PEREGRINOS E FORASTEIROS

Segundo o apóstolo, essa é a condição dos santos neste mundo. E o apóstolo João sendo usado pelo Espírito disse: “Não vos admireis se o mundo vos aborrece, porque primeiro me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo o mundo amaria o que era seu. Mas porque eu vos tomei do mundo, é que o mundo vos odeia”. I Jo. 15:19.

Conforme o apóstolo Paulo nós não somos cidadãos daqui, mas somos estrangeiros neste mundo e estamos de passagem por aqui. Assim, somos como um estranho no ninho. Não somos reconhecidos como fazendo parte dele. Nosso parecer mesmo nos denuncia que não somos iguais. E o mundo nos odeia, pois não nos igualamos com ele.

Em toda sociedade, os seus participantes tem pontos de vista em comum, participam das mesmas idéias, tem um mesmo objetivo. E por isso se apoiam, e concorrem para o mesmo fim. Também se identificam, já que são iguais. E quando alguém se mostra contrário aos conceitos da maioria, passa a ser considerado como do contra, sendo, portanto, excluído do grupo, e vindo a ser isolado dos demais, segregado como indesejável.

Essa é a condição dos santos, àqueles que já foram lavados e purificados pela palavra de Deus, e que não coadunam com os demais, que de uma forma ou de outra vivem de forma dissoluta, e que têm conceitos mundanos de comportamento, e não vivem segundo a doutrina de Cristo, estando, portanto sem Deus no mundo, como outrora nós também vivíamos, e fazíamos a vontade da carne e dos pensamentos.

Diz o apóstolo que esses se admiram que nós não participemos com eles dos mesmos desenfreamento.

Ora, se nós fomos instruídos por Cristo a não nos conformar com esse mundo, pois ele irá passar, e que não somos dele porque fomos resgatados com o precioso sangue de Cristo, que pagou o preço do resgate por nós, então não é de admirar que pareçamos estranhos, e que por isso sejamos rejeitados.

Disse Jesus que as trevas não se unem com a luz. E que tudo que se manifesta é luz. Também que a luz não pode ser posta embaixo do alqueire, mas no velador, para que alumie a todo que está na casa. E mais: “Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, para nada mais serve a não ser para ser pisado”.

Quando nós passamos da condição de velho homem para a de nova criatura, gerado em Cristo Jesus, ou seja, de novo gerado pelo evangelho, não mais nos assemelhamos aqueles que andam em borrachisse, sendo odiosos, soberbos, etc. E o mundo acha que o nosso comportamento é porque queremos ser melhores ou nos colocarmos em posição de vanguarda. É bem verdade que temos o desejo de sermos mais e mais perfeitos, tal qual o padrão pelo qual procuramos nos medir.

Mas aqueles que não entendem isso, ou por serem crianças ou por estarem se nivelando pelo mundo, se espelhando naqueles que nele estão, nos hostilizam ou aborrecem.

E por vezes nos surpreendemos pelo fato de sermos rejeitados até por familiares, e até daqueles que se dizem irmãos de Jesus, e nossos também. E aos seus olhos somos como maus, apesar de fazermos o bem. E quando eles são usados e também provados para que seja manifesto e cumprido aquilo que Deus tem determinado sobre eles e nós, dominam com rigor, e se tem como benfeitores, prevalecendo.

Não ignoramos do aviso de Jesus, de que seríamos odiados de todas as gentes por causa do seu nome. E que até pelos amigos e parentes seríamos entregues à morte. E isso aconteceria por não conhecerem a Jesus.

Assim, não podemos ignorar que, se conhecemos a Jesus quando guardamos os seus mandamentos, além de sermos odiados por isso, aqueles que nos odiarem o farão também pelo mesmo motivo: por não guardarem os mandamentos de Deus, razão porque estão em trevas, ainda que professem uma religião e se considerem filhos de Deus.

Os homens do tempo de Jesus também eram religiosos. E se tinham até por filhos de Abraão. Mas Jesus lhes disse abertamente: “vós tendes por pai ao diabo. Pois ele é homicida, e pai da mentira, e não se firmou na verdade, porque não existe verdade nele”. Jo. 8:44.

E o Espírito Santo falando por João mostra como se distingue os filhos de Deus e os filhos do diabo. Todo aquele que não pratica a justiça, o que corresponde aos mandamentos de Deus ou Jesus, não é filho de Deus, mas do diabo.

Por isso todo aquele que de Deus é nascido deve amar a seu irmão, porque quem não ama ao seu irmão que viu, como pode amar a Deus que não viu?

Portanto, não devemos nos admirar o fato de sermos odiados até pelos familiares e por aqueles que se dizem irmãos, dizendo professar a mesma fé. Pois isso aconteceu com os nossos antepassados, como o profeta Jeremias. Não nos devemos entristecer pelo fato de participar do rol dos excluídos. Porque há uma promessa para esse rol. Que aquele que fora lançado para longe o Senhor recolherá, e a que andava desgarrada pela terra da Assíria o Senhor tornará a trazer. Is. 27:13.

Oli Prestes

Missionário