Aconselhamento pastoral e o sentimento de culpa
Aconselhamento pastoral e o sentimento de culpa
A bíblia é categórica em afirmar que quando confessamos nossos pecados Deus os lança no mais profundo abismo e deles não mais se lembra. E, que, o amor de Deus manifesta, mediante Sua Graça independe do meu comportamento, atitude etc, não há nada que possa fazer para que Ele (Deus) me ame mais e não há nada que possa fazer para que me ame menos. Há pessoas que ainda não compreenderam essa forma de Deus se relacionar com a criação, e são implacáveis consigo mesma não conseguem se perdoar transferindo para as suas relações. Paulatinamente isso a destrói. Eles não conseguem desfrutar da vida de Deus em sua vida.
Para essas pessoas que também vem Jesus. O Espírito de Deus estava sobre Mim (Jesus) proclamar as boas novas aos quebrantados, curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e libertar os algemados “SS 61:1.” “Não vim para os sãos, pois não precisam de medico, vim para o doente”
As pessoas que vivenciam o problema supracitado estão com alma enferma precisando de cura, são prisioneiros de seus sentimentos vivem no cácere de suas emoções precisando de libertação, mas não conseguirão sozinhas necessitam daqueles a quem deus incubiu de alimentar a alma e o espírito e até mesmo o corpo, o pastor. O pastor é quem apresenta as ovelhas de Cristo.
O presente ensaio visa realizar uma síntese sobre o sentimento de culpa, os tipos de culpa, origem e conseqüências, definição de aconselhamento pastoral, cuidados e habilidades necessárias ao pastor.
I Sentimento de culpa
O sentimento de culpa tem um caráter universal na experiência e existência humana a forma de expressá-lo é que varia de cultura para cultura, religião para religião... Afetando a relação do ser humano consigo mesmo, com o outro e com Deus.
Culpa pode ser definida como “uma condição moral ou legal que resulta da violação de uma lei escrita, moral, intuitiva ou espiritual” segundo Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia.
1. Origem da culpa
As razoes para o sentimento de culpa ou da culpa são diversas assim como os tipos de culpas.
Segundo Collins (1988) as causas podem ser:
1. Aprendizado passado e Expectativas pouco realistas – ocorrem quando se estabelece padrões e expectativas (morais, profissionais, espirituosas etc) irreais além das condições e possibilidades do individuo. Isso pode iniciar com os pais que exercem uma cobrança agressiva não se satisfazendo os resultados do filho. Com isso a criança é culpada, condenada, criticada e castigada que se sente um fracasso. Como resultado, surge a auto-acusação, autocrítica (doentia), sentimentos de culpa e inferioridade persistente.
2. Inferioridade e Pressão social – Para Tournier, toda inferioridade se manifesta em um sentimento de culpa. Nosso auto-conceito é formado pela opinião e criticas alheia. Os padrões da sociedade, que não respeitam a idiossincrasia humana, quando alcançadas pode provocar sentimento de culpa por se sentir inferior.
3. Desenvolvimento falho da consciência - A consciência não é dada nem estabelecida quando nascemos mas formada e moldada n0o processo de desenvolvimento e interação.
É a partir de Freud que se afirma isso, moldagem que ocorre bem cedo pelas proibições e expectativas dos pais. A criança aprende a agir de modo a receber elogios e não castigo. Quando a criança é educada é um regime moral primitivo, critico, ameaçador ou exigente demais, a criança se torna, irada, rígida e sobrecarregada por um sentimento de culpa
4. Influências sobrenaturais – Antes da queda do homem esse não tinha o conhecimento do bem e do mal, portanto, não havia experimentado o sentimento de culpa. Que veio ocorrer com a queda. Na bíblia entre os nomes referente ao diabo tem o significado de acusador. O diabo intentará acusações contra os homens lançando em face o passado objetivando o sentimento de culpa nos homens fazendo com que se sintam devedores a Deus nem experimentam a graça e a misericórdia de Deus na pessoa bendita de Jesus Cristo.
