma fixação sobre a libertação do pecado (Is 33.22ss; Ez 26.28ss); assim, a palavra passa a ser expressão da graça espiritual messiânica, que é o sentido majoritário que vemos no Novo Testamento. Isto quer dizer que a salvação tem expressões definidas na história que Israel viveu, mas também se projeta para o futuro como uma esperança.

O sujeito do ato salvífico era o próprio Deus; e quando não era ele, era alguém designado por ele (Ex 15.2; SI 3.8; Jn 2.9; Jz 15.18; I Sm 14.6 etc.). Em qualquer situação de perigo real, o "israelita no campo de batalha (Dt 20.4), ou do fiel diante de uma enfermidade ou angústia moral (SI 6.5; 69.2 etc.) volta-se para Deus para obter sua libertação e sua salvação".

O que se diz de “YHWH” no Antigo Testamento como Aquele que opera a salvação, vai-se dizer no Novo Testamento com relação a Jesus Cristo. Se no Antigo Testamento sempre é Deus quem age na salvação, embora em alguns casos se mencione um instrumento humano da salvação, não teremos dificuldade em entender que se dê este título (Salvador) a Deus no Novo Testamento, sendo Cristo o instrumento da salvação. Apenas acontece que, neste caso, o Autor da salvação, que é Deus, e o Instrumento da salvação, que é Cristo, coincidem: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (2Co 5.19). Tão importante como dizer que Cristo é o Salvador, é tornar claro que Cristo salva. Somos salvos de nossos pecados (Mt 1.21; Lc 1.77; At 5.31), da condenação (Jo 3.17; 12.47), da perdição (Mt 16.25; Mc 8.35; Lc 9.24; I Co 1.18; 2Co 2.15; 2Ts 2.10), da morte (Tg 5.20; Lc 6.9; 2Co 7.10), da ira de Deus (Rm 5.9; ITs 5.9,10)

O Novo Testamento salientará diversas vezes que a salvação que Cristo oferece ao pecador tem um preço muito alto: seu próprio sangue. O "sangue" era, para a mente judaica, a expressão da própria vida. Quando o Novo Testamento faz menção ao sangue de Cristo, trata-se de uma expressão que designa sempre a morte de Cristo em seu significado salvador, abrangendo seu sentido mais amplo e completo. Deus ofereceu Cristo como propiciação por meio da fé em seu sangue (Rm 3.25); por seu sangue estamos justificados e fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho (Rm 5.9,10); a redenção, o perdão dos pecados, também se obtém por seu sangue (Ef 1.7; Cl 1.14); a unificação de todas as coisas em Cristo também é resultado desse sacrifício (Ef 2.13; Cl 1.20).

ICCV
Enviado por ICCV em 14/10/2011
Código do texto: T3275970
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