Golpistas levantaram nomes, rotina e até armas de seguranças de Lula
José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
Colunistas do UOL
Com a ajuda de um software israelense, a Polícia Federal recuperou arquivos eletrônicos apagados pelo tenente-coronel Mauro Cid que revelam minúcias do golpe frustrado de 8 de janeiro de 2023.
As informações resgatadas provocaram a convocação de novas testemunhas, entre elas um general kid preto (das forças especiais do Exército) e o ex-diretor da Abin (a agência de inteligência) durante o governo Bolsonaro.
O tema é um dos destaques do episódio desta semana do A Hora, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas.
As minúcias da preparação do golpe incluíram - segundo apuramos com duas fontes ligadas à investigação - o levantamento dos nomes, das rotinas e até do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O mesmo trabalho foi feito em relação aos seguranças do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
O planejamento do golpe previa, portanto, a abordagem e captura de Lula e de Moraes pelos golpistas. Pelo tipo de informações coletadas por eles, fica evidente que os golpistas se preparavam para a eventualidade de um confronto armado e violento com os seguranças do presidente e do ministro.
No dia da tentativa de golpe, nem Lula nem Moraes estavam em Brasília. Lula havia viajado para Araraquara, no interior de São Paulo, e Moraes tinha ido para Paris, França.
Policial federal e candidato derrotado a prefeito do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem dirigiu os arapongas da Abin por nomeação de Bolsonaro. Ele foi convocado e prestou depoimento à Polícia Federal esta semana no inquérito sobre o golpe.
No dia seguinte a Ramagem, prestou depoimento à PF o general Nilton Diniz Rodrigues. Atualmente, ele comanda a Segunda Brigada de Infantaria de Selva, baseada em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Na época do golpe, ele ainda era coronel. Condecorado com a medalha do Pacificador, entre outras, Diniz Rodrigues se formou no curso de Forças Especiais em 1998.
A descoberta das minúcias do golpe levou Alexandre de Moraes a prorrogar o inquérito por 60 dias. Logo, o eventual indiciamento dos líderes golpistas, dos executores e dos financiadores só deve acontecer no final de dezembro ou no começo de 2025. Jair Bolsonaro é um dos investigados e, mesmo antes de ser denunciado à Justiça, trabalha para ser anistiado pelo Congresso