LAÇOS E CILADAS

Apesar de laços e ciladas não serem a mesma coisa, em determinando momento podem ser. O laço é para a caça ou para o tolo, enquanto que a cilada é para o inadvertido, ou o imprudente. Quem arma um laço sabe para que o armou, assim como quem planeja uma cilada. A diferença, entretanto, está na forma como são preparados.

O laço é uma forma de capturar caças e que consiste em dar uma laçada com um nó corrediço na extremidade de um cordão ou assemelhado, e atar a outra extremidade a um mecanismo de acionamento e disparo rápido, fazendo que, quando alguém coloca o pé ou a cabeça no laço, ele seja puxado rapidamente, aprisionando-o. Esse método costuma elevar a caça no ar, não lhe permitindo se apoiar para forcejar contra o ardil. Os pés e mãos ficam sem nada em que se apoiar. O capturado fica preso pelos pés e mãos, dependurado sem nada poder fazer. A solução é esperar que o laço se rompa ou que o aprisionado possa escapar do passarinheiro quando este for retirar a caça da armadilha, o que é possível, ainda que difícil.

Mas existem laços sutis com os quais os homens se prendem, e que são oriundos ou têm origem nas suas próprias fraquezas. São eles: cães, gatos, passarinhos, plantas ornamentais, sentimentos, Tc... São coisas sem importância, que não trazem proveito, mas agradam a vista, ou satisfazem os desejos dos seus possuidores. Absorvem-lhes o tempo e os prendem para não verem o que há de melhor, como disse Jesus a Marta.

O inimigo das nossas almas depois de descobrir a nossa fraqueza, lança em nossos corações a cobiça pela coisa desejada ou cobiçada, levando-nos a ser preso dela.

Disse Jesus: “E não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, e dos cuidados das coisas desta vida, e aquele dia vos apanhe de improviso,” Lc. 21:34. Mas tem quem ouse dizer: “Comamos e bebamos porque amanhã morreremos.” Is. 22:13.

Que é mais importante, a vida ou o corpo? A vida, certamente. A maioria, entretanto, está mais preocupada com o corpo e a aparência dele do que com a vida eterna. A primeira nunca trouxe proveito aos que com ela se preocuparam, diz uma escritura.

Muitas coisinhas têm sido grandes laços para muitos. O cuidado com o corpo, com a forma, com a casa e o chão tem sido um laço armado para si aos que se preocupam com isso.

Ainda que o bom nome seja preferível ao melhor perfume, há quem não esteja preocupado com o seu nome e se endivide por perfume. Ainda que o corpo seja mais que a roupa, há quem se preocupe mais com esta do que com aquele. Ainda que o corpo seja mais importante que a comida, há quem comprometa aquele por esta.

Esses laços podem ser rompidos. Jesus veio para dar liberdade aos cativos. É preciso clamar a Ele para limpar o coração e desprender desses desejos vãos, que são verdadeiros laços.

Cilada é uma forma de armadilha que atrai com engodo, aproveitando-se da cobiça de alguém, da sua inexperiência, ingenuidade ou simplicidade. Esta não de singeleza, mas de simploriedade. Leia o trabalho codificado por nós com o título “O simples e o simplório”. Os “contos”, forma de enganar usada pelos vigaristas, se aproveitam da ingenuidade da vítima ou da sua cobiça. É um jogo que usa a psicologia malandra para ludibriar a vítima do “conto”. Quem cai nele, no “conto”, pensa em se favorecer ou tirar proveito da situação, ou gosta de ser vítima.

O vigarista como que cega a vítima. Ou seria o engodo?