HUMANIZAR A HUMANIDADE

A versão mais antiga, menos mitológicca e mais teológica, da Bíblia narra que Deus criou a humnidade à sua imagem e semelhança. E criou-a homem e mulher (cf. Gn 1,26-27). Mas a versão mais conhecida popularmente é uma pasagem posterior da Bíblia, em que se diz que Deus criou primeiramente o homem e depoiis a mulher. Esta versão, é verdade, tem também uma mensagem teológica, mas a sua forma é mítica. Por isto, é muito mais profunda a narração em que se afirma que Deus criou a humanidade à sua imagem e semelhança. Mas esta humanidade degenerou e se afastou do plano de Deus, desumanizando-se. Por isto, Deus enviou seu Filho para regenerar a humanidade. Jesus Cristo se apresentou como o Caminho para a regeneração da humanidade, segundo o plano de Deus. E a mensagem dos Evangelhos ensina que os seguidores de Cristo têm a missão de assumir a mensagem de seu Mestre e Salvador, contribuindo na humanização da humanidade. Esta é a mensagem de Jesus de Nazaré, um homem que viveu há mais de dois mil anos em terras da então Palestina. Para os cristãos ele é mais do que homem. Mas, também para não-cristãos, ele é um hommem extraordinário que, com sua mensagem, transformou a civilização antiga, e permanece um norte para os nossos tempos.

Meditando a mensagem de Jesus, e se encaminhando por sua espiritualidade, o homem desumanizado de todos os tempos pode se restaurar. O humanismo de Jesus, é um humanismmo sem guerras, sem injustiças, sem opressões, sem fome, sem misérias, sem doenças, sem alienação. Por isto, o discípulo de Jesus de Nazaré é um homem que se engaja por um mundo sem miséria, um mundo sem fome, sem guerras, sem violência, um mundo de paz e de justiça. Esta é a verdadeira mística da mensagem cristã. A missão do homem não é imitar alguém, mas se orientar por caminhos que contribuam para a humanização da humanidadde. E este caminho ainda nos aponta a mensagem deste homem que nasceu em Nazaré da Judeia. Esta mensagem está envolvida pela compreensão de que o homem participa de uma propriedade divina que é o seu logos, isto é, sua inteligência, sua racionalidade, sua sabedoria, sua dimensão espiritual. Na compreesão judaico-cristã, Deus fez o homem como um "deus" na terra. Entregou-lhe este pequeno planeta do Universo para que ali compartilhasse a sua sabedoria, a sua admiração, a sua espiritualidade com todas as criaturas, e, principalmente, vivesse em solidariedade com todos os seus irmãos humanos. Esta é a proposta do Deus cristão. Se a história da humanidade não caminha assim, isto não é culpa deste Deus, mas do homem. O homem foi aparelhado para que encontrasse nas criaturas visíveis os sinais do Deus invisívvel. E ao criar o universo com todas as suas criaturas, os ensinamentos cristãos ensinam que Deus declarou que tudo o que havia feito era bom (cf. Gn 1,31). Diante destas constatações da dignidade com que Deus criou o homem, da espiritualidade e da capacidade racional com que o dotou, se as coisas não estão indo bem na terra, se falta solidariedade, fraternidade, respeito, e o homem e a natureza são maltratados isto, exclusivamente, se deve atribuir ao próprio homem, por sua ignorância e maldade. Por isto, o Homem de Nazaré, com certeza, faria a seguinte admoestação à humanidade do nosso tempo: sejam humanos, contribuam para que o ser humano permaneça humanizado, que assuma seus dons racionais e espirituais, expressão da divindade que criou a humanidade à sua imagem e semlhança.

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Inácio Strieder é profesor de filosofia - Recife/PE