Merval Rosa em seu artigo Culpa e perdão pela Revista Epistemê, escrevendo sobre a origem do sentimento de culpa afirma:
“O ser humano, aparentemente, é dotado de um mecanismo inato de internalização das ordens e proibições dos pais, que funciona mesmo na ausência deles. Em linguagem psicanalista isso significa a existência de um superego que representa a consciência moral de todo ser humano normal. Em síntese, é uma ameaça que juntamente com suas imaginadas conseqüências são introjetadas pelo individuo. (...) Para Freud, advoga Tornier, o sentimento de culpa é fruto do constrangimento social... É a culpa angustiada dos tabus.”
Continua citando Tornier quando diz para Odier, o medo dos tabus, o medo de perder o amor de alguém ou a violação consciente de um sistema de valor introjetado pelo individuo.
“Para Adler continua Tounier, o sentimento de culpa surge da recusa de se aceitar sua inferioridade, enquanto para Jung a culpa surge de uma recusa de aceitar a si próprio, na própria consciência esta parte desejável de si mesmo, que Jung chama de sombra”
Já Knight, ainda citado por Merval, o sentimento de culpa é, uma forma de narcisismo ou idealismo móvel emotivo, interdizado dos seus professores em grande parte inconsciente e que torna as folhas no cumprimento desses valores ou suas exigências intolerável. Uma outra origem seria o fato de uma criança internalizar as imagens de pais carregados do sentimento de culpa. Ela se senti culpada por pecados, erros que não cometeu. Falta que a criança não podia acusar absolutamente ou abertamente os pais e sobre as quais não tinha poder.
Em suma, para a psicanálise o sentimento de culpa está estritamente ligada ao superego e...
“O superego pode ser muito cruel, pode criar angustia intoleráveis... põe em pratica suas recompensas e seu castigos... não faz diferença entre um fato consumado e o desejo de consumá-lo.” (Leon 1996)
2. Tipos de Culpa
O sentimento de culpa por ser um objeto presente na existência humana de caráter universal por se conhecido em todos os tempos, épocas e lugares apresenta vários tipos, segundo Collins. Em seu livro Aconselhamento Cristão divide em duas categorias: a culpa objetiva ocorre quando uma lei foi violada mesma que a pessoa não se sinta culpada. A culpa pode ser dividida em quatro tipos são eles:
“Culpa legal, referente à violação de leis sociais. (....) quer sejam ou não apanhada, quer sintam ou não remorso. A culpa social surge quando quebramos uma norma não-escrita, mas socialmente esperada. (...) a pessoa o individuo viola os seus padrões pessoais ou resiste aos apelos da consciência. (...) A culpa teológica, muitas vezes chamada de culpa verdadeira, envolve as leis da violação das leis de Deus.”
Quanto a culpa subjetiva continua....
“é o sentimento pouco confortável de pesar, remorso, vergonha e autoconfiança que surge com freqüência quando fazemos ou pensamos algo que sentimos estar errados, ou deixamos de fazer algo que deveria ter sido feito”.
Paul Hoff em O pastor como conselheiro apresenta a culpa fictícia que seria a culpa irreal ou irracional.
Merval Rosa em artigo já citado aqui, fala de três tipos de culpa: culpa real, culpa neurótica e culpa existencial, também conhecida como culpa de finitude. A primeira é normal no ser humano, sendo mesmo desejável por ser a consciência de um dano causado a alguém e busca restituir o dano causado. A segunda tem raízes no inconsciente individual, pois no processo de formação o individuo internaliza os valores que funcionará como sensor. Neste tipo, a intensão é igualada ao efeito ou ato de fazer, a pesso reage a intensão como se estivesse feito. Por mais que tente expiar a culpa nunca se sentirá aliviado. A terceira, demonstra a diferença entre que o homem é e o que ele poderia ser. Portanto, não resulta da violação de leis nem introjeção de valores mas da autoconsciência. Com as devidas observações pode contribuir para o desenvolvimento do individuo.
