Sobre o meu batismo e o batismo católico

Meu irmão, minha irmã. Você não entrou neste link para ler a meu respeito, nem deseja saber sobre experiências extra-católicas. Pois bem. Você está certo! Este não é um curso de batismo católico. Mas o resultado de um trabalho, que é a presente conclusão. Quem ler este testemunho, que julgue-me, que julgue o batismo católico.

Em um passado significativamente remoto, eu era um dos rapazes mais infelizes de Belo Horizonte. Estava em crise vocacional e existencial. E isso não era tudo: Estava apaixonado. Fora do seminário, odiava tudo que vivi na Igreja Católica. Morava mal, comia mal e vivia pela moça a qual era namorado. Lembro-me que ela era de família evangélica e queria muito que eu freqüentasse sua religião. Eu não queria viver mais experiências religiosas e detestaria freqüentar tais seguimentos, mas a força da paixão me arrastou até uma igreja evangélica, daquelas de mercado, onde a liturgia acena para o pagamento de dízimos e os discursos vão sempre de encontro aos argumentos e promessas de sucesso pessoal e individual. No templo, eu me sentia solitário e abobado com o infantilismo dos gestos e acenos do culto evangélico. Ao final destas cerimônias eu voltava para casa com muita dor de cabeça. Revoltava-me contra a Igreja Católica e apesar dos sinais eu queria acreditar que junto aos evangélicos estaria minha felicidade.

Meu namoro foi aprofundando com o tempo e então pedi a moça em casamento, ao que ela aceitou, o pastor de sua comunidade obrigou-me a um novo batismo, antes do casamento.

Bem no fundo, eu sabia que só teria a perder, e nada a ganhar, se renunciasse à fé dos meus pais e me batizasse numa igreja evangélica, mas naquela altura não me interessava o que seria certo ou errado, mas sim a moça que eu tanto desejava. No momento de decisão que a maioria dos jovens enfrenta ao escolherem uma religião, tomei, pois, esta decisão: acabei com o noivado e não me submeti a um novo e desnecessário batismo, proposto somente para me incluir num controle de dizimistas de uma comunidade caprichosa e desleal.

Senti-me, nessa ocasião, solitário em minha decisão – mas hoje agradeço a Deus por esta experiência, pois a partir daquele gesto eu comecei a refletir sobre toda a minha vida e a importância do meu batizado. Arrependido, procurei amargurado o sacramento da confissão. Cumprida a penitência, entrei para um grupo de crisma na minha paróquia, no ano seguinte voltei para o seminário.

Naquela época comecei a ler Santo Agostinho e num sermão dele sobre a parábola do filho pródigo, entendi que, a experiência da comida dos porcos, não é a experiência de um alimento material, mas espiritual. Contudo, foi ao experimentar a comida dos porcos que o filho pródigo lembrou-se que aquele alimento não poderia nutrir seu espírito, sua vida. Diz Santo Agostinho: “Alimentava-se então das vagens de porcos sem poder saciar-se. Vagens são as vistosas doutrinas do mundo: servem para ostentar, mas não para sustentar; alimento digno para porcos, mas não para homens: próprias para dar aos demônios deleitação, mas não aos fiéis justificação”. E Santo Agostinho reitera: “Até que, por fim, tomou consciência do lugar em que tinha caído; do quanto tinha perdido; Quem tinha ofendido e a quem se tinha submetido”. Voltando para si mesmo, encontrou-se miserável. Entrando em si, tomou consciência, então levantou-se e voltou. Voltar para onde irmão? Para onde irmã? Digo-vos: Para o Pai, é claro. E o pai ordena que o vistam com a primeira veste, aquela que Adão perdera ao pecar. Tendo recebido o filho em paz, tendo-o beijado, ordena que lhe dêem uma veste: a esperança de imortalidade, conferida no batismo. Ordena que lhe dêem um anel, penhor do Espírito Santo; calçado para os pés, como preparação para o anúncio do Evangelho da paz, para que sejam formosos os pés dos que anunciam a boa nova.

Estas coisas, Deus faz por nós, através do sacramento do batismo, isto é, o sacramento de entrada em sua casa que é a sua Igreja. Na Igreja os homens não podem, por si próprios, dar veste, anel e calçados. Não podem! Estes são dons espirituais. Os elementos do batismo cumprem seu mistério, desempenham seu ofício; mas quem dá sentido e verdade é Aquele de cujo depósito e de cujo tesouro são extraídos estes dons.

Mandou também matar o bezerro cevado, isto é, que fosse admitido à mesa em que o alimento é Cristo morto. Mata-se o bezerro para todo aquele que, de longe, vem para a Igreja, na qual se prega a morte de Cristo e no Seu corpo o que vem é admitido. Mata-se o bezerro cevado porque o que se tinha perdido foi encontrado.

Bara
Enviado por Bara em 21/08/2011
Reeditado em 29/08/2011
Código do texto: T3174051