Sobre deportações
Ontem chegou mais um avião norte-americano com deportados brasileiros e a mídia voltou a chamar atenção de que vieram com algemas e correntes.
Por que não notaram isso antes? Antes de dizerem que eu seja "trumpista" esclareço que vejo defeitos no Trump, ele é falastrão, fanfarrão. Não o tipo de pessoa que inspire muita simpatia.
Mas é preciso olhar as coisas com justiça e lógica.
Durante o governo de Joe Biden ocorreram 32 vôos de deportados para o Brasil, e com as algemas. Uma pequena pesquisa mostra que essa é uma praxe da polícia de imigração norte-americana, pelo menos desde os anos 80.
Então por que só agora a extrema imprensa brasileira reparou nas algemas?
Outra coisa: o noticiário deste segundo vôo em 2025 fala de um cidadão que estava preso há quatro meses. Ou seja, ainda no governo Biden.
Então não foi Trump quem inventou as deportações e as algemas. Eu penso até que isso nem é da alçada do presidente dos Estados Unidos, é prática resolvida no âmbito interno das autoridades policiais.
A extrema imprensa parece muito compadecida dos repatriados brasileiros por causa da imobilização, mas por mais incômoda que seja, só leva no máximo algumas horas na viagem de avião. Essa extrema imprensa deveria se compadecer dos brasileiros detidos, a maioria sem julgamento, há mais de dois anos, por causa dos distúrbios em Brasília. Algumas coisas, que não são desconhecidas pela nossa mídia, deveriam ser levadas em consideração. Como explicou o digno Dr. Ives Gandra Martins, não existe, na História, golpe ou tentativa de golpe sem armas. O que houve foi vandalismo e destruição de propriedade pública. É crime e gera prisão, mas não penas tão exageradas. Além disso não foram, salvo exceções, prisões em flagrante, mas efetuadas no dia seguinte, no acampamento em frente ao exército, que há dois meses realizava manifestações pacíficas.
É possível demonstrar que todas e cada uma das 1.400 pessoas detidas esteve realmente nos prédios dos poderes, vandalizando?
É regra básica do Direito que uma pessoa é considerada inocente até prova em contrário. Além disso não me entra na cabeça tamanha negligência, a ponto de os prédios dos poderes serem invadidos por uma multidão desarmada. Pois aqueles prédios deveriam ser os mais bem defendidos do país. Mais até do que os quartéis. Como explicou o Dr. Ives, em caso de vandalismo deve-se procurar três tipos de culpados: 1) quem fez; 2) quem financiou; e 3) quem se omitiu.
Essas pessoas, que estão separadas de suas famílias (até de filhos pequenos) e presas na instância zero (a maioria não foi julgada, e há uma norma do STF, que permitiu soltar muita gente, que proíbe a prisão na segunda instância, mas só na última, o chamado "trânsito em julgado"), deveriam estar respondendo em liberdade e na primeira instância.
Também tomei conhecimento faz pouco sobre diversos países da Europa e da Ásia (como Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Índia e Turquia) que também realizam deportações em massa, e talvez em condições piores. Por que a extrema imprensa não faz estudos sobre isso? O negócio é atacar Trump porque ele é considerado "ultradireitista"? Aliás isso é um rótulo da mídia esquerdista, que nem sempre se justifica.
Mas, por que as algemas e correntes nos pés? Pelo que eu apurei, não é necessariamente por sadismo, mas por duas razões: impedir brigas entre os deportados e impedir motins que poderiam levar até ao domínio do avião e seu desvio de rota, com grave risco de vida para os seguranças e o restante da tripulação, pois os deportados são em maior número.
Ora, se acham que eu estou brincando, vamos lembrar que tempo houve em que os desvios de aviões para Cuba tinham virado rotina. No caso não eram vôos de deportados, mas vôos comerciais comuns. Um ou dois sujeitos armados bastavam para dominar a tripulação e obrigar os pilotos a fazer esse desvio. A coisa chegou a tal ponto que um jornal carioca publicou uma "charge" bem engraçada de Fidel Castro, deitado no sofá do psicanalista e choramingando: "Aviões! Aviões! Não aguento mais, doutor!"
Bem, eu penso que poderia haver menos severidade por uma única razão: as necessidades fisiológicas. Todo mundo precisa urinar e defecar. Portanto, acho que as correntes nos pés são exagero. Talvez as próprias algemas pudessem ser dispensadas, desde que os deportados fossem presos nos assentos por cintos de segurança que eles não pudessem abrir. Quem precisasse ir ao banheiro seria solto e escoltado.
Mas o que eu não posso achar justo é que fiquem crucificando o Trump como se ele é que tivesse iniciado essa prática. Isso é uma forma de mentir para a opinião pública e por razões ideológicas.
Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 2025.