Odier fala da culpa funcional que resulta do medo de lobus e do medo de perder o amor de alguém e a culpa de valor que resulta da violação consciente dos valores introjetados pelo individuo (M. Rosa)
2.1. Identificando pessoas com sentimento de culpa e os mecanismos utilizados para reparação.
O comportamento humano apresenta uma lógica que o torna passivo de ser estudado e identificado. As pessoas carregadas por um sentimento de culpa apresentam alguns comportamentos identificatórios.
São ansiosas, cansadas e deprimidas, autocondenativas e odeiam-se a si mesmo. Apresentam atitude compensatória com boas obras e uso como o mecanismo de defesa a projeção.
Reinhold Ruthe no livro Aconselhamento Como se faz? Diz que as pessoas com forte sentimentos de culpa apresentam; complexo de inferioridade, são supersensíveis, possuem convicções errôneas (“Eu sou um fracasso!”), se odeiam.
Os que possuem sentimentos de culpa exagerados e doentios geralmente são: superconscienciosos, supermoralistas, escrupulosos, perfeccionistas, duvidadores, temerosos e medrosos neuróticos (Ruthe).
Collins também alguns comportamentos observáveis para identificar pessoas com sentimentos de culpas alguns já citados.
1. Reações de defesa – são atitudes que o individuo tem com o intuito de evitar responsabilidade pelos pensamentos ou atos que despertam culpa. A projeção e a introversão são exemplos de mecanismos de defesa.
2. Reações de autocondenação – aparecem na forma de ansiedade, inferioridade, desajustes, fraqueza, baixa estima, pessimismo, insegurança e autopunição levando-o a depressão e a pensamento suicida.
3. Reações sociais- são correlários da autocondenação a qual torna impossível, para quem sofre, manter seus relacionamentos sociais o que a faz se afastar tornando-se uma pessoa solitária.
4. Reações físicas – superando a visão cartesiana é notório a integralidade corpo-alma-espirito. Quando o corpo reage ao peso do sentimento de culpa. Por não suportar o corpo entra em colapso.
As pessoas com sentimento de culpa procuram aliviar sua alma se utilizando de alguns mecanismos tais como: reparação, confissão, racionalização ou projeção.
Jamais minimiza-o ou critique o sentimento de culpa, eles ferem e o conselheiro deve mostrar-se disposto a compreender, sem condenar ou esperar que o mesmo possa ser interrompido de acordo com a vontade da pessoa.
2. Discernimento – é levar o aconselhado a descobrir o que está provocando esse sentimento de culpa para que reagir conscientemente.
3. Educação – chamado de reeducação da consciência. Em principio lugar leva-lo a reexaminar seus padrões de certo e errado. Segundo, saber perguntar: “O que Deus espera de mim?”
4. Arrependimento e perdão – a Bíblia nos ensina que o arrependimento e a confissão são tudo o que precisamos para sermos perdendo.
Há um leque de técnicas de procedimentos que o pastor deve conhecer até mesmo dominá-la. Não há mal algum em se servir de conhecimento de psicologia pastoral mas deve reconhecer que somente a o perdão divino pode livrar o homem do complexo de culpa. A qual deve ser experimentada verticalmente e horizontalmente.
Bibliografia
COLIINS, Gary R. Aconselhamento Cristão, Editora Vida Nova, 1988, São Paulo.
HOFF, Paul. O Pastor como conselheiro, Editora Vida. 2002, São Paulo.
LÉON, Jorge A. Introdução à psicologia pastoral. Editora Sinodal, 1996. Rio de Janeiro.
ROSA, Merval, O ministro Evangélico: Sua identidade e integridade. 2ª edição, Editora Peres Ltda. 2001, Recife.
RUTHE, Reinhold. Aconselhamento – como se faz? Editora Luz e Verde, 1999, Curitiba.