Não negai-vos uns aos outros

NÃO NEGAI-VOS UNS AOS OUTROS

Essa expressão, também vertida como não vos defraudeis uns aos outros, refere-se a relação afetiva e sexual dos casais. Ela se encontra nas Sagradas Escrituras, e é tema de uma das epístolas do apóstolo Paulo.

Segundo o que o Espírito nos concede, vamos abordar esse assunto, tratando dele sobre vários aspectos.

Há quem conceba que, quanto as relações dos casais no aspecto afetivo e sexual, não precisa a Escritura se envolver, pois isso cada um sabe como resolver, ou que isso se resolve por si mesmo na cama ou leito conjugal. Mas, se alguém pensa assim, engana-se. É exatamente nesse aspecto que existem muitos conflitos e onde residem muitos traumas da vida conjugal. Se assim fosse as Escrituras estariam em desacordo com os propósitos de Deus, o que não é verdade, já que a família está constituída e deve estar envolvida nos planos de Deus.

A relação afetiva e sexual de um casal, no âmbito marital, é de tal importância, que disso depende o equilíbrio emocional e psíquico ou espiritual dos homens e mulheres. Se não houver equilíbrio e sim conflitos nessa área comportamental, as demais áreas estarão em litígio, e nelas não haverá equilíbrio. Até no relacionamento com Deus ela fica afetada, pois diz as Escrituras: "E vós maridos não trateis as vossas mulheres com amargura para que as vossas orações não sejam impedidas". I Pe. 3:7.

A Escritura diz: "Não negai-vos uns aos outros a não ser por mútuo consentimento por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência". I Co. 7:5.

Assim, o apóstolo orienta os casais a que não se neguem a não ser de comum acordo, ou seja, combinados, para que se dediquem a oração. Disso inferimos que, para dedicação à oração, é necessário que haja a renúncia às relações sexuais, o que é perfeitamente compreensível, já que não pode haver compatibilidade entre as duas coisas: busca de Deus e busca da satisfação da carne. E que a renúncia é necessária temporariamente para que Satanás não nos tente pela nossa incontinência, ou sensualidade. Ou seja, caso não haja essa abstenção acordada, de comum acordo, corre-se o risco de sermos, por falta de moderação, tentados por Satanás, que é astucioso e se aproveita das brechas e fraquezas.

Várias situações podem ocorrer e levar os casais a terem que se abster de se relacionarem sexualmente. Entre elas podemos destacar: o período menstrual, período pós-parto, enfermidades, etc.

Nada obstante a medicina não se opor à prática da relação sexual durante o tempo em que a mulher está menstruada, Deus, através das Escrituras, diz que não se agrada de quem pratica relações sexuais nessas circunstâncias, ou seja, com a mulher quando menstruada. E isso está bem claro nas Escrituras, que dizem:

"Sendo pois o homem justo, e fazendo juízo e justiça. Não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua separação (...) o tal justo certamente viverá, diz o Senhor Jeová". Ez. 18:5-9. Ele chama a essa prática de abominação. O período de pós-parto também deixa a mulher impura. E pelo que inferimos das Escrituras, são quarenta dias após o parto, no caso de parto com concepção de meninos, e oitenta, de menina. Lv. 12:2-5.

Há ainda os casos em que um dos parceiros pode estar enfermo ou convalescendo de alguma enfermidade, ou mesmo em tratamento de alguma moléstia. E mesmo que não tenha perdido a apetência sexual, é recomendável a abstenção dela, para que isso não interfira negativamente no tratamento do cônjuge enfermo, dificultando a cura ou impedindo a mesma. Nesse caso, ou em todos os casos, é necessário que o marido ou a esposa, quando depender desta, estejam conscientes do seu dever e não force o ato, mas que sejam pacientes cooperando com o outro. As vezes uma simples enfermidade, como uma gripe, pode deixar um dos parceiros sem disposição para o ato sexual, levando-o a não se sentir disposto para tal, o que é perfeitamente normal, e deve ser aceito com naturalidade e compreensão pelo cônjuge sadio ou com disposição para o ato. Mas é necessário que haja a compreensão de que o homem não tem domínio sobre o seu corpo e sim a mulher, e nem a mulher sobre o seu próprio corpo e sim o homem. I Co. 7:4. Mas que ambos são uma só carne.

Assim, deve negar-se a si mesmo e dar-se um ao outro a fim de não dar ocasião a que a negação de se dar venha a servir de pretexto para o rompimento da relação marital. Ou sirva de pretexto para que um dos parceiros alegue como razão para buscar a satisfação sexual de outro modo ou com outro parceiro.

Problemas que podem parecer de somenos importância pode interferir na apetência sexual dos casais. É o caso de discórdias, desavenças, discussões, ressentimento, problema com os parentes de um dos cônjuges, problemas financeiros, problemas profissionais, etc. Alguns desses problemas, dependendo da maturidade dos parceiros, ou dos casais, pode ser de fácil solução ou de pequena duração, enquanto que outros podem demandar mais tempo, e até que se recorra a expedientes de aconselhamento conjugal com um conselheiro idôneo, que possa aconselhar e orientar o casal ou o parceiro que buscar a orientação; e isso sempre com sigilo e graça.

Desníveis na espiritualidade tem sido causa de conflitos na área afetiva e sexual dos casais. Há vezes em que um dos parceiros pode estar sendo usado pelo Espírito Santo, ou está na busca de dons espirituais, ou na busca de um favor, ou de poder, e não se sinta inclinado ao ato sexual, o que pode levar o outro cônjuge a se ressentir e até a aborrecer o cônjuge que o rejeita ou não se mostra receptivo ao ato sexual, levando a problemas sérios no relacionamento.

Já que o ato sexual deve ser o ponto culminante de um relacionamento cordial e afetivo de um casal unidos pelo laço indissolúvel do casamento, se faz necessário que ambos os parceiros busquem através de leituras e principalmente da oração, a capacitação para viverem uma vida sábia, equilibrada e harmoniosa. Evitando a frustração e o descontentamento, que resulta numa vida baseada apenas no entendimento próprio de sua capacidade de ser, e na experiência puramente humana de se relacionar, e achar que é macho, quando é machista; ou que é fêmea, quando é feminista.

Mesmo sem se sentir com apetência para o ato sexual, é necessário não frustrar o parceiro com gestos e palavras que possa deixá-lo ressentido e magoado. Portanto, cuidado! Sigamos o ensino espiritual concedido pelo apóstolo Pedro, que diz em uma de suas epístolas:

“Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações." Ou: :"Semelhantemente, vós, mulheres sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em temor”. I Pe. 3:7, 1 e 2.

“E, finalmente, sede de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção”. I Pe. 3:8 e 9.