UMA VIDA NO PASSADO

UMA VIDA NO PASSADO

Aqui um sol lindo, um vento forte e o cheiro da primavera. O marulhar das ondas se misturam ao som das folhas nas arvores. Por traz da Igrejinha Católica, o morro reluzente de areias deslocadas pelo vento. Com a mão espalmada acima das vistas vislumbrei o belo canário que não mais se repetiria, assim, senti um frio a percorrer-me a espinha, uma gota de suor rolou-me a face e mergulhei na janela do tempo, devido a grande velocidade com a qual me deslocara, perdi momentaneamente os sentidos, mais vôlei e acordei deitado na relva molhada pelas primeiras gotas de orvalho da madrugada. Passei a língua sobre os lábios, volvi as vistas ao redor e então percebi encontrar-me em uma era distante, um passado que só existe nos livros de historia ou encenados os filmes que relatam dramas de tempos passados e outras vidas. Levantei-me e cruzei o bosque de ciprestes, mas estanquei ao deparar com um casario de edificações estoicas, as pessoas circundando com roupas do século XV eu estava abismado até o vento jogar sobre mim um antigo jornal impresso precariamente intitulado A Tarde de cuja data impressa era 16 de março de 1555, assim notei que me encontrava nos arrabaldes de Paris. Senti-me como um peixe fora d´agua, não sabia se devia ir mais adiante averiguar, sentir, ver o porque estar aí ou simplesmente ajustar o foco de minha mente fazendo questão de preservar o momento que nunca existira de verdade . Mais como expicar a mim mesmo? Bati com a palma da mão com força nas faces para saber se estava mesmo acordado e estava. Caminhei entre as edificações esquivando-me para não ser visto pois temia as consequências em explicar que eu era um home do futuro, e mais adiante parei, fitei meu olhar em uma mulher que não era nada mais que uma velha namoradinha de uma festa de São João no ano de 1968, a mesma Irany Martins, leve solta e sorridente. Usava um vestido primaveril de tecido diáfano que parecia flutuar ao seu redor enquanto ela andava e estava de mãos dadas com um rapaz um pouco mais baixo: alinhado, de cabelos curtos ruivos, sandálias e colarinho desabotoado. Passaram sob a sombra bruxuleante dos sicômoros em meio ao zumbido penetrante das abelhas. Fiquei atônito com a com a e tive ímpetos de correr até ela pegar-lhes pelas mãos e dizer: eu te amo, mais nada fiz.

A brisa morna como um hálito deslizou sobre o meu corpo e meu coração fora tocado pela tristeza, eu voltara a um passado distante sem saber o porque e soube que seria para te ver mais uma vez sem poder tocar o teu corpo e nem beijar os teus lábios como em 1968, foi bom...

Desperto por um vozerio entremeado de gritos de um bar quando ela passou, olhei as silhuetas ensombrecidas, dos soldados de casacos azuis empunhando carabinas me apontavam e gesticulavam ameaçadoramente. Estonteado ante o eminente perigo corri em direção às arvores, ouvi os estampidos mais entre uma passada e outra eu me ví no ar em altitude fascinante e veloz como um raio, foi como se eu desse cem cambalhotas em um único minuto, caindo exatamente no lugar de partida, assim o destino descortinara abrindo-se as persianas do tempo oferecendo-me esse momento para saborear esse vislumbre da vida encerrado naquele cenário e emoldurado pelo céu azul, o mar e pelo fícus que ainda não caíra e a obscuridade do crepúsculo que se aproximava mais ainda me permitiu ver ao longe uma leve fumaça que escapava da chaminé que cruzava o largo em direção ao norte. Senti em meu coração um alivio e minha mente acusou uma certeza absoluta de que vocês é INSUBSTITUÍVEL homens são todos direta ou indiretamente dependente das mulheres e que a alma é imortal e em centenas de vidas outras que não essa sempre terá uma historia para contar.. Porque então não aventurar-se?