Por trás das máscaras: o carnaval e os problemas esquecidos /ᐠ。‿。ᐟ\

O carnaval vem aí. Ele é uma das maiores expressões culturais do Brasil. Conhecido mundialmente, ele atrai turistas, movimenta bilhões na economia e é símbolo da alegria, da música e da criatividade do povo brasileiro. Mas, por trás do brilho dos desfiles e da energia contagiante dos blocos, existem questões sérias que não podem ser ignoradas.

A desigualdade no Brasil é profunda. Violência, corrupção e serviços públicos precários fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas. Durante a folia, essas realidades ficam escondidas. A mídia foca nos desfiles luxuosos, nos abadás coloridos e nas multidões dançando. O problema é que essa cobertura idealizada acaba funcionando como uma "maquiagem" que esconde as mazelas do país. Enquanto todos celebram, os problemas continuam lá, esperando para serem enfrentados quando a festa acabar.

Os ganhos econômicos do carnaval são gigantes, mas nem todo mundo sai ganhando. Hotéis lotados, empresas de turismo e grandes marcas lucram alto com a festa. Já as comunidades carentes, muitas vezes responsáveis pela cultura que dá vida ao evento, continuam marginalizadas. Faltam saneamento básico, infraestrutura decente e oportunidades reais para essas populações. O carnaval, em vez de ser uma ponte para melhorar a vida dessas pessoas, acaba ampliando as desigualdades que já marcam o Brasil.

Outro ponto cego é o jeito como o carnaval reflete um comportamento quase inconsciente da sociedade brasileira: o adiamento de soluções urgentes. É comum ouvir a frase: ''o ano só começa depois do carnaval'. Essa mentalidade revela algo maior. Enquanto o país está ocupado celebrando, questões como saúde, educação e segurança pública ficam em segundo plano. Não é que o carnaval cause isso, mas ele evidencia como a sociedade ainda prefere deixar de lado os problemas para depois.

Isso não significa que devemos acabar com o carnaval ou criticá-lo como se fosse o vilão da história. Pelo contrário. Ele é parte fundamental da brasilidade, uma celebração rica em diversidade cultural e criatividade. Mas será que não podemos fazer mais com essa visibilidade? Em vez de usar a festa apenas para entreter, por que não aproveitá-la para chamar atenção para os problemas que precisam ser resolvidos?

Imagine desfiles que denunciem injustiças sociais, como moradia precária ou racismo. Blocos que promovam campanhas de conscientização sobre saúde mental, meio ambiente ou direitos humanos. E turismo que beneficie diretamente as comunidades locais, gerando renda e oportunidades onde elas mais fazem falta. O carnaval tem o poder de mobilizar milhões de pessoas. Por que não usá-lo para engajar a população em causas importantes?

Ou seja, quando o último bloco passa e a música para, a realidade volta com tudo. Para muita gente, ela é dura: ônibus e metrô lotados, escolas e hospitais sucateados, salários que mal dão para pagar as contas. Celebrar é importante, claro. Afinal, a alegria é parte do que nos define como povo. Mas só celebrar não resolve os problemas.

Finalmente, a folia pode ser mais do que uma festa. Ela pode ser um lembrete de que a alegria completa só virá quando enfrentarmos nossos desafios estruturais. Melhor dizendo: quando lutamos por justiça social, igualdade e oportunidades para todos. Enfim, quando a música parar, temos de recomeçar.