O destino e o predestino
Em conversa com amigos, surgiram dúvidas que estão enraizadas entre os seres humanos, no que concerne à representatividade do destino na vida de cada um de nós. Alguns creem que o destino é algo já determinado a cada um, por conseguinte nada pode ser feito para que haja mudanças pelo caminho traçado; por outro lado, outros não concordam e acham que nós é que temos a capacidade de escrever nosso destino, através do livre arbítrio; enquanto isso, outros acreditam que o destino também pode sofrer interferências externas, de maneira a mudar o seu roteiro, de forma inesperada e muitas vezes até desastradamente. O pior nisso tudo são aqueles que têm plena convicção de que o destino está sob o manto do acaso, por onde o ser humano nada pode fazer, a não ser se precaver contra o que possa acontecer de ruim, e torcer para que coisas boas venham lhe trazer benesses, através da sorte.
Existe outra corrente, que poderemos chamar de “os crédulos inúteis”, que acham ser possível interferirem nas decisões divinas a seu favor, pedindo graças, pagando promessas, efetuando romarias e louvações – o perigo desse tipo de crença está nos momentos das desgraças, onde esses infelizes acabam se voltando contra Deus, cobrando-Lhe a falta de proteção, apesar do cumprimento de seus “deveres de fé”! Semelhantes a esses coitados, também existem os “místicos”, que pautam o andamento dos seus destinos em uso de amuletos, pedras brutas, pedaços de papel com inscrições cabalísticas, rituais herméticos e demais baboseiras; no momento em que percebem que tudo isso não passa de perda de tempo inútil, entregam-se ao vazio da desesperança e acabam por caírem em depressão.
O engraçado nessa história é que nenhuma dessas opiniões, atitudes e crendices está dentro da verdade da natureza, o que explica toda a balbúrdia que podemos acompanhar por aí. Mais uma vez, vou repetir: as pessoas gostam de complicar o que é simples, ou seja, preferem acreditar em qualquer coisa que lhes pareça cômodo, em lugar de terem o trabalho de irem atrás do conhecimento que mostre o Caminho Perfeito, porque isto demanda usar o espírito de busca, ter muita força de vontade e dedicar-se com afinco no aprendizado, nas práticas e nas análises dos resultados. É essa atitude boçal que faz por permanecer a humanidade nas trevas da ignorância, onde grande maioria continua achando isto ou achando aquilo, mas sem base nenhuma para apresentar justificativas que expliquem o seu “achismo”, porque esta ação é simplesmente algo subjetivo e sob o comando, nada mais nada menos, de pontos de vista, sem qualquer respaldo concreto.
O que chamamos de predestino, como a própria palavra está mostrando, é a determinação de diversos parâmetros que vêm a fazer parte do espírito que esteja prestes a ganhar a permissão de “nascer” no mundo material. Esses parâmetros são determinados em conformidade com as afinidades criadas por esse espírito em reencarnações anteriores, portanto o homem nasce em determinado território, sendo filho de pais específicos, com a cor da pele, dos olhos e dos cabelos de acordo com a miscigenação ancestral, com o sexo determinado, e carregando uma bagagem de máculas espirituais acumuladas de outras vidas e também herdadas dos antepassados. Por essas e outras é que podemos afirmar que a criança é um ente indefeso, porém não é inocente, logo cabe a nós, adultos, protegê-la por todas as formas, mas não julgá-la como sendo boa ou má ou “coitadinha”, caso algo de desastroso venha a acontecer com ela.
Agora fica fácil definir o que é destino, que, ao contrário do predestino, pode sofrer mudanças em seu roteiro, onde estão traçados antecipadamente acontecimentos que farão parte da vivência do indivíduo, sejam graças ou desgraças, mas que poderão ser amenizadas, aceleradas, aumentadas e até excluídas, tudo na dependência do comportamento que o homem imprimir à sua vivência, que esteja em conformidade ou não com os desígnios do Caminho Perfeito (“Dori”, em japonês). Iremos gerar problemas no nosso destino toda vez que insistirmos em entrar por atalhos, portanto o melhor é mantermos o nosso “GPS da vida” perfeitamente “calibrado” de acordo com o alto grau de conhecimento útil e pela sabedoria verdadeira.