A Dialética do Ser Político: Reflexão Sobre Identidade e Liberdade*
Vivemos em tempos de polarização persistente, onde lideranças como Lula e Bolsonaro ocupam, ainda hoje, espaços significativos no cenário político. No entanto, é essencial reconhecer que, como qualquer liderança, são figuras transitórias. A história se encarrega de mostrar que os líderes passam, mas os princípios e valores que moldam uma sociedade permanecem.
A dicotomia entre esquerda e direita, frequentemente usada como trincheira ideológica, precisa ser repensada. Discursos que tentam comparar o Brasil à Venezuela, para desqualificar governos de esquerda, ou aos Estados Unidos, para enaltecer o modelo liberal, são armadilhas retóricas que obscurecem uma questão fundamental: o Brasil precisa encontrar seu próprio caminho. Nosso desafio é superar a dependência dessas narrativas importadas e construir uma nação que seja autêntica em seus valores e soluções.
Pensar e agir politicamente não é apenas declarar um lado. É reconhecer que o verdadeiro posicionamento surge das atitudes e dos valores que escolhemos cultivar. Ser uma marionete de influências externas, guiado pela alienação ou pela repetição de discursos, é a antítese da liberdade que tanto almejamos. Essa “vidinha besta” – pautada pela submissão intelectual – deve ceder lugar à busca de uma consciência crítica.
Revisitar sua identidade política implica questionar como você foi formado: você age como um espírito livre ou está amarrado às correntes de uma doutrinação? A arrogância que muitas vezes acompanha as convicções políticas é incompatível com os ensinamentos de humildade e empatia encontrados na palavra de Deus. A Bíblia não sustenta o orgulho exacerbado ou o desprezo pelo próximo; ao contrário, convida ao respeito e à valorização do outro, mesmo que este pense de forma distinta.
Ser contra regimes opressores, autoritarismos ou qualquer forma de cerceamento da liberdade é uma postura que transcende ideologias. Afinal, não há nada mais ignorante do que desconhecer seu lugar no mundo e a liberdade que é sua por direito. E, paradoxalmente, esse "lugar" não é imposto; ele é construído por você, à medida que entende quem é e qual é o papel que deseja desempenhar.
Então, questione: o que a direita defende realmente representa quem você é? Você se reduz ao que a esquerda prega? Encontrar sua identidade política não é alinhar-se cegamente a um grupo, mas descobrir onde sua ética e seus princípios se encontram dentro do emaranhado de ideologias. É nesse encontro que reside o reconhecimento de si como cidadão – não como uma peça de um jogo, mas como alguém consciente de sua autonomia e de sua responsabilidade social.
O futuro político do Brasil depende, sobretudo, de indivíduos que rejeitem a inércia mental, que não se contentem com rótulos e que saibam que a liberdade é tanto um direito quanto um dever. Regozije-se na sabedoria, pratique a reflexão, e torne-se protagonista da sua jornada. Afinal, o verdadeiro sujeito político é aquele que conhece sua essência e a utiliza para transformar o mundo ao seu redor.