A Psicose Coletiva: A Morte do Diálogo na Era da Polarização

A suprema psicopatia da polarização política não é mais apenas um jogo de palavras ou uma simples divisão de opiniões. Tornou-se um campo de batalha em que a razão foi substituída pela cegueira ideológica, e a tolerância virou uma relíquia de um passado que ninguém parece lembrar. Como uma doença insidiosa, ela se espalhou pelos cantos mais obscuros da sociedade, sem aviso, como um vírus que não pede permissão para entrar, mas que exige lealdade total.

Dizem que a política deveria ser o reflexo do debate saudável, onde as diferenças são discutidas com argumentos sólidos e respeito mútuo. Mas não. Agora, em nome da polarização, qualquer argumento que vá contra a “tribo” é tratado como uma traição, e o inimigo não é mais alguém com quem se pode debater, mas alguém que precisa ser destruído. Já não se trata mais de defender uma ideologia, mas de exterminar a do outro. E, ao fazer isso, esquecem-se dos princípios que uma vez fundamentaram suas crenças: a busca pela verdade, a tentativa de entender, o respeito pelo próximo.

Na prática, ser político virou sinônimo de ser absoluto, intransigente, e, muitas vezes, até irracional. O senso de humanidade foi abafado por uma obsessão de se estar “certo” — a vitória no campo político, em vez de um bem coletivo, tornou-se o único prêmio que vale a pena. Não importa o custo, nem as consequências. O que importa é o partido, a ideologia, a bandeira. E aqueles que ousam questionar são rapidamente rotulados como traidores, vendidos ou até inimigos do Estado. A nuance, como sempre, foi sacrificada no altar da polarização.

A psicopatia dessa polarização reside no fato de que, com o tempo, as pessoas começam a se ver não como cidadãos com diferentes visões, mas como peças de um tabuleiro que deve ser vencido a todo custo. A empatia se dissolve, e o que era para ser um espaço de construção coletiva se torna um campo de destruição. As vítimas? A sociedade como um todo, que se vê fragmentada, incapaz de dialogar, e, pior, incapaz de se entender.

Ao olhar ao redor, é como se estivéssemos vivendo uma guerra de palavras onde a verdade virou uma ficção conveniente, moldada pela necessidade de alimentar a psicose coletiva. O que se entende por justiça, moralidade ou até mesmo ética? Tais conceitos se tornam relativos, distorcidos, moldados conforme a necessidade de se manter a lealdade a um grupo ou a uma causa. E quem se atrever a desviar da linha será imediatamente marcado.

E no fim, o que sobra de tudo isso? Uma sociedade partida, onde não importa mais a solução, mas quem vai vencer o próximo round. A polarização não é só uma questão de debate político, é um reflexo da falta de humanidade que se instalou nos corações, a supremacia do “nós contra eles”, a psicopatia de achar que o outro, aquele com uma visão diferente, não é apenas errado, mas também indigno de ser ouvido, digno de ser combatido.

A verdadeira cura? Talvez ela venha de uma revolução silenciosa, onde as pessoas, ao invés de se engajarem em mais batalhas ideológicas, se permitam ver o ser humano do outro lado, com suas falhas, medos e esperanças. Mas até lá, seguimos presos na suprema psicopatia da polarização política, à espera de um milagre que nos traga de volta à razão.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 16/11/2024
Código do texto: T8198372
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