Mormonismo Para Leigos - parte 1
"Mormonismo Para Leigos"
Jorge Linhaça
Antes de mais nada, esta série de artigos não tem intenção de converter ninguém ao dito "mormonismo", a intenção do autor é apenas procurar desmitificar, dentro de seu parco conhecimento, algumas "lendas" criadas em torno da religião praticada pelos membros de " A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias".
Alguns artigos serão mais e outros menos profundos de acordo com o que se faça necessário em decorrência do tema a ser abordado.
As citações que forem feitas no texto, que não sejam do próprio autor, remeterão à fonte de onde foram extraídas a fim de que o leitor possa consultá-las segundo o seu desejo.
Dessa forma, pretende o autor respeitar os princípios éticos da produção intelectual.
Capitulo I
A Origem de " A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias"
Corria o ano de 1820. Em Manchester, condado de Ontário (hoje Wayne) no estado de Nova York, a efervescência religiosa era tal que as pessoas sentiam-se confusas quanto a qual igreja/religião deveriam abraçar na ocasião. Ministros de várias denominações realizavam seus cultos procurando atrair o maior número de fiéis possível, segundo a sua própria interpretação das Sagradas Escrituras. Nada muito diferente dos dias atuais exceto pelo fato de que estamos falando de uma população pequena em que muitas pessoas frequentavam os vários cultos de acordo com a sua disponibilidade para tal.
É dentro desse cenário que vamos encontrar a família Smith, composta de onze pessoas, cultivando a sua pequena propriedade.
Nesse período de grande agitação religiosa a família Smith aproximou-se da Igreja presbiteriana, sendo que quatro deles se uniram efetivamente àquela congregação, a saber Lucy Mack Smith e seus filhos Hyrum, Samuel Harrison e Sophronia. O rapaz Joseph Smith , com cerca de 14 para 15 anos de idade, sentia-se na época mais propenso ao metodismo.
As relações entre as denominações religiosas naquela ocasião, que haviam começado de maneira cordial, foram aos poucos se deteriorando de modo que havia grandes contendas entre seus ministros e adeptos.
O personagem principal desta história, Joseph Smith, como é bem compreensível, sentia-se confuso diante de tantas doutrinas diferentes pregadas pelas diferentes igrejas ( Batista, Metodista e Presbiteriana).
Segundo o seu relato:
" Em meio à inquietação extrema causada pelas controvérsias desses grupos religiosos, li , um dia, na Epístola de Thiago, primeiro capítulo, versículo cinco o seguinte: E, se alguém de vós tem falta de sabedoria, peça-a à Deus, que a todos dá liberalmente , e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.( Tiago 1;5).
Jamais uma passagem de escritura penetrou com mais poder o coração de um homem do que essa, naquele momento, o meu. Pareceu penetrar com grande força em cada fibra de meu coração. Refleti repetidamente sobre ela, tendo consciência de que se alguém necessitava da sabedoria de Deus, era eu, pois não sabia como agir e, a menos que conseguisse obter mais sabedoria do que eu tinha então, nunca saberia; pois os religiosos da diferentes seitas interpretavam as mesmas passagens de escritura de maneira tão diferente que destruíam toda a confiança na solução do problema através de uma consulta à Bíblia." Joseph Smith-História capítulo 1 versículos 11,12 in Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. Texto original extraído do diário pessoal de Joseph Smith e publicado também em " A Igreja Restaurada"de William Edwin Barret , publicado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, edição de 1978, páginas 8 e 9.
Em consequência do acima relatado, Joseph Smith decidiu dirigir-se a um bosque próximo com a finalidade de ali, livre de qualquer interrupção orar a Deus e perguntar qual caminho deveria seguir, qual igreja detinha a verdadeira doutrina divina. O que se seguiu não poderia estar presente na mais grandiosa expectativa de um adolescente acostumado ao trabalho de arar a terra.
Segundo o seu próprio relato, estes foram os fatos que se sucederam:
" Assim, seguindo minha determinação de pedir a Deus, retirei-me para um bosque a fim de fazer a tentativa. Foi na manhã de um belo e claro dia, no início da primavera de 1820. Era a primeira vez na vida que fazia tal tentativa, pois em meio a todas as ansiedades que tivera, jamais havia experimentado orar em voz alta.
