POR TUAS PALAVRAS

Disse Jesus que por tuas palavras serás condenado ou justificado. E essa regra de juízo não passou a viger a partir dessa sua declaração, pois existe registro de ocorrências havidas no passado, veja:

Quando Saul sucumbiu no monte Gilboa, um varão veio trazer o aviso disso para Davi. E talvez por saber que Saul se tinha feito inimigo de Davi, pretendeu obter honra deste dizendo-se o matador de Saul, ainda que, segundo os registros escriturísticos, mentia. Davi não o poupou por isso. Mas vou transcrever o registro da ocorrência, a fim de poupar trabalho ao leitor.

“E sucedeu que, depois da morte de Saul, voltando Davi da derrota dos amalequitas, ficou dois dias em Ziclague; ao terceiro dia um homem veio do arraial de Saul, com as vestes rotas e com terra sobre a cabeça; e, chegando ele a Davi, se lançou no chão, e se inclinou. E Davi lhe disse: Donde vens? E ele lhe disse: Escapei do arraial de Israel. E disse-lhe Davi: Como foi lá isso? peço-te, dize-mo. E ele lhe respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e morreram; assim como também Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos. E disse Davi ao moço que lhe trazia as novas: Como sabes tu que Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos? Então disse o moço que lhe dava a notícia: Cheguei por acaso à montanha de Gilboa, e eis que Saul estava encostado sobre a sua lança, e eis que os carros e a cavalaria apertavam-no. E, olhando ele para trás de si, viu-me, e chamou-me; e eu disse: Eis-me aqui. E ele me disse: Quem és tu? E eu lhe disse: Sou amalequita. Então ele me disse: Peço-te, arremessa-te sobre mim, e mata-me, porque angústias me têm cercado, pois toda a minha vida está ainda em mim. Arremessei-me, pois, sobre ele, e o matei, porque bem sabia eu que não viveria depois da sua queda, e tomei a coroa que tinha na cabeça, e o bracelete que trazia no braço, e os trouxe aqui a meu senhor. Então apanhou Davi as suas vestes, e as rasgou; assim fizeram todos os homens que estavam com ele. E prantearam, e choraram, e jejuaram até à tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada. Disse então Davi ao moço que lhe trouxera a nova: Donde és tu? E disse ele: Sou filho de um estrangeiro, amalequita. E Davi lhe disse: Como não temeste tu estender a mão para matares ao ungido do Senhor? Então chamou Davi a um dos moços, e disse: Chega, e lança-te sobre ele. E ele o feriu, e morreu. Pois Davi lhe dissera: O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do Senhor.” 2 Sm. 2:1-16.

Mas esse julgamento e juízo me parece que não ocorre apenas em circunstâncias especiais, mas é uma regra universal que afeta a todos em toda parte. E, para provarmos o que postulamos, vamos narrar casos havidos nos tempos atuais, e que vão exemplificar o que falamos.

Um falecido e ex-irmão disse que preferia a morte a ter de deixar o trabalho que fazia. E morreu pouco tempo depois. Neste lugar de onde escrevo me contaram que aqui havia um sujeito que disse numa certa ocasião que queria adoecer para saber o que era doença. Pois ele ouvia falar de doença, mas que ele nunca tinha experimentado. Não tardou e ele foi acometido de uma febre que lhe fez delirar e da qual veio a falecer.

Com certeza cada um que ler este artigo lembrar-se-á de casos semelhantes.

Dos fatos concluímos que essa regra é universal, e que alguém concorre para que se cumpra o pronunciado, independentemente de quem seja que tenha pronunciado.

Assim, é melhor ser cauteloso com as palavras. “Pois disse Jesus que por toda palavra vã que alguém disser irá ele a julgamento.” Mt. 12:36.