"A casa começou a cair"

É, amigo leitor, demorou, mas a casa golpista está começando a cair. Demorei para escrever sobre, porque preferi acumular desdobramentos acerca dos personagens tramantes e participantes do golpe e, realmente, a água começou a bater no pescoço: Começou o salve-se quem puder e o quem pode mais, chora menos.

Comecemos pelos peões do tabuleiro golpista: A cabeleireira Débora, que pichou a estátua da justiça com batom, já detida por quase dois anos e supostamente prestes a ser condenada por quatorze. Argumentos solidários auriverdes apelam para os filhos, como se isso fosse atenuante de pena ou motivação para absolvição. Não é! Débora não está sendo julgada pelo ato em si, mas pelo contexto que o envolve: Foi flagrada a serviço da tentativa de golpe e em seu êxtase patriótico. Deu no que deu. Soldado, peoa, tal qual fogueteira do tráfico, só um milagre jurídico para que escape.

Eduardo Bolsonaro, aquele que em uma entrevista, disse que para tomar o STF bastavam um cabo e dois soldados, licenciou-se do mandato de deputado federal e está nos Estados Unidos, fazendo stories na internet, buscando comoção ianque para apoiar a direita extremista tupiniquim, e quiçá, um asilo político. Se voltasse a trabalhar como chapeiro de hambúrgueres numa rede de fast food, certamente seria muito mais digno, honroso e honesto.

Passamos pela Zambeli, que praticamente está condenada por porte ilegal de armas e constrangimento ilegal por uso da mesma. A presepada ocorreu às vésperas das eleições presidenciais, quando saiu correndo atrás de um eleitor usando seu trabuco, num desequilíbrio de fazer inveja a um bêbado com labirintite. Patético, sendo que o "Messias", em entrevista recente num podcast, atribuiu sua derrota à insanidade da deputada.

E o Heleno? A linha de defesa do seu advogado está utilizando-se da tática de praticamente admitir a tentativa de golpe, mas também de negar a participação milico-geriátrica do seu cliente. O sucesso quanto à absolvição é bastante improvável, diga-se de passagem.

E o mito, o "Messias", todo-poderoso, criador do escarcéu e da quase guerra, como tem agido? Resta sentar no banquinho dos réus e bradar aos quatro ventos a narrativa da injustiça, na tentativa quase vã de escapar da condenação. Confesso que fico comovido. Só que não! Disse e repito: Vencesse as eleições no voto, de forma democrática, seríamos obrigados a aturá-lo, pois assim é o jogo. Sendo derrotado, admitisse o insucesso, passasse a faixa e fizesse oposição, como manda o figurino. Optou por liderar uma trama golpista de republiqueta, então, que pague pelos seus erros, sendo respeitados os ritos e o princípio do contratidório. Mas é como dizia a dupla de filósofos contemporaneos Teodoro & Sampaio: E se a casa cair? Deixa que caia...

* O Eldoradense