A relação entre a justiça de Deus e o homem.

A única explicação sobre a manifestação da justiça de Deus no homem é o seu infinito amor. O processo pelo qual Deus exerce a sua justiça não se compreende pelos moldes da justiça humana. Ser justo para o homem é ter um perfil de integridade moral no decorrer de sua história de vida.

O marco maior da justiça de Cristo na vida humana é o calvário (Gólgota). A cruz representa o antes e o depois da história. O antes fala da promessa, o depois do cumprimento da maravilhosa graça de Deus na vida do homem, a salvação, que veio pela cruz.

O calvário é o centro da obra redentora. Se olhamos para traz enxergamos uma promessa, ela nos traz perspectiva de dias melhores. Se olhamos para frente vemos as consequências maravilhosas dessa promessa. Pouco tempo depois da morte de Jesus, Paulo, o apóstolo dos gentios, escreve sobre a lembrança (o comer do pão e o beber do vinho - símbolos do sangue e da carne de Cristo) desse sacrifício, da morte até a sua majestosa vinda. Desembaraça todos os mistérios que estavam escondidos na antiga aliança. A cruz é o maior de todos os milagres que a humanidade pôde contemplar. Nenhum milagre foi tão significativo e tão importante quanto a redenção. Um Deus que é espírito e se tornou carne, que é imortal e se tornou mortal, que é ilimitado e se limitou à vida humana. O Deus majestoso, dono de todo poder e glória, diminuiu, esvaziou-se (a teologia chama isso de "Kenoses"), se despiu de sua imensurável glória.

Ao explicar isso, Paulo diz que Deus, na pessoa de Jesus Cristo se humilhou, atingindo a forma de homem, e na forma de homem morreu a morte de cruz. Jesus vivenciou todos os limites que um ser humano comum possui, foi tentado em tudo, teve sede, fome, sono, cansaço, porém uma vida cheia de milagres.

Um milagre, que na ótica humana não tem significado. Como é que pode, um Deus imortal que morre?

Esse é o segredo do calvário. O homem precisa morrer. É a sentença recebida pela punição do pecado. Pecado de desobediência. Durante muito tempo animais morreram no lugar do homem. Deus não disse que animais deveriam morrer no lugar do homem. A Bíblia diz que "o salário do pecado é a morte". A morte de quem? Do próprio pecador. Por que, então, Deus permitiu que animais ocupasse o lugar do homem no altar do sacrifício? Aquele animal representava o que oferecia o sacrifício, o próprio pecador. Entretanto, aquele sacrifício não suplantava a palavra do próprio Deus que havia dito que o homem morreria. Sacrifícios de animais são repetitivos e efêmeros.

Por outro lado, para que o sacrifício do homem tivesse o poder de purificar o pecado, esse sacrifício deveria ser de alguém, no mínimo moralmente perfeito. Por isso o animal sacrificado deveria ser perfeito (sem mancha, nenhum osso quebrado, sem deficiências). Alguém inteiramente respaldado com a santidade divina, com uma vida inteiramente íntegra. Tal integridade somente aquele que foi tentado em tudo, mas sem pecado, pode ter. Todos os homens, a exceção de Jesus, cedeu à tentação em algum momento. Os considerados mais nobres homens da Bíblia não conseguiram se manter íntegros. O que dizer de Abraão que mentiu, de Moisés que desobedeceu, de Davi que adulterou e assassinou. Só Jesus, o Homem, foi permanentemente perfeito, suportando todas as tentações do mundo dos homens, no entanto, sem pecado.

Um Deus que muda situações com um único fim, manifestar o seu amor. Um amor que o evangelista João não encontrau palavras para mensurá-lo. Isso faz-nos refletir sobre o quanto vale o maior sentimento de entrega já realizado por alguém. Pergunto: o homem ainda precisa morrer para alcançar a salvação? Paulo diz que quando Cristo morreu nós morremos com ele, e quando Ele ressurgiu ressucitamos com Ele. O segredo para ser justo diante de Deus portanto, é o morrer. Mas não só o morrer, é também o ressucitar. Morremos para o mundo e vivemos para Deus. Esquecer o mundo e lembrar das coisas de Deus resulta em uma vida santa e justa. Assim deve ser todo cristão.

Se hoje podemos ser chamados justos, não é pelos nossos próprios méritos, pois o homem não possui justiça em si mesmo, pelo contrário, a Bíblia diz que a "justiça do homem é como trapo de imundícia". Cristo nos justificou pela sua abundante graça e misericórdia, pois "onde abundou o pecado, superabundou a graça de Deus". A graça, que é o favor imerecível de Deus, isto é, ninguem merece, mas Ele o faz justo, é a causa de não sermos consumidos: "Pela graça sois salvos, mediante a fé. E isto não vem de vós, é dom de Deus". Se não fosse esse maravilhoso presente, onde estaríamos nós?

Ben Hur
Enviado por Ben Hur em 21/07/2011
Reeditado em 07/10/2012
Código do texto: T3110408
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