Nacionalismo Cristão Norte - Americano I

INTRODUÇÃO

Entre as ideias sobre poder e política, acredita-se que a teologia do domínio e o nacionalismo religioso, em especial o cristão, são muito pouco mencionadas e, muito menos discutidas. Por exemplo, somente fui a elas apresentado ao assistir, em maio de 2024, um vídeo sobre teologia do domínio.

O vídeo, além de trazer algumas informações sobre fatos nacionais, instiga à pesquisa para melhor entendimento, sobre o tema e sobre os fatos. Entendimento que, certamente, aumentará a qualidade em escolhas futuras.

Para tentar facilitar a um entendimento satisfatório, julgou-se eficaz a organização do material pesquisado em seis artigos: “Nacionalismo Cristão”; este, Nacionalismo Cristão Norte Americano I; Nacionalismo Cristão Norte Americano II; Nacionalismo Cristão Norte Americano III; Nacionalismo Cristão Brasileiro I; e Nacionalismo Cristão Brasileiro II.

Esses artigos, resultantes de a organização de informações pesquisadas em diversos sítios, apesar de não terem qualquer atributo acadêmico, entendem-se como satisfatórios ao entendimento.

Assim, organizou-se Nacionalismo Cristão Norte Americano I em: Introdução; Conceitos Relevantes; Fundamentalismo Cristão no Protestantismo Norte Americano; Lideranças Fundamentalistas Cristãs Norte Americanas e Considerações Finais.

CONCEITOS RELEVANTES

Conservadorismo

É um pensamento político que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais – como a família, a comunidade local e a religião -, além dos usos, costumes, tradições e convenções. Portanto, não é um conjunto de ideias políticas definidas, pois os valores conservadores variam enormemente de acordo com os lugares e com o tempo.

Direitos Civis

São os direitos dados por lei a todos os cidadãos dum país e relacionados às liberdades individuais, ou civis – liberdades individuais universais, que incluem: direito à liberdade e segurança; direito de defender a si mesmo; liberdade de pensamento, consciência e de expressão; liberdade religiosa; liberdade de associação e reunião; direito à privacidade igualdade perante a lei, direito à propriedade; e direito a vida e a integridade corporal.

São os protetores dos indivíduos ao poder discricionário do Estado. Estabelecem os limites da interferência estatal na vida privada dos cidadãos e se contrapõem ao abuso de poder.

Estado

É estrutura política e organizacional com poder soberano, para governar um povo dentro de um território formada pelos seguintes elementos: poder político soberano; povo, organizado em sociedade; território; e ordenamento jurídico impositivo, leis.

Estado é que trata da gestão da vida em sociedade, por meio das funções: políticas (direitos, deveres e relações); executivas (políticas e serviços públicos); jurisdicionarias (litígios); fiscalizadoras (cumprimento da ordem jurídica e regulação estatal); e de defesa da ordem e integridade territorial. Funções organizadas e distribuídas por instituições permanentes, os chamados três poderes – legislativo, executivo e judiciário.

Estado Laico (ou secular)

É aquele caracterizado por:

Separar administrativamente a religião do Estado e das instituições governamentais - Os dogmas de fé e as concepções morais religiosas não devem determinar ou guiar nem as decisões de Estado e nem o conteúdo dos atos estatais; e, por outro lado, o Estado não pode intervir sobre as decisões e conteúdos religiosos; e

Liberdade e proteção de crença. Permite, respeita, protege e trata de forma igual todas as religiões, fés e compreensões filosóficas da vida, inclusive a não religião e as posições que negam a existência de quaisquer divindades ou seres sobrenaturais, como o ateísmo.

Não são laicos os estados confessionais – Aqueles que adotam uma ou mais religiões, como o caso da Inglaterra que adota oficialmente o Cristianismo Anglicano, a Arábia Saudita, o Islamismo, a Rússia, o Cristianismo Ortodoxo, o Vaticano, o Cristianismo Católico; os estados ateus – aqueles onde não existe liberdade de crença e até perseguição aos que ousam expressá-las como a Coréia do Norte e, ou aqueles, nos quais não existe separação entre Estado e Igreja, como as teocracias, caso do Irã.

Evangelização ou Evangelismo

Ensino dos Evangelhos e conformidade com seus ensinamentos. Ou evangelização é contar as boas notícias sobre Jesus para outras pessoas. Consiste na pregação do Evangelho cristão, ou seja, da mensagem de salvação trazida por Jesus de Nazaré, segundo a fé cristã.

Fundamentalismo

Qualquer corrente, movimento ou atitude, de cunho conservador e integrista, que enfatiza a obediência rigorosa e literal a um conjunto de princípios básicos; integrismo.

Fé (cristã)

Confiança absoluta no cristianismo – é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse e revelou por meio de Jesus de Nazaré e que a santa Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria verdade.

Fundamentalismo Cristão

Doutrina e movimento religioso e conservador, que enfatiza e defende a fidelidade absoluta à interpretação literal dos textos bíblicos, fundamentais à vida e à doutrina cristã.

Na virada do século XIX para o século XX, surgiu o fundamentalismo cristão. Uma reação ao liberalismo teológico originado na teologia protestante alemã, corrente que defendia a compatibilização do cristianismo com o mundo moderno, a ciência e o uso de um método histórico-crítico à interpretação das Sagradas Escrituras.

Gênesis

Significa origem, nascimento, criação, princípio. Livro Gênesis é o primeiro livro tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia cristã. Descreve a criação da Terra e da vida nela, a queda de Adão e Eva e a introdução do pecado no mundo, a origem da casa de Israel e o estabelecimento dos convênios feitos por um misericordioso Pai Celestial a fim de salvar os seus filhos.

Liberalismo

Doutrina baseada na defesa da liberdade individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal.

Existe posições liberais sobre economia, mas conservadoras sobre moral, e costume.

Nacionalismo

É uma ideia e um movimento que: defende a nação congruente com o Estado; e que promove os objetivos e interesses nacionais. Ocorre que, como existe várias ideias e pensamentos sobre nação e como existe vários tipos de estados-nação, então tem-se várias formas de nacionalismo: nacionalismo étnico, nacionalismo religioso, nacionalismo cívico, nacionalismo integracionista ...

Pode-se citar como características:

Nação como única fonte legítima de poder político

Autodeterminação, governar a si mesmo sem interferências externas;

Subordinação de todos os problemas de política interna e externa ao desenvolvimento e à dominação hegemônica da nação;

Preferência pelo que é próprio da nação;

Exaltação de um povo/nação e das suas características, valores e símbolos;

Construção e manutenção duma única identidade nacional;

Preservação de tradições e costumes; e

Tendência ao isolamento econômico e cultural.

Nacionalismo Religioso

É a relação do nacionalismo com uma crença religiosa particular, dogma ou afiliação. Essa relação pode ser dividida em dois aspectos: a politização da religião e a influência da religião na política.

Nacionalismo Cristão

Nacionalismo cristão é o nacionalismo religioso filiado ao cristianismo.

Trata-se de uma forma de nacionalismo religioso que se concentra na promoção e na proteção da religião cristã evangélica, em uma determinada nação. Isso pode incluir a implementação de leis e de políticas baseadas no evangelismo, a promoção de programas educacionais e culturais e a defesa de práticas e costumes evangélicos, em desprezo aos valores da democracia liberal.

O nacionalismo cristão identifica a nação com a vontade e ação de Deus no mundo; confunde identidade nacional e cristã; e identifica o serviço da nação a serviço de Deus.

Obscurantismo

Estado de consciência de quem se encontra na escuridão, de quem vive na ignorância. É, a nível social, político e cultural, o sistema que nega a instrução e o conhecimento às pessoas com a consequente ausência de progresso intelectual ou material.

País

É conceito genérico referente ao que se encontra no território e apresenta características especificas: físicas, naturais, econômicas, sociais, culturais... Área política, social e geograficamente demarcada, território, sendo povoada por indivíduos com costumes, características e histórias particulares.

Secularismo

Doutrina política e ética que segue, em destaque:

separação entre religião e Estado, inclusive de suas instituições governamentais; exclusão de elementos religiosos dos ambientes escolares e, ou públicos; e rejeição da fé e devoção religiosa nos processos de amplitude pública, pautando-se somente em fatos ou experiências resultantes da realidade do viver.

Teologia do Domínio

Refere-se a uma linha de interpretação da Bíblia e pensamento teológico sobre o papel da igreja na sociedade. Afirma que o cristianismo bíblico governará todas as áreas da sociedade, pessoais e corporativas.

Um dos seus aspectos mais distintos é que a interpretação bíblica resultou numa espécie de mandato para a administração cristã em assuntos civis, tanto quanto em outros assuntos humanos

Teologia do domínio expressão utilizada por proeminentes autores evangélicos para denominar um agrupamento de variados movimentos teológicos, que apelavam diretamente à passagem específica no Gênese.

Movimentos voltados à criação de uma teocracia onde todos os aspectos da sociedade seriam regidos pela "Lei de Deus" e, ou de acordo com as leis no Antigo Testamento, que governavam os israelitas.

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A Teologia do Domínio, por sua vez, pressupõe que, com o impulso para controlar o mundo, Deus e o diabo se encontram em conflito permanente, nos planos espiritual e terreno. Sendo assim, a tarefa do cristão seria não somente a obediência e pregação dos mandamentos bíblicos, mas também a guerra incansável contra demônios, que se manifestam no mundo terreno nas mais diversas atividades humanas.

Território

É o espaço geográfico apropriado e delimitado por relações de soberania e poder. Normalmente, tem fronteiras fixas e delimitadas. Então, território brasileiro não é o Brasil, propriamente dito, mas o espaço correspondente e reconhecido internacionalmente. O Brasil exerce soberania e poder sobre seu território.

FUNDAMEMNTALISMO CRISTÃO NOS EUA

Significado

Doutrina e movimento religioso e conservador, que enfatiza e defende a fidelidade absoluta à interpretação literal dos textos bíblicos, fundamentais à vida e à doutrina cristã.

Na virada do século XIX para o século XX, surgiu o fundamentalismo cristão. Uma reação ao liberalismo teológico, originado na teologia protestante alemã, corrente que defendia: a compatibilização do cristianismo com o mundo moderno; a ciência; e o uso de um método histórico-crítico à interpretação das Sagradas Escrituras.

O grande motivo desse movimento, contrário à teologia liberal, foi a perspectiva de negação da Bíblia como verdade histórica.

Surgimento e Ampliação da Agenda

A partir do final da primeira guerra mundial, 1918, surge um movimento fundamentalista que, apesar de maior penetração entre os presbiterianos e batistas, congregava lideranças protestantes de diferentes denominações, para: se opor às “ameaças” da modernidade; e para reforçar valores tradicionais do cristianismo na