Fake news matam e a urgência de regular as redes sociais /ᐠ。‿。ᐟ\
No mundo contemporâneo, a informação viaja em segundos com um clique, transformando opiniões em verdades absolutas sem qualquer reflexão. As redes sociais, que deveriam conectar pessoas, tornaram-se ferramentas perigosas, capazes de ditar narrativas e inflamar paixões. No entanto, poucos param para refletir sobre o impacto devastador de uma mentira. O caso de Rafael dos Santos Silva, jovem de 22 anos brutalmente assassinado em Suzano, São Paulo, em 2022, é um trágico exemplo disso.
Rafael era um jovem comum: trabalhador, filho amoroso e, segundo sua mãe era pacífico. Sua vida foi destruída por uma acusação falsa: ele teria matado cachorros na região. Tudo começou quando um vereador compartilhou um vídeo mencionando um homem, sem citar nomes, supostamente envolvido nos crimes. Bastou isso para que Rafael fosse associado ao caso. Perseguido por uma multidão enfurecida, ele foi espancado até a morte. Posteriormente, a polícia confirmou sua inocência, mas já era tarde. Parte dos culpados permanece impune.
Essa tragédia serve como um alerta urgente. Fake news se espalham com uma velocidade assustadora, e mentiras influenciam multidões, como aconteceu nos julgamentos de bruxas em Salem (1692-1693) ou nas campanhas de ódio que alimentaram genocídios ao longo da história. No Brasil colonial, especialmente durante os séculos XVI e XVII, inúmeras pessoas foram linchadas e assassinadas devido a acusações falsas e rumores maliciosos. Escravizados, indígenas e até mesmo colonos eram frequentemente vítimas de falsas narrativas que justificavam crimes brutais em nome de supostos crimes ou ameaças à ordem social. A desinformação, portanto, não é um fenômeno novo, mas ganhou uma escala e uma velocidade sem precedentes com as ferramentas digitais.
No caso de Rafael, a palavra de uma figura pública amplificou a injustiça, mostrando como a autoridade mal utilizada pode ter consequências catastróficas. As redes sociais, que deveriam promover o diálogo, tornaram-se um campo minado. Estudos mostram que as fake news têm 70% mais chance de serem compartilhadas do que notícias verdadeiras, impulsionadas por algoritmos que priorizam o engajamento acima da veracidade. Esses algoritmos são projetados para maximizar o tempo que os usuários passam nas plataformas, promovendo conteúdos polêmicos, sensacionalistas ou emocionalmente carregados, mesmo que sejam falsos. Enquanto isso, as políticas de moderação de conteúdo das Big Techs, como Facebook, Twitter e Google, falham repetidamente em conter a disseminação de mentiras. Muitas vezes, essas empresas agem tardiamente, removendo posts ou contas apenas depois que o estrago já foi feito. E, mesmo quando agem, a falta de transparência em seus processos de decisão levanta questões sobre viés e eficácia.
Pois bem, como sociedade, precisamos agir com mais firmeza e rigor. A educação crítica é essencial: as pessoas devem aprender a verificar informações antes de acreditar e compartilhar. Além disso, é urgente regulamentar as Big Techs, responsabilizando-as pelo conteúdo que disseminam em suas plataformas. Essas empresas, que têm o poder de moldar a opinião pública, precisam ser cobradas por suas políticas e algoritmos que priorizam o lucro acima da verdade. Que fique bem claro: a informação deve ser compartilhada com responsabilidade, pois, como o caso de Rafael nos lembra, a desinformação não só destrói vidas, mas também ameaça a democracia, a justiça e a própria humanidade. O caso de Rafael não é isolado. Existem outros casos: Fabiane Maria, por exemplo, também foi assassinada devido a uma fake news.