Janjapalooza: Uma Fala de Porta de Cabaré
A última fala de Janja, primeira-dama do Brasil, incendiou as redes sociais e as rodas de conversa, mas não pelos motivos que se esperaria de alguém na posição que ocupa. Sua declaração em tom exaltado, culminando em um escancarado “que vá tomar no c”* direcionado a Elon Musk, chocou o país e cravou mais um momento digno de uma peça de vaudeville política – ou de uma briga na porta de um cabaré de quinta.
Elon Musk, bilionário e figura polêmica, pode ser alvo de muitas críticas legítimas, mas ouvir tal expressão vinda da primeira-dama de um dos maiores países do mundo transforma o debate público em um verdadeiro circo. A frase, pronunciada com uma fúria performática, parece mais algo que se esperaria de uma barraqueira em um reality show do que de alguém que deveria ser símbolo de compostura e equilíbrio institucional.
O espetáculo foi um prato cheio para memes, polarização e uma enxurrada de comentários na internet. Defensores argumentaram que Janja simplesmente expressou “a voz do povo”, mas a retórica da espontaneidade como justificativa para uma explosão de grosseria não cola tão facilmente. Afinal, o Brasil já está saturado de figuras públicas que confundem autenticidade com destempero verbal.
Mais do que o palavrão, o que surpreende é o vazio da mensagem. Havia ali, na essência, uma tentativa de criticar Elon Musk por suas atitudes e decisões controversas, mas o discurso se perdeu no festival de impropérios, transformando um possível debate sobre tecnologia, soberania e responsabilidade empresarial em mais um episódio de gritaria improdutiva.
E o que sobra ao final do “Janjapalooza”? Uma primeira-dama que abandonou qualquer pretensão de ser uma figura conciliadora para se tornar, na prática, a líder de um espetáculo de vaidades e excentricidades. O Brasil merece mais do que palavrões e shows de indignação encenada. Se a intenção era “humanizar” o papel que ocupa, Janja conseguiu apenas banalizá-lo, deixando a porta de cabaré como metáfora perfeita para o nível em que se desenrolou o episódio.
O Brasil, com seus desafios reais e urgentes, não precisa de gritos, palavrões ou shows midiáticos, mas de uma liderança que saiba quando a espontaneidade vira grosseria, e quando o papel de quem fala em nome de uma nação exige, no mínimo, decoro.