PERDOAR A SI MESMO: EIS A QUESTÃO

Não são raras as pessoas que têm muita dificuldade em perdoar aos outros as suas ofensas. Guardam anos a fio, ou até mesmo pela vida inteira uma mágoa por uma ofensa e outras morrem sem conseguir libertar seu coração daquele peso. Às vezes, nem foi tão grave o que ocorreu, mas, se ofendeu a vaidade, atingiu o ego, houve depreciação pessoal, (o que não é nada agradável), pronto! Não há nada que faça superar e colocar uma pá de cal em cima daquele dissabor.

Mas há um problema ainda maior, com consequências terríveis para o ser humano e é mais comum do que se imagina: Pessoas que não sabem ou não conseguem se perdoar a si mesmas. Assim, se fecham num sentimento de culpa sem tamanho e, por isso, muitas de suas doenças, como depressões, angústias, têm sua origem nessa culpa, por somatização, ou seja, o organismo responde com doenças, o que não é solucionado, emocionalmente, no seu interior.

Culpas e remorsos são inimigos constantes de alguns e trazem junto a humilhação, a vergonha, o medo e a maior consequência: A autopunição. Para evitar sofrimentos, devemos conceder esse perdão a nós mesmos, quando erramos e confessamos a Deus e nos arrependemos de nossa transgressão. Existem aqueles que "remoem” os erros do passado, mesmo aqueles que foram confessados e perdoados por Deus.

Perdoar a si mesmo requer enfrentar os próprios medos, julgamentos, injustiças, limitações, olhar para a própria vida e lembrar-se de quantas vezes errou e quantas vezes já acertou. Somos seres humanos, estamos em constante processo de aprendizagem e evolução. E nesse caminho, acertamos e erramos, temos que ser razoáveis quando necessário.

Várias passagens bíblicas falam da superação pelo perdão, que é uma bênção maior que alcança o perdoador, muito mais do que ao ofensor arrependido. Jesus disse figuradamente que devemos perdoar pelo menos setenta vezes sete ao nosso irmão, pois, não existem limites para se praticar a misericórdia. Foi o que Ele quis dizer quando Pedro lhe perguntou até quando deveria perdoar seu irmão, se até sete vezes. E Jesus responde: “Eu lhe digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete". Mateus 18: 21-35.

Se arrependermos do fundo do coração de algum mau ato praticado, recorremos a Deus com o coração sincero e Ele, em sua infinita misericórdia, nos perdoa e esquece nossas transgressões: Isaías 1.18, “Vinde então, e argui-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.”.

Como Deus é sensível a um coração contrito e arrependido, por que essa dificuldade de se perdoar, se o próprio Deus, que é Senhor da vida, o fez por nós, com todo o amor que lhe é natural? “Serei misericordioso para com suas iniquidades e de seus pecados e suas prevaricações não me lembrarei mais” (Hebreus 8:12).

Todos conhecemos pessoas que sentem remorso, se dizem arrependidas, mas “não dão passagem”, não se libertam de uma culpa sem sentido. É claro que não nos esquecemos de nossas faltas, servem de lição, de experiência para evitar reincidir em futuros erros. Também não seria normal esse esquecimento, mas, como não podemos reter o pecado alheio, muito menos poderemos reter o próprio, não é salutar, faz mal para a nossa vida, como um todo, principalmente, a saúde física e mental.

"Os fariseus, tendo sabido que ele tinha feito calar a boca aos Saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, veio lhe fazer esta pergunta para o tentar: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, e de todo o vosso espírito; é o primeiro e o maior mandamento. E eis o segundo que é semelhante àquele: Amareis o vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nestes dois mandamentos". (Mateus, 22, 34 a 40).

O amor liberta, e, para amarmos o outro, temos de aprender a nos amar a nós mesmos. Cristo nos deu a medida exata deste amor: Amar ao próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas, conforme citado nos evangelhos.

Devemos livrar de tudo que nos faz mal, curar a ferida que mais dói curar nossa vida emocional. A verdadeira cura é fazer as pazes com a gente mesmo.

Temos de refletir nesse aspecto do perdão, pois, para algumas pessoas, é bem mais fácil perdoar ao próximo de suas faltas do que se perdoar e sentir que, se somos alcançados pelas bênçãos de Deus, temos de usufruir dessa vida plena que o Pai nos concede, através da prática do amor e da reconciliação e a reconciliação consigo mesmo é fundamental para quem pretende viver em plenitude.

DORA TAVARES
Enviado por DORA TAVARES em 06/10/2009
Reeditado em 14/08/2016
Código do texto: T1852011
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