INVERSÃO DE VALORES

Muito se tem falado sobre perdas de valores. Entretanto fala-se de valores humanos, e mensuráveis do ponto de vista das tradições herdadas dos pais, como: a saudação, o pedir “por favor”, o pedir “licença”, o agradecer “muito obrigado”, o tomar “bênção” dos pais, tios, “padrinhos”, etc. Mas isso tudo são tradições, e, como tais, perdem-se com o passar do tempo, caindo em desuso.

E não são poucos os que culpam as novas gerações, achando que elas são responsáveis por essas mudanças, do que, outrora, foi considerado altruísta e cultivado ou praticado pelos antigos.

As saudações usadas antigamente pelos pais têm sido substituídas por expressões do tipo “oi”, “e aí”, etc., e quem não adere a essa prática pode ser considerado ou tido como antiquado, “cafona”, “quadrado”. Por isso quem não quer ser rotulado como tal, renuncia seu costume e adere “à modernidade”, e até por isso sinta ares de satisfação.

Mas não é nosso propósito questionar essas tradições e suas práticas. Nosso objetivo nesse trabalho é falar de valores que transcendem o tempo, e que não foram tidos como leis devido tradições.

Falemos então do belo. Como conceituá-lo? Que padrão haveria para o aceitarmos como tal, se os conceitos mudam com o passar dos anos? Por isso diz-se hoje que “tudo é relativo”.

Para que saibamos que é belo, temos que inquirir daquele que é perfeito, e que, por isso, sabe todas as coisas. Diz-nos uma de suas revelações “Que Deus fez o homem perfeito, mas ele buscou muitos artifícios”. Ec. 7:29.

Em verdade os humanos têm deixado a simplicidade que outrora fazia parte do seu modo de vida, tanto nos costumes como na sua forma de vestir e agir, e se têm alienado e se tornado artificiais, frívolos, hipócritas, dissimulados, etc.

E essas coisas são tidas como necessárias, e tem sido usadas como armas por aqueles que estão vivendo segundo a carne e não segundo o espírito. Dizem que elas são necessárias e úteis nesse mundo insincero, e, que, se delas não usarem, correm risco de serem eliminados do mundo ou que não poderão subsistir nele.

O conceito de beleza está distorcido e estereotipado. O mundo valoriza o artificialismo, e rejeita a simplicidade. Esta tem sido preterida por modismos, apesar do que disse Jesus: “Sede simples como as pombas, e prudentes como as serpentes”. Mas a prudência da serpente não é posta em prática, mas sim a sua sutileza.

Também o que é honesto e de boa fama têm sido preterido pelo que é desonesto e de má fama. Hoje ser mau é tido como coisa boa. Há músicas, como a que diz: “Sou errada, sou errante. . .”, assim como clichês de “Bad boy” (rapaz ruim). Quem é errado e anda errante é porque não conhece “o caminho”, e erra da vereda direita, não sendo perfeito como requer Deus.

Outrora as pessoas que tinham opção sexual contrária aos padrões normais ocultavam isso, e os que ousavam manifestar-se sofriam discriminações e hostilidades. Hoje a maioria que isso faz busca aparecer e fazer notória essa condição. E têm adquirido tal influência e força que quem se atreve a censurá-los corre o risco de ser severamente hostilizado. E também penalizado. E os tais são sempre religiosos e beatos, e usam símbolos tidos como representação de religiosidade e fidelidade, como terços, crucifixos, etc.

Quem gostaria de ser chamado de criança se soubesse que isso significa falta de entendimento, imaturidade, etc.? Entretanto é o que muitos se nomeiam, para se passarem por inocentes. Dessa forma há alguns que se nomeiam de “garotinhos”, “guris”, etc. São crianças e garotos, sim, no entendimento, mas são adultos na malícia.

Diz uma escritura bíblica, “Ai dos que ao mal chamam bem, ao amargo doce, e põem por escuridade as suas obras”. Is. 5:20.

Bebidas amargas são consumidas como se doce fossem. É o caso de cachaça, cerveja, etc. Todo o que as provam, à princípio desaprovam. Mas como o mundo curte e gosta, quem reprovar fica fora e não poderá fazer parte do mundo, o qual jaze no maligno. Apesar de certa escritura dizer: “Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo o amor do Pai não está nele”. I Jo. 2:15.

Ser humilde, outrora, era aceito como virtude, hoje é tido como fraqueza; ser religioso e sério era louvado, hoje é tido como fanatismo; enquanto que beatos são tidos como fiéis fervorosos. Assim, invertem-se os conceitos, e crentes são tomados por fanáticos, enquanto que hereges são tidos como cristãos. Exemplo disso é o fato de católicos serem chamados de cristãos, e ímpios de crentes, enquanto os verdadeiros cristãos e crentes são rotulados de fanáticos e judeus.

Ouvi de antigos, que os católicos dum passado recente, de pouco mais de meio século, guardavam ou pretendiam guardar o sábado, o dia do Senhor, devido alguns sacerdotes antigos isso ensinarem. Mas hoje os sacerdotes ou como tais nomeados, falam alto e em bom tom, ainda que mal empregado, que o primeiro dia da semana, o “domingo” é o dia do Senhor, apesar disso ser uma ordenação de homens, os quais fazem violência à lei de Deus, e pretendem mudar aquilo que Ele diz ser eterno, e que também é sinal eterno entre Ele e o seu povo, conforme Ez. 20:20 e Êx. 31:16.

Alguns tomam a expressão “povo de Israel” ao “pé da letra”, e se excluem do Israel de Deus, o qual tem sido comprado tanto do meio dos judeus nominais como do meio dos gentios, ou pagãos. E é fácil identificar a estes, pois eles não têm lei. Praticam tudo o que o mundo oferece; comem de tudo; rezam rezas previamente formuladas, as quais são cheias de repetições, das quais falou Jesus dizendo: “Não vos assemelheis aos gentios, que pensam que por muito falarem pensam que serão ouvidos, e usam de vãs repetições.” Mt. 6:7. Usam também de um artifício a que nomeiam de “terço”, para contar essas repetições. E isso é fanatismo, pois seguem cegamente ensinos de homens desviados da verdade, o que contraria frontalmente o que disse aquele que dizem seguir. Não é sem razão que disse um mestre, que os homens amontoariam doutores, para deles ouvir palavras agradáveis, e que se voltam às fábulas de velhas, negando a “Palavra de Deus”, os seus mandamentos, pelas suas tradições, herdadas dos antigos.

Como vimos, os gentios mostram-se rigorosos quanto a conceitos e preconceitos formulados e ensinados por homens, mas negligenciam e torcem o que foi ensinado e exigido por Deus.

Ainda como inversão de valores, há os “bestas” que se têm e são tidos como sabidos, apesar de serem mesmos é astutos quais serpentes, e assemelham-se ao pai deles, o qual é o pai da mentira. E dizem eu não sou besta, não! Ou: eu não sou “bestinha”, não! Não obstante, suas falas lhes denunciam.

Para eles diz um “ai” proferido pelo Senhor por um profeta: “Ai daquele que é elevado em seu próprio conceito.” E estes são lisonjeiros e bajuladores, madrugando para isso, não obstante dizer uma escritura bíblica que, “aquele que levanta cedo para bendizer ao seu amigo, isso lhe será contado como maldição”. Pv. 27:14.

Ao tempo em que Jesus aqui viveu em carne, certos homens lhe inquiriram das razões pelas quais seus discípulos comiam com as mãos por lavar, não praticando a tradição dos antigos. Jesus lhes perguntou o seguinte: “Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?” E citou um mandamento da sua lei, dizendo: “Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, e assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.” Mt. 15:2, 4-6.

Ainda hoje existe quem siga de modo rigoroso a prática de lavar as mãos antes das refeições, mas não tenha o cuidado de agradecer a Deus o alimento. Cuida que, lavando as mãos, estará se prevenindo de contaminações que possa haver por falta de asseio delas, mas não atenta que no próprio alimento há impurezas, por mais limpo que ele seja, as quais poderiam ser eliminadas pela oração. E pretere esta pela sua tradição. Isso também é inversão de valores.