"Evangelho apostólico" X "Evangelho humanista"
As bases humanistas se fundamentaram com o Iluminismo, que buscou libertar o cristianismo dos dogmas e princípios religiosos considerados irracionais. Quando o Iluminismo estava no seu ápice, a fé no governo de Deus passou a dar lugar à fé no progresso humano. O mundo moderno passou a tolerar o exercício da religiosidade numa dimensão utilitária e privada.
Com o passar do tempo, dois grandes grupos formaram-se: os fundamentalistas e os liberais. Os liberais desmistificavam a Bíblia, buscando moldá-la ao gosto do homem moderno. Já os fundamentalistas batalhavam pela perfeição das Escrituras. Porém, a mentalidade humanista contaminou a ambos os grupos.
Enquanto o humanista diz que todas as coisas devem ser convocadas para promover a felicidade humana – “Você merece ser feliz! Deus te deve isso!” – o verdadeiro cristianismo prega outra dimensão de fé, onde Deus é o fim último da existência, e buscar felicidade fora de Deus é viver vazio e frustrado. Porém, ao desfrutarmos de Deus, desaparecem os sentimentos de lamentação, pois nossa aceitação se alicerça em seu amor, e não nos desempenhos humanos. Por isso as pessoas da pós-modernidade são infelizes, mesmo possuindo tantos bens materiais, pois mesmo assim continuam tristes e incompletas. Enquanto não descobrirem em Deus a razão de suas vidas, serão infelizes.
A igreja primitiva, mesmo passando por perseguição, sem os Templos suntuosos e a facilidade da mídia ou das ferramentas de markenting, pregava o autêntico evangelho, o que resultou em toda uma geração convertida, mesmo que converter-se significasse arriscar sua própria vida. Hoje, por mais que se prometa felicidade e resolução dos inúmeros problemas por parte de Deus, as pessoas permanecem impassíveis diante da pregação desse Pseudo-evangelho. O “evangelho” hoje pregado é alicerçado na Teologia da Prosperidade, e não trabalha o caráter do homem natural. O Evangelho utilitarista e humanista não resolve o problema principal da humanidade, que é o pecado!
Carentes por qualquer coisa ou pessoa que as possa ajudar a melhorar as suas vida, o povo não oferece muita resistência quando falamos de um “salvador” que, teoricamente, lhes proporciona uma saída fácil. Por isso o “evangelho” humanista tem gerado consumidores de religião e não servos. As pessoas vão às igrejas para receber alguma coisa de Deus, e não para se deixarem moldar por ele. Por isso as atitudes dentro das igrejas tem sido carnais, pois não pereceu a velha criatura, que continua bem viva no coração dos fiéis, que aliás não têm sido tão fiéis assim. Vemos igrejas lotadas, cultos espalhafatosamente carismáticos, cânticos intensamente emotivos, porém pessoas menos compromissados.
No Evangelho humanista, Deus é adorado pelo que dá, e não por quem Ele é. Este evangelho baseia-se na troca. A atitude já não é a de se colocar ao dispor de Deus, mas a de receber bênçãos. As próprias celebrações mudaram seus formato, seu própósito. A ênfase na explicação e reflexão Bíblica foi substituída por uma tônica mais confrontante contra os poderes do mal. Muitos Pastores gastam a maior parte do tempo expelindo e repreendendo demônios, quebrando maldições, decretando e reivindicando bênçãos. As Igrejas tem se tornado supersticiosas, aderindo à ritos, como a água orada, materializando a fé.
Em contraste com a Igreja Apostólica, a Igreja atual não mais persevera na “Doutrina dos Apóstolos”, mas antes caminha conforme os anseios dos seus clientes, ignorando a pregação da mudança de vida, do arrependimento e do amor sacrifical. A ênfase está num mal externo e não naquele latente, que surge da fraqueza do próprio coração do homem. A intimidade com Deus é medida pelas posses de um cristão, esquecendo-se que o “Filho do Homem não tinha onde reclinar sua cabeça”.
Se a igreja deixar de lado a Sã Doutrina, a verdadeira Teologia, não poderá responder aos seus impasses com legitimidade espiritual.