Jogo perigoso

Com a pretensa idéia de obter satisfação e entretenimento, tem o homem buscado sutis artifícios sem cogitar do perigo que deles podem advir. Assim, inventa jogos os mais variados. Um jogo é uma competição que requer a participação de mais de um participante. Estes querem sempre vencer e fazem todo empenho para alcançar seus objetivos. Algumas vezes chegam a fugir às regras, ou a burlam, a fim de alcançar as suas pretensões. Falamos de um jogo comum, sutil, mas perigoso: a sedução.

Ainda que seja um jogo e requeira, portanto, a participação de mais de um participante, aqueles que dele participam, não raro, entram nele inadvertidamente. E pensando que vencem, são vencidos.

Um jogo, via de regra, requer um instrumento para a sua realização, além, logicamente, dos participantes. Esse instrumento manipulado habilmente dá ao jogador a satisfação e, muitas vezes, a ilusão de perícia.

Hoje os jogos têm sido levados às últimas consequências e se tornado perigosos, pondo em risco a vida não só dos competidores, como dos que os assistem.

A sedução não foge à regra: têm participantes e instrumentos. E os instrumentos estão nos próprios participantes e deles fazem parte. Eles podem ser tanto o corpo como aquilo que nele é incorporado: adereços, roupas, pinturas, etc. O corpo, usado nesse jogo, é preparado para atrair para si a atenção dos demais. Assim, o cabelo, os olhos, os lábios, etc., além de bustos, quadris, pernas, servem de instrumento nesse jogo. Homens e mulheres, principalmente estas, têm praticado e se exercitado nesse jogo, cujo resultado chega a ser fatal.

Quando alguém usa um artifício para chamar a atenção para si, ele está com alguma pretensão: quer ser visto, admirado, cortejado e, também, possuir ou ser possuído pelo objeto da sua pretensão, o outro.

Certa vez eu perguntei a uma jovem se ela, ao se trajar como se trajava, pretendia que todos atentassem para aquilo que ela queria mostrar: os seios, ao que ela me respondeu: “alguns”. Ou seja, aquele procedimento tinha a intenção maldosa de atrair alguns ou alguém que ela tinha em vista.

Nesse jogo é usado a sutileza do "mostra esconde": um decote, uma abertura, um tecido fino, não para mostrar, mas para dar idéias, sugerir; uma vestimenta curta para mostrar parte, provocando e despertando a libido do outro.

Mas, por que dizer que é um jogo perigoso?

É preciso se analisar todo o processo do jogo, e sua finalidade e intenção.

Ora, se o objetivo é atrair um parceiro, por que praticam aqueles que já o possuem? Se é querer parecer o que não é, parece uma ação frívola e pretensiosa. Para que chamar a atenção de outros sobre si? Não é para querer parecer ser mais que outros?

A sensualidade tem sido um ardil muito usado nestes dias. Não sabem seus participantes que ela tira o entendimento, embota a mente e

torna insensível e insatisfeito quem se entrega a esse jogo. Ainda há outro perigo nele: a decepção, ao pensar ter vencido o jogo, acabar vencido por um artifício vulgar e mesquinho, quando não é vencido pelo objeto da pretensão: o outro jogador, se o conquistado não corresponder ao que se pensava dele.

Ouvi falar de um sujeito que, passando, avistou uma jovem na janela. Ele ficou enamorado dela. Afinal ela era linda de semblante. Se aproximou dela pretendeu namorá-la. Ela lhe falou que não saía devido ser paralítica. Foi uma grande decepção para o jovem, o qual imaginava o corpo dela como o seu rosto.

Quantos nessa cobiça não têm levado gato por lebre! Alguns têm se relacionado e até procriado com: doentes mentais, possuidores de doenças graves, problemas genéticos, aidéticos, etc.

Como se viu o jogo é perigoso e aqueles que entram nele correm o risco de pagar o preço que não vale: a felicidade e até a vida.

Oli Prestes

Missionário