Política, corrupção e por que precisamos ler mais?

A queda no número de leitores atinge todas as idades, gêneros e classes sociais. Por quê? A resposta é complexa. Falta acesso? Em parte, sim. Dados do Censo Escolar (2021) revelam que 48% das escolas públicas não possuem biblioteca. Sem infraestrutura básica, como esperar que a leitura floresça?

Falta incentivo? Também. Muitas famílias não cultivam o hábito da leitura em casa. O problema, no entanto, não está apenas na escola. Professores se esforçam, mas sem o apoio familiar, o trabalho fica incompleto. A leitura precisa ser um compromisso coletivo: escola, família e sociedade precisam caminhar juntas.

A realidade: sem leitura, o pensamento crítico se enfraquece. E sem pensamento crítico, a cidadania perde força. Resultado? Menos participação política e maior vulnerabilidade a discursos simplistas e manipuladores. Um alerta: o Brasil figura entre os 10 piores países no ranking global de educação (PISA, 2022). Coincidência? Não. Leitura e educação estão profundamente conectadas. Quando uma falha, a outra também sofre.

Por que tantos abandonam os livros? Preguiça? Não apenas. É, sobretudo, falta de hábito desde cedo. A culpa não recai só sobre a escola. Faltam, entre nós, uma cultura e um ambiente que valorizem o conhecimento. Uma cultura que mostre que ler transforma. Para o emprego. Para o diálogo. Para a vida.

A baixa taxa de leitura impacta diretamente a forma como as pessoas se informam. Hoje, muitos formam opiniões com base em manchetes apressadas, redes sociais e vídeos curtos. Ler oferece algo diferente: uma visão ampla, comparativa e analítica. Sem isso, crescem os riscos de polarização, desinformação e manipulação. Outra coisa, quem não lê tende a ser mais superficial e suscetível a narrativas rasas e fake news.

Economia instável, desigualdade social e crise política não são causadas apenas pela falta de leitura. No entanto, esses problemas estão ligados à formação educacional da população. Um eleitor bem-informado, quase sempre, faz melhores escolhas em sentido amplo. Um cidadão que lê questiona, participa e compreende os processos que regem a sociedade. Portanto, investir na leitura é fortalecer a democracia e as instituições.

Nem tudo está perdido. Existem saídas. Projetos comunitários, como o "Ler é Poder", em São Paulo, levam livros a regiões carentes. Bibliotecas populares, como a de Paraisópolis, incentivam o hábito da leitura. Plataformas digitais, como o Projeto Gutenberg, oferecem milhares de obras gratuitas. Portanto, o problema não é a falta de soluções. O desafio é ampliar o acesso e construir uma cultura que valorize o conhecimento.

Leitura não é apenas só sobre livros. É muito mais... Para o conhecimento. Para o debate. Para o futuro. O Brasil pode mudar sua trajetória. Mas essa mudança começa com o hábito de ler. O que está fazendo para transformar essa realidade? E você, do RL, quantos livros lê anualmente?