Relações trabalhistas no Brasil
Por que tem o governo brasileiro de se intrometer nas relações de trabalho entre duas pessoas adultas instruídas?
Se um brasileiro precisa de alguém para trabalhar para si em sua empresa e um outro brasileiro se dispõem a trabalhar para ele, ambos os brasileiros adultos, instruídos, mentalmente sãos, eles que se sentem à mesa e, com a urbanidade que se pede no trato com os seus iguais, negociem as horas de trabalho, as de descanso, a remuneração, os, enfim, respectivos direitos e deveres. Precisam ambos os brasileiros que burocratas do governo, muitos destes criaturas desqualificadas, ditem-lhes regras, falem por eles? Se escolarizados, alfabetizados, instruídos e bem informados - concluí-se que o sejam num país que muita gente diz ter um sistema escolar invejável -, então ambos os brasileiros sabem falar, sabem ouvir, sabem pensar, sabem recorrer a quem os podem orientar, sabem, enfim, avaliar o cenário, aquilatar cada qual seu valor e o de seu trabalho, e, chegando a um consenso, apertarem, amigavelmente, as mãos, e assinarem o contrato de trabalho.
Diz-se por aí, e por aqui também, que 95% dos brasileiros são escolarizados, portanto, alfabetizados, e que, repito, as escolas brasileiras são de alto nível; e as pessoas que tal afirmam pedem por intervenção do governo nas relações de trabalho entre empregador e empregado. Pergunto-me se tais pessoas confiem o quanto dão a entender que confiam no sistema educacional brasileiro. Se estão sempre a exigir que o governo se intrometa em todas as relações entre os brasileiros...