Depois de me haver retirado para o lugar que previamente escolhera, tendo olhado ao redor e encontrando-me só, ajoelhei-me e comecei a oferecer a Deus os desejos de meu coração. Apenas iniciara, imediatamente se apoderou de mim uma força que me dominou por completo; e tão assombrosa foi sua influência que me travou a língua, de modo que eu não podia falar. Uma densa escuridão formou-se ao meu redor e pareceu-me, por um momento, que eu estava condenado a uma destruição súbita.
Mas usando todas as forças para clamar a Deus que me livrasse do poder desse inimigo que me subjugara, no momento exato em que estava prestes a sucumbir ao desespero e abandonar-me a destruição - não a uma ruína imaginária, mas ao poder de algum ser real do mundo invisível, que possuía uma força tão assombrosa como eu jamais sentira em qualquer ser - exatamente nesse momento de grande alarme, vi um pilar de luz acima de minha cabeça, mais brilhante que o sol, que descia gradualmente sobre mim.
Assim que apareceu, senti-me livre do inimigo que me sujeitava. Quando a luz pousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e gloria desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: "Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!"
Meu objetivo ao dirigir-me ao Senhor era saber qual de todas as seitas estava certa, a fim de saber a qual me unir. Portanto, tão logo me controlei o suficiente para poder falar, perguntei aos Personagens que estavam na luz acima de mim qual de todas as seitas estava certa (pois até aquele momento jamais me ocorrera que todas estivessem erradas) e a qual me unir.
Foi-me respondido que não me unisse a qualquer uma delas, pois estavam todas erradas; e o Personagem que se dirigia a mim disse que todos os seus credos eram uma abominação a sua vista; que aqueles religiosos eram todos corruptos; que "eles se aproximam de mim com os lábios, mas seu coração está longe de mim; ensinam como doutrina os mandamentos de homens, tendo aparência de religiosidade, mas negam o seu poder".
Novamente me proibiu de unir-me a qualquer uma delas; e muitas outras coisas disse-me, as quais não posso, no momento, escrever. Quando tornei a voltar a mim, estava deitado de costas, olhando para o céu. Quando a luz se retirou, eu estava sem forças; mas tendo logo me recuperado em parte, fui para casa."(Joseph Smith- História 1:14-20, em Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor)
Claro que o relato de sua experiência religiosa, como não poderia deixar de ser, criou as mais desfavoráveis críticas da parte dos ministros religiosos da época que acreditavam ser impossível que Deus se manifestasse a um simples garoto, negavam que Deus pudesse se manifestar ao homem em nossos dias e que, acaso Ele se manifestasse , faria-o a algum ministro, muito mais preparado para compreender as coisas divinas.
Joseph foi alvo de intensa perseguição por parte dos ministros e de chacota pelo povo em geral.
Para muitos, até mesmo nos dias atuais, os céus devem permanecer fechados a toda revelação de Deus. Para estes, Deus perdeu o poder de manifestar-se aos homens conforme ache necessário. No entanto é interessante lembrar que jamais houve um profeta que não fosse rejeitado , em maior ou menor escala , dentro da própria história bíblica. O próprio Cristo sofreu toda a sorte de perseguições da parte dos líderes religioso de sua época até que foi martirizado e crucificado.
Na época de sua existência mortal os lideres religiosos alegavam que da boca de Moisés já havia sido dada toda a lei e que esta não precisava de acréscimos.
É da natureza do homem que, tão logo sinta seu poder ameaçado, reaja de todas as maneiras possíveis com o fim de desmoralizar a quantos desafiem a sua posição.
Não é de se estranhar, portanto, que até aos dias atuais, o mormonismo receba ataques diversos, muitas vezes desprovidos de quaisquer argumentos sólidos, baseados no mais das vezes no " eu ouvi falar que..." ou na fanatismo religioso de alguns.
Para encerrar este primeiro capítulo, citarei a 11ª regra de fé de A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a fim de que possa o leitor ter uma idéia de como os " mórmons" encaram e suas e as outras religiões:
11º Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem.
No próximo capítulo trataremos do tema "Restauração"...até lá.
* Doutrina e Convênios e Pérola de Grande valor pode ser encontrado em qualquer livraria SUD e, provavelmente em algumas capelas da Igreja.