CONCEITOS DE DEUS (Desabafo)

Existem várias religiões no mundo, todo mundo sabe disso.

Cada uma tem seu livro sagrado ou, pelo menos, seus rituais, seus preceitos e dogmas.

Nem todas têm um deus, como o Budismo, que se baseia apenas num mortal que se disse iluminado.

Nem todas sequer creem num deus único, como o Hinduísmo, que crê em vários deles, inclusive alguns assustadores, muitos com as duas facetas do bem e do mal coexistindo.

Nem todas creem num opositor de deus, como o Candomblé, que se relaciona com os orixás, que têm lá os seus defeitos e suas personalidades quase humanas e suas funções junto aos fiéis (tal e qual os antigos deuses gregos, que eram tão humanos que está na cara que são cópias do que os gregos eram, apenas sendo imortais e poderosos).

Algumas sequer creem num lugar intangível onde os desviados ou incrédulos pagarão por seus erros e crimes, como o Kardeceismo, que acredita na reencarnação na Terra para isso, apesar do Umbral estar lá, como uma escala entre uma e outra pena ou degrau numa certa evolução espiritual.

Sendo assim, surpreende-me que, quando se fala em Deus, todos subentendam que trata-se do Deus judaico-cristão.

Deus judaico-cristão... Pense bem. Isso não existe, é um contrasenso religioso, moral e histórico.

Só essa denominação 'judaico-cristão' já deveria causar estranheza e desconfiança, uma vez que os judeus não aceitaram Jesus como o Cristo e é claro que não se guiam pelo Novo Testamento. O Deus deles é o velho e justiceiro Deus dos Exércitos do Velho Testamento, que os cristãos não se constrangeram em colocar lado a lado com o novo deus, o filho.

Não sei como os judeus nunca processaram os católicos e por que não exigiram seus direitos autorias sobre seu livro, já que outra religião se apoderou de suas escrituras e a adulterou e ampliou.

Eu exigira, você não?

Ah, é verdade! Quase esqueci. Eles estavam sendo perseguidos, torturados e queimados pela nova religião, aquela do filho.

Quando alguém escolhe o deus que vai seguir, não deveria esperar que todos os outros seres humanos passassem imediatamente a segui-lo também.

Mas esperam.

Ok, então, por mais que eu me surpreenda com a clara arrogância de quem espera que eu creia no deus dele apenas por que ele acredita que está certo, surpreendo-me ainda mais com aquelas pessoas que não se contentam em adotar uma religião, decidem, vejam vocês, criar um deus pessoal, que só existe para ela e com os atributos que ela quiser.

Muitas pessoas afirmam categoricamente: eu creio em Deus, mas não desta ou daquela forma que está escrita na Bíblia (ou no Corão, ou nos Vedas, ou na Torá, ou o que seja).

Apropriam-se do nome e criam um conceito de deus, e passam a crer nele, como se bastasse sua crença para fazê-lo real.

Ei, espere um pouco... É isso mesmo! É exatamente isso: Basta que eu creia num deus e guie minha vida nele para que ele se torne real. Não foi isso que Jesus disse? "Eu sou o caminho, a verdade e a vida, quem crer em mim não perecerá, mas terá a vida eterna"...

Mas acontece que, sacomé, existe um nome para quem crê em coisas criadas pela sua própria mente, chama-se esquizofrenia.

São essas pessoas que leem algum dos livros sagrados de qualquer religião e dizem: sigo esta religião, mas o deus em que creio jamais faria aquilo que está escrito ali.

Há os analfabetos funcionais, incapazes de interpretar um texto escrito na sua própria língua, que leem, leem, leeem mas continuam afirmando que nada daquilo depõe contra o caráter amoroso de Deus (judaico-cristão) e que, se depõe, é por que os seres humanos não possuem inteligência para entender que um assassino não é um assassino desde que seja invisível.

Há os que são totalmente alfabetizados, letrados, cultos e o escambau, leem a Bíblia e sabem de tudo o que está lá descrito, mas continuam acreditando que serão felizes num Paraíso enquanto seus vizinhos, amigos, filhos, parentes queimam no fogo eterno.

É que do Paraíso não dá para escutar os gritos.

Sou intransigente, radical e arrogante, sim.

Sou racional! Preciso de lógica.

Minha mente é materialista, 'desde os 9 anos eu já desconfiava da verdade absoluta'.

E, se fosse para ser espiritualista, no mundo em que vivo, teria que ser louca.

Já há loucos demais por aí.