Por que amamos?
“E Deus criou os seres humanos; criou-os à semelhança de Deus, refletindo a natureza de Deus. Ele os criou macho e fêmea...”
(Gênesis 1: 27)
A condição de amar por muitas vezes se torna tão dolorosa que o não amar passa a ser considerado como uma opção melhor de vida. Tenho conversado com amigos que diante de suas frustrações amorosas se perguntam: “Por que amamos?” Sempre me pergunto por que será que não podemos optar por amar ou não amar, assim como escolhemos ir ou não ir a tal lugar, usar ou não usar determinada roupa. Por que simplesmente amamos? O mais angustiante é que não importa o quanto sofremos, iremos amar novamente. Não interessa o quanto à pessoa amada nos feriu estaremos lá para ela quase que incondicionalmente.
Até as pessoas mais cruéis amam ou já amaram. O mais próximo a que se chega do não amor é não estar amando, o que significa que em determinado momento não se está amando, mas não que não se ama. É uma questão de estar e não de ser. Ouvi a seguinte frase assistindo Dr. House (meu seriado preferido) dita pelo Dr. Foreman:"Somos donos dos nossos atos, mas não somos donos dos nossos sentimentos." O próprio House, apesar de toda sua frieza e racionalidade vivencia na série a impossibilidade de não amar. O ato de amar acontece e fim.
E por qual razão amamos? Retorno ao texto acima que diz que Deus criou a humanidade a sua semelhança, refletindo sua natureza. E a mesma escritura vai definir Deus substancialmente como sendo amor (I Jo 4:8). Então, estamos num beco sem saída, refletimos a natureza de Deus e Ele por natureza é amor, logo estamos impossibilitados de não amar.
Tolstoi chegou à conclusão que “o homem ama, porque o amor é a essência da sua alma. Por isso não pode deixar de amar.” A resposta a pergunta do por que amamos é uma só: pois faz parte do nosso ser. Então não adianta correr, fugir, se esconder, quando a hora chegar o amor irá nos pegar e quando pegar só restará amar. E não nos iludamos, por mais traumático que for o amar, iremos fazê-lo de novo e de novo e de novo, só pararemos de amar quando deixarmos de existir, ou seja, quando morrermos.
Se servir de consolo o texto bíblico diz que “Deus olhou para todas as coisas que havia feito; tudo era tão bom; tudo era ótimo!” (Gn 1:31). Embora às vezes não pareça, amar é bom, pois em Deus não há maldade, ele é também por natureza bom e fonte de bondade (Sl 119:71). Dizemos constantemente que Deus sabe o que faz e se realmente acreditamos nisso, temos que acreditar que Ele sabia o estava fazendo quando nos fez seres amáveis, assim como Ele o é.
Embora amar seja por muitas vezes doloroso, chegará o dia em que também veremos que tudo é bom, porque Deus é bom assim como tudo o que Ele faz.