Por que tarda o pleno avivamento?

Vivemos em um período conturbado, quando plenitude de bênçãos materiais muitas vezes é usada para definir o status espiritual de um cristão – seu estágio de santificação. Vivemos em meio a uma Igreja humanista e egocêntrica, marcada pelo determinismo, onde Deus é caracterizado mais como uma ferramenta para alcançar nossos objetivos, os quais temos o “direito” de exigir, de determinar. A vontade do homem e o “império do eu” estão assentados no trono dos nossos corações, enquanto que Deus está guardado no quarto dos fundos, naquela caixa de ferramentas velha, pronto para ser usado quando nós encontrarmos algum defeito a ser corrigido em nossos “sonhos idealizados”... Sonhos de homens, movidos por um coração enganoso, mas que dificilmente são os sonhos de Deus. E é claro, num sonho como este não existe lugar para o vizinho alcoólatra, para o primo drogado ou para o mendigo da esquina. Tampouco se abrirá mão do apartamento confortável, das roupas de grife ou do carro de luxo, subir um morro de uma favela, ou embrenhar-se no sertão nordestino para anunciar um Cristo vivo e transformador, afinal de contas, “nós temos direto a todas aquelas coisas”, caso contrário seremos fracassados espirituais. Não existe mais aquela paixão pelas almas que moveu Paulo, John Hus, Wesley, Finney, Moody, Spurgeon e tantos outros. Aquele amor incondicional, que move o homem a negar a si mesmo em favor daqueles que ainda não foram vivificados por Cristo. Vivemos na era da Teologia da Prosperidade, da materialização da fé, do comodismo e da conformidade. O avivamento é muitas vezes confundido com “movimento”, resultando em aviltamento. Segundo John Stott, avivamento ou reavivamento como: “... uma visitação inteiramente sobrenatural do Espírito soberano de Deus, pela qual uma comunidade inteira toma consciência de Sua santa presença e é surpreendida por ela. Os inconversos se convencem do pecado, arrependem-se e clamam a Deus por misericórdia, geralmente em números enormes e sem qualquer intervenção humana. Os desviados são restaurados. Os indecisos são revigorados. E todo o povo de Deus, inundado de um profundo senso de majestade divina, manifesta em suas vidas o multifacetado fruto do Espírito, dedicando-se às boas obras” (A verdade do Evangelho, p. 119).

Todos os despertamentos históricos foram marcados em contraposição por desvios e abusos que tentaram passar por avivamento, mas que nada mais eram que aviltamento. Vivemos um destes períodos, no seio de uma “igreja” que aguarda com expectativa um avivamento que nunca chegará, pois os caminhos deste avivamento não foram lavrados pelas mãos que um dia pegaram no arado...

ICCV
Enviado por ICCV em 23/09/2011
Reeditado em 23/09/2011
Código do texto: T3236869
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