Escolas sem livros, lares sem diálogo: quem educa? /ᐠ。‿。ᐟ\

O Brasil está enfrentando um grande desafio no século XXI: a educação. E o pior é que estamos vamos na contramão do que seria o ideal. Os testes nacionais e internacionais têm mostrado uma realidade preocupante: muitas de nossas crianças e jovens simplesmente não conseguem ler e escrever com fluência. Cálculos básicos, como multiplicar e dividir, ainda são um obstáculo. No ensino médio e superior, a situação não é muito diferente. Sem essas habilidades essenciais, como vamos realmente competir em um mundo cada vez mais globalizado?

A responsabilidade é de todos nós. As autoridades muitas vezes desvalorizam os professores e deixam a infraestrutura das escolas sucateada. A sociedade civil, por sua vez, parece estar de braços cruzados, sem se importar. E dentro das escolas, muitos professores acabam cedendo à pressão e aprovando alunos que não estão prontos. A aprovação automática, criada por boas intenções de algumas elites, acabou sendo tão prejudicial quanto a reprovação em massa. Esse sistema falido está comprometendo o futuro das nossas gerações e agravando ainda mais as desigualdades sociais.

As famílias, sem dúvida, têm um papel central nesse processo. É em casa que as sementes da educação e da cidadania são plantadas. Quando os pais se omitem, o fracasso fica mais próximo. Crianças que crescem em lares marcados pela violência podem começar a achar isso normal. Por isso, dar o bom exemplo é fundamental. A educação não começa só na escola, ela começa nas atitudes diárias, dentro de casa.

Os pais precisam se envolver mais. Acompanhar bem de perto o que acontece na escola, conversar com os professores e estar atentos ao que os filhos estão aprendendo é um passo essencial. Se o desempenho da criança piora, não podemos esperar. Precisamos agir logo. O problema está em casa, na escola, ou até na gestão? Se as aulas estão incompletas ou mal organizadas, é hora de buscar respostas com a direção. E se nada mudar, é preciso acionar as autoridades ou recorrer aos meios legais. O direito à educação não pode ser negligenciado.

É inaceitável que tantas crianças cheguem ao fim do ensino fundamental sem conseguir escrever um texto simples de vinte linhas. Culpar apenas os professores pelo fracasso escolar é uma visão rasa demais. As famílias, também, têm sua parte de responsabilidade. Uma professora me contou: ''Meus alunos não tomam banho, não conseguem se concentrar por mais de cinco minutos. Só querem brincar.'' Impor limites e criar rotinas é fundamental. A educação exige dedicação, disciplina e o comprometimento de todos.

A escola é o primeiro espaço público onde as crianças começam a socializar. É ali que elas aprendem a ler, escrever, calcular e se comunicar – habilidades essenciais para a convivência em sociedade. Como afirma a doutora Maria Alice Setúbal, psicóloga da educação: ''A escola constrói valores e conhecimentos para a participação na sociedade contemporânea.'' Ignorar isso é fechar os olhos para o óbvio.

Anísio Teixeira já alertava: ''a educação é um direito, não um privilégio.'' Uma sociedade democrática só se mantém saudável com um ensino público de qualidade. Não podemos aceitar que esse modelo continue falido. A solução exige a união de todos: sociedade, famílias, educadores e especialistas. Os pais não podem e nem devem jogar para a escola toda a responsabilidade, que também é deles. Valorizar a educação é investir no futuro das nossas crianças, jovens, professores e, claro, no futuro do Brasil.

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