ESTENDE TUA MAO

Já temos falado sobre o que comer e quando comer, e agora falaremos sobre provisão de alimento.

O mundo produz muito alimento, mas este é mal distribuído e mal utilizado. Enquanto muitos se empanturram de alimentos, outros estão perecendo por falta destes. E mesmo no meio do povo que se nomeia povo de Deus existe carência alimentar e falta de distribuição dele. E percebemos que isso decorre de falta de sabedoria; e, como conseqüência, pretender-se que Deus faça o que é tarefa daqueles que têm sido chamados para a missão de alimentar e ou distribuir alimentos.

Ao inicio da época apostólica, quando Deus operava a reunião do seu povo separando-os do povo judeu nominal, havia distribuição diária de alimento, mas estava havendo irregularidade nisso, pelo que houve reclame da parte de uns. Então os apóstolos tomaram providencias para corrigir a falha. Vamos citar a referência que trata do assunto a fim de fazermos correto julgamento e trazermos o exemplo para os nossos dias.

Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas. Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço; quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. O parecer agradou a toda a comunidade; e elegeram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos perante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. At. 6:1-6.

Como vimos, na escolha dos diáconos para cuidar da distribuição de alimentos, foram escolhidos homens cheios de sabedoria. Donde se conclui que para a tarefa é necessário que se busque pessoas com esse requisito.

Nesse aspecto temos um grande exemplo registrado nas Escrituras. E isso ocorreu no Egito, quando Deus deu a Faraó um sonho simbólico, e que fora interpretado por José, um homem de Deus, que interpretou o sonho de Faraó, dizendo que no Egito viria um tempo de abundância seguido de escassez tal de alimento que consumiria tudo o que havia sido depositado nos anos de fartura. Então disse Faraó:

Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus? Gn. 41:38.

E o próprio José fora escolhido e nomeado por Faraó para a tarefa de juntar nos celeiros todo o excedente de alimento que se produzisse no Egito, a fim de garantir o sustento de todos no tempo da escassez.

Mas por que falta sabedoria ao povo de Deus para ter visão disso, se Deus promete que o seu povo seria sábio a ponto de causar admiração nos demais, povos gentios?

É porque o povo que se nomeia povo de Deus não tem cumprido o principal requisito para alcançar o que o Senhor promete, e que é condição para isso, qual seja, guardar os seus mandamentos. Pois isso está registrado na seguinte passagem bíblica:

Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento, e se clamares por intetigência, e por entendimento alçares a tua voz, se a buscares como se busca a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca bem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos, e escudo para os que caminham na sinceridade, guarda as veredas do juízo e conserva o caminho dos seus santos. Então entenderás juízo. justiça e eqüidade, todas as boas veredas. Porquanto a sabedoria entrará no teu coração. e o conhecimento será agradável à tua alma. O bom siso te guardará e a inteligência te conservará. Pv. 2:1-11.

Outrossim, como resultado para aqueles que cooperarem estendendo a sua mão para contribuir, virá o que o Senhor promete pelo profeta Isaías, dizendo:

Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a tua voz como a trombeta, e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados. Mesmo neste estado ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça, e não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus, dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o levas em conta? Eis que no dia em que jejuais cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas, e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje não se fará ouvir a vossa voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça corno o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isso jejum e dia aceitável ao Senhor? Porventura não é este o ieium que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então romperá a tua luz corno a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá diante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda; então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio dia O Senhor te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um ardim regado, e como um manancial, cujas águas jamais faltam. Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações, e serás chamado reparador de brechas, e restaurador de veredas para que o país se torne habitável. Is. 58:1-12.

Já tenho ouvido de algumas pessoas não pretenderem ser do povo que se nomeia povo de Deus, devido observarem que muitos desse povo vivem uma vida que eles chamam de miserável. E isso é verdade. Mas existem razões para isso.

Ainda que sempre possa existir pobres no meio do povo de Deus, pois isso disse Jesus, não deveria haver carência, principalmente do que é básico, como alimento e vestuário. Mas, para isso, é mister que se atente para o que ensina o Espírito Santo por Tiago, veja:

Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos, e fartai-vos”, sem, contudo, lhes dardes o necessano para o corpo, qual é o proveito disso? Assim também a fé, se não tiver obras, por si só está morta. Tg. 2:14-17.

Por conseguinte, já que o evangelho deve ser pregado aos pobres, é necessário que não se vá de mãos vazias. Pois quando Jesus evangelizava as multidões, em mais de uma ocasião ele as alimentou, operando multiplicação de pães. E na ocasião os discípulos participaram mandando o povo se assentar sobre a relva, e dando-lhe alimento. Mt. 14:15-21. Mc. 6:35-44. Jo. 6:5-13.

Entretanto quando falamos em não ir de mãos vazias, não queremos dizer que o evangelista deva também levar na bolsa alimentos para logo os distribuir. Mas que, ao constatar a falta deste naqueles a quem chegarem com o evangelho, que seja tomada medidas para que a falta seja suprida.

E esse cuidado precisa estar voltado principalmente para os domésticos da fé, já que Deus não quer que haja abundância para uns e carência para outros. Nesse aspecto temos a orientação do Espírito através do apóstolo Paulo, que diz:

Completai agora a obra começada, para que, assim como revelastes prontidão no querer, assim a leveis a termo segundo as vossas posses. Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tiver, e não segundo o que ele não tem. Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade, suprindo a vossa abundância no presente a falta daqueles, para que também a sua abumdância venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu, não teve demais; e o que pouco, não teve falta. II Co. 8:10-1 5.

E preciso, entretanto, que aqueles a quem tem sido confiada a palavra do evangelho também saiba ministrar os ensinos relativos a forma sábia de alimentar. Pois o povo que se tem como povo de Deus está se alimentando tal como os demais que pertencem ao mundo gentio. Tanto na qualidade como na quantidade e periodicidade. Mas como já temos discorrido sobre isso, não vamos repeti-lo. Recomendamos, portanto, leitura dos seguintes trabalhos por nós codificados: “Comer, o que e quando” e “Comer é bom quando se come do bom”.

Há um outro aspecto que precisa ser observado, que é a parte de economia de alimentos e conservação destes. Para isso recomendamos leitura dos seguintes trabalhos codificados por nós: “De grão em grão” e “Juntai as sobras”.

Finalmente queremos lembrar o que diz o Espírito pelo apóstolo Paulo:

Haja em vós o mesmo sentimento que também houve em Cristo Jesus, que sendo rico se fez pobre para que nós fossemos ricos da graça. E esse sentimento foi ensinado pelo mestre, e dentre eles diz: “Porque melhor coisa é dar do que receber”. Isso é sentimento cristão. Mas o prazer mundano é o inverso, ou seja, sentem sempre mais prazer em receber, e tristeza e até raiva quando tem que dar. E o fazem murmurando, ou tocando trombetas. Isso não convém. Pois quem assim procede já está recebendo o seu galardão, conforme disse Jesus. Mt. 6:1-4.