SERVOS INÚTEIS

Ainda que muitos se considerem servos de Deus, é bom que se saiba que nem todos cumprem as determinações do Senhor. Os quais alegam razões para isso, invocando até as próprias Escrituras para justificar os seus procedimentos.

Jesus não ignorava isso, tendo falado aos discípulos sobre o assunto em seus vários aspectos, observe:

E disse o Senhor: “Qual é pois o mordomo fiel e prudente, a quem o Senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o Senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá. Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu Senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o Senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.” Lc. 12:42-46.

Disse pois: “Certo homem nobre partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois. E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha. Mas os seus concidadãos aborreciam-no, e mandaram após ele embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. E aconteceu que, voltando ele, depois de ter tomado o reino, disse que lhe chamassem aqueles servos, a quem tinha dado o dinheiro, para saber o que cada um tinha ganhado, negociando. E veio o primeiro dizendo: Senhor, a tua mina rendeu dez minas. E ele lhe disse: Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade. E veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas. E a este disse também: Sê tu também sobre cinco cidades. E veio outro, dizendo: Senhor, aqui está a tua mina, que guardei num lenço; porque tive medo de ti, que és homem rigoroso, que tomas o que não puseste, e segas o que não semeaste. Porém ele lhe disse: Mau servo, pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem rigoroso, que tomo o que não pus, e sego o que não semeei; porque não meteste pois o meu dinheiro no banco, para que eu, vindo, o exigisse com os juros? E disse aos que estavam com ele: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas.” Lc. 19:12-24.

E dizia também aos seus discípulos: “Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu Senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu Senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e, assentando-te já, escreve cinqüenta. Depois disse a outro: E tu quanto deves? E ele respondeu? Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.” Lc. 16:1-7.

E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: “Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico: e os outros apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu a sua cidade.” Mt. 22:3-7.

Essas parábolas se aplicam bem aos dias de hoje. Muitos estão fazendo tal e qual fora prenunciado por Jesus. Uns acham que o que receberam é pouco e não buscam progredir e amealhar para o seu senhor; pensam só em si. Outros, estão buscando tansomente satisfazer seus ventres, desejos e cobiças, e não cuidam dos seus conservos, ou até os maltratam. Outros ainda, subtraem do crédito do Senhor, buscando defender os seus próprios interesses, posição e vantagens. E existem ainda os que fazem tansomente aquilo que acham ser devido. É o caso dos que servem ao senhor entregando-lhe dízimos. Fazem só o que lhes foi mandado, ou o que os seus corações lhes dizem. Porque entregam os dízimos de salários, como se só isso fosse sua renda. Esquecem, ou não sabem que a instrução manda trazer todos os dízimos à casa do tesouro. Ml. 3:10. Nada obstante, isso não é tudo, pois disse também o Senhor através de Moisés: Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que votardes ao Senhor. Dt. 12:11. Nas tuas portas não poderás comer o dizimo do teu grão, nem do teu mosto, nem do teu azeite, nem as primogenituras das tuas vacas, nem das tuas ovelhas; nem nenhum dos teus votos, que houveres votado, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão. Dt. 12:17.

Esses servos presumem que o que está nos seus tesouros ou posses, é seu. Esquecem do que dizem outras Escrituras: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” Sl. 24:1. “Minha é a prata, e meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos.” Ag. 2:8. Falou Davi quando na consagração do templo ao Senhor: “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de ti, e da tua mão to damos.” I Cr. 29:14.

Os dízimos devem ser de tudo, de toda renda. Seja de salários, alugueis, pensões, venda de imóveis, heranças, tudo; além das ofertas voluntárias, ofertas alçadas e votos, etc.

Porventura, perguntou Jesus, dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: “Somos servos inúteis porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Lc. 17:9 e 10.