Paraíso socialista e inferno capitalista

Eu já ouvi falar - e quem nunca ouviu? - de cubanos que, fugidos do paraíso socialista que os heróicos Fidel e Che criaram em Cuba, enfrentaram, tendo o fim de aportarem no inferno capitalista americano, a bordo de embarcações rústicas, o mar revolto, e tubarões e outras alimárias teratológicas que habitam o reino de Poseidon, num périplo que se iguala ao de Odisseu, muitos encontrando a morte - e preferiram a morte a terem de viver eternamente no éden castroguevarista - em águas caribenhas.

E eu nunca ouvi falar - e quem já ouviu? - de americanos que, fugidos do inferno capitalista americano, nadaram em águas revoltas com o propósito de chegarem ao paraíso socialista fidelguevarista.

Não entendo os cubanos e os americanos, aqueles a preferirem abandonar um paraíso e irem viver num inferno, e estes a se negarem a saírem de um inferno e irem viver em um paraíso.

E digo mais: não entendo porque os alemães que viviam no lado de lá da Cortina de Ferro, na Alemanha Oriental, um paraíso socialista sob domínio comunista soviético, fugiam para a Alemanha Ocidental, um inferno administrado por capitalistas americanos. Não entendo. E os alemães do lado de cá do Muro de Berlim - obra-prima da arquitetura mundial, símbolo da abnegação e previdência dos comunistas soviéticos, que o ergueram para protegerem os alemães que viviam do lado de lá do sonho desarrazoado de, fugindo do paraíso que a União Soviética criou, onde viviam belamente e encontravam tudo o que havia de bom e melhor, irem ao inferno capitalista moldado pelos americanos - jamais se arriscaram, enfrentando apuros mil, para irem viver, no lado de lá, no paraíso que existia então, antes que o muro derrubassem.

E se posso dizer mais um pouco, aproveitando a ocasião que a vida me ofereceu, digo: estranham-me, e confundem-me a cabeça, as pessoas que, em sua gloriosa luta contra as ditaduras, os governos autoritários, e os totalitários, criticam, duramente, e com razão, o nazismo, mas, todavia, no entanto, porém, louvam o comunismo, que, na essência, vale tanto quanto o nazismo.