A estratégia de comunicação da extrema-direita

A estratégia da extrema-direita para atrair eleitores de baixa renda se baseia em uma série de técnicas de manipulação, que atuam em várias camadas para conquistar e manter seu apoio. Essas técnicas incluem o uso do medo e da insegurança, a construção de “inimigos”, o uso de slogans simplificados e a exploração de temas religiosos e morais para criar um sentimento de identidade e pertencimento.

Primeiro, é importante entender que, em tempos de crise, como recessões econômicas ou instabilidades políticas, as pessoas costumam buscar respostas rápidas para problemas complexos. Esse é o ponto onde a extrema-direita atua, oferecendo explicações simples e diretas que ajudam a criar uma sensação de segurança e ordem. No entanto, essas explicações costumam ser simplificadas demais e geralmente não resolvem os problemas de verdade.

Um dos pilares dessa estratégia é a criação de inimigos imaginários. A extrema-direita aponta minorias ou grupos vulneráveis, como imigrantes, LGBTQIA+, ativistas, ou elites políticas, como os culpados pelas dificuldades sociais, como o desemprego ou a criminalidade. A ideia é canalizar as frustrações para esses grupos, desviando a atenção das causas reais dos problemas, que são mais profundas e difíceis de resolver.

Outro aspecto é o baixo acesso à educação de qualidade para muitos desses eleitores. Sem uma educação crítica que permita avaliar essas mensagens de forma independente, as pessoas se tornam mais suscetíveis a acreditar em simplificações extremas. A extrema-direita utiliza slogans fáceis, como “eles tiram nossos empregos”, que passam a sensação de que a situação é compreensível e de que existe um controle sobre ela.

Além disso, a moral religiosa é utilizada para atrair setores conservadores, especialmente aqueles que acreditam que a sociedade precisa defender valores tradicionais. Palavras e expressões que remetem à "família, valores cristãos e moralidade" passam a ideia de que é preciso proteger a sociedade de mudanças que, segundo esse discurso, seriam prejudiciais.

Apesar das promessas de mudança, na prática, as políticas implementadas pela extrema-direita costumam beneficiar grandes empresas e reduzir direitos trabalhistas e sociais, prejudicando justamente as classes mais populares. Com o tempo, essas promessas de transformação revelam-se vazias, mas o discurso continua eficaz porque sempre surge um novo inimigo ou ameaça que mantém a base de eleitores dependente desse discurso.

Assim, esse ciclo se repete: o medo e a frustração crescem, novas ameaças são criadas, e os eleitores seguem apoiando estratégias enganosas que promete mudanças, mas que na verdade aprofunda a desigualdade e a exclusão.