Sobre a inquietação humana acerca de sua existência
Trago dentro de mim, a mesma inquietação dos filósofos, a sede insaciável pelo conhecimento, almejo a sabedoria. Essa inquietação faz com que eu busque as respostas para as questões primeiras de nossa existência, isso é praticar a filosofia no cotidiano.
Questões que movem o pensamento humano, provocando a reflexão, instigando a sublime arte de filosofar, o homem sempre buscou afugentar o fantasma do vazio existencial, aonde ao longo de sua vida, sempre vêm à tona, os questionamentos de sua adolescência: “De onde venho?” “Para onde vou?” “O que estou fazendo aqui?”
Filosofar é algo apaixonante, é a eterna busca pelo indivíduo, muito bem representada nas obras do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard. Os homens que julgam tudo saber, na realidade são tolos por excelência, quanto mais avançamos no conhecimento humano, chegamos a conclusão que absolutamente nada sabemos e quão diminuta e ínfima é nossa pretensa sabedoria, representada na máxima de Sócrates: “ Só sei que nada sei”.
René Descartes, grande homem de seu tempo, também se dedicou com afinco a esta questão inquietante, concluindo magistralmente em sua Magnum Opus (Magna Obra), “Discurso sobre o método”, a seguinte afirmativa: “Cogito ergo sum” (“Penso logo existo”).
O grande teólogo e filósofo Agostinho de Hipona, um dos Pais da Igreja Latina, busca na transcendência a resposta para este dilema milenar, afirmando categoricamente em suas “Confissões” (autobiografia): “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti ó Deus!”. Acalmando assim aqueles corações religiosos mais aflitos. Em contrapartida a este pensamento, séculos mais tarde, Feuerbach afirma: “O homem vai hierarquizando os seus sonhos, o mais bonito ele dá o nome de Deus. Assim o homem criou Deus a sua imagem e semelhança.” Esta afirmativa, mais uma vez traz instabilidade a muitos corações inquietos que buscam incessantemente o fim último da razão de sua existência.
Mas meu objetivo aqui não é buscar respostas na esfera transcendental, pois estaria entrando inevitavelmente no campo religioso, para isto depende muito da fé de cada indivíduo, não quer dizer que eu não tenha, mas meu interesse é não ultrapassar os limites da filosofia, não pretendo entrar em querelas metafísicas, busco respostas no cerne do existencialismo humano, concluir com uma afirmação puramente metafísica seria muito fácil, exemplo “Deus criou o homem e ponto final”, como citei antes, para entoar esta premissa é questão de fé individual, mas isso me levaria à acomodação e afirmo que as grandes descobertas, avanços que aconteceram ao longo da história, foi justamente porque os homens não se acomodaram e muito menos se conformaram diante dos primeiros resultados de suas pesquisas, buscaram sempre mais! Além do comodismo, isso extinguiria a chama da minha busca inquietante. Mas a inquietação exige mais! Busca apaixonadamente a sabedoria, a sapiência, o esplendor do conhecimento.
Não estaria praticando o princípio básico da filosofia se concebesse da forma citada acima, que não devemos dar fácil aceitação as coisas sem antes ter questionado e entendido. Já dizia Sartre, “o existencialismo é um humanismo”, colocava também que “a existência precede a essência”.
Concluindo esta reflexão inquietante e um tanto provocativa, já que vivemos em um eterno retorno, onde os fatos se repetem, volto nos primórdios do pensamento filosófico, mais precisamente ao Portal do Templo do consagrado ao deus Apolo em Delfos, onde estava gravada a seguinte afirmação: “CONHECE-TE A TI MESMO E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES”