A MENTIRA COMO FILANTROPIA

A MENTIRA COMO FILANTROPIA

Carlos Roberto Martins de Souza

Até pouco tempo não se sabia que a mentira poderia ser usada como uma prática filantrópica, quando muito, ela salvava alguns de embaraços em casos amorosos mal resolvidos. Então, com a evolução da “espécie”, com a descoberta de sua potencial aplicação no mercado político, surgiu a “Mentirosofia”, a mais nova ciência que se consolida cada vez mais no Brasil, mentir transformou-se numa arte cênica fundamental para a sobrevivência na oposição ao governo, e nem é preciso “cara de pau” - que me perdoe a madeira - para exercitar a arte da “Mitomania”. A mentira tem a mesma fonte e a mesma força da verdade, ambas são produzidas pelo cérebro, com uma diferença, a verdade tem raiz e lastro, já a mentira se equilibra no malabarismo de quem a conta. Contar mentira dá tensão, excita a “perseguida”, estimula o libido criminoso, e provoca orgasmos múltiplos nos miolos. Daí, a “Mentirosofia” se consolida no compartimento amplo da “Mentirocracia”, ambas voltadas para o entretenimento de pessoas desprovidas do senso de ética e dos valores morais que norteiam a vida. Alimentada pela falta de caráter, ela tem um poder descomunal de se espalhar e causar danos graves e irreparáveis. Nesta esteira de espalhar notícias falsas, a extrema-direita se especializou na cadeira de “Mentira Provisória”, uma desgraça que assola o país, ela tem data de validade, e eles usam de todos os recursos para editar as tais mentiras. Começaram com as “Urnas”, foi uma farra de “Mentiras Provisórias” sobre elas, que acabaram processados. Depois vieram os “Votos”, da mesma forma, eram também “Mentiras Provisórias”, e ai acabaram levando até multas altíssimas, pior, a inelegibilidade do mentiroso mor, Jair Mentindo Broxonaro. Ao longo dos últimos anos, a febre das “Mentiras Provisórias” passaram a dominar a oposição, pois falta a eles opção para continuar em evidência no mercado político no Brasil. A construção arquitetônica de uma narrativa pela extrema-direita é uma singular mentira psicológica imposta a um sistema alimentado pela falsidade nas informações. Sabemos que uma afirmação tem sempre duas interpretações que se opõem conforme as circunstâncias e interesses. No caso da política, sabemos que um tal “conhecereis a verdade” virou uma arma poderosa na propagação das mentiras, mentiras estas elevadas à condição de “filantropia” na sua prática. É muito fácil encontramos pessoas que dizem "menti para preservar", ou "menti para evitar o sofrimento". Enfim, menti para fazer o bem. Mas, e o que foi enganado, trapaceado pela mentira, irá se sentir de que maneira ao saber o que a mentira acobertou, ainda que por um considerado bom motivo? Com milhões de idiotas perdidos, vagando na vida sem saber o que é viver, consumir mentiras como alimento do ego tornou-se um ritual de altruísmo pedagógico. Contar uma mentira, ou ler uma, dando a ela a fantasia de verdade é um fetiche, uma firma de extravasar as frustrações causadas pelas notícias que não gostariam de ouvir. A mentira, em si, é sabia, pois ela tem a capacidade de se vestir como uma verdade nata e incontestável, cativando os menos avisados, tirando deles o seu poder de causar danos irreversíveis ao caráter. Vender gato por lebre é tão antigo quanto a existência desses bichos, e o mercado anda aquecido e em franca expansão no Brasil. Quer vender uma mentira? Basta contratar qualquer um qualquer da extrema-direita, em segundos eles dão valor de ouro, vendem e ainda cobram propina. Eles alegam que a mentira é uma necessidade social e política, mesmo sendo patética e imoral. E o pior, dizem ser um ato de ajuda, de filantropia política, pois precisam colaborar na desmoralização do governo. É sabido que a mente humana é impalpável, impenetrável, invisível, ela tem o dom de se mimetizar. É um camaleão diante da realidade. Por isso se opõe ao corpo visível, tocável, com formas medíveis. Só lembrando, mimetizar significa imitar, reproduzir ou adaptar-se a algo, especialmente através do mimetismo. O diabo da mentira nem sempre é a mentira do diabo, às vezes ela vem como filha adotiva, parlamentares de fofoca, e só depois que a desnudam, descobrem ser ela a mentira. Mentir é uma arte, hoje nobre, pois é um exercício mental capaz de seduzir a pessoa, a ponto de ela acreditar nela mesma, assim como puxar o saco. No caso do “puxa-saco”, a lição número um é saber escolher o saco certo, pois tem saco que não vale a pena ser afagado. Tem muito amador que até se esforça, mas puxa o saco errado e nunca atinge o objetivo. Na mentira, há um enredo a ser construído, sob pena de não passar credibilidade, com um detalhe, tem de deixar alguma pontinha solta, se não fica verídico demais e ninguém acredita. Recentemente, com a ascensão ao poder de um tal Mito, criaram a expressão Fake News. É mentira como outra qualquer, só que é mais requintada, nobre, abençoada, e separa amadores de profissionais. Ser acusado de criar Fake News é chique e dá mais status do que ser chamado de mentiroso. Mas pode, é está dando cadeia. O grande desafio é fazer o mentiroso lembrar que, mesmo com toda a sua encenação, com toda a empolgação, com todas as fantasias, a sua mentira será sempre uma “MENTIRA PROVISÓRIA”, e quando ele menos esperar, ela perde a validade e ele passa vergonha.

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 26/04/2025
Reeditado em 26/04/2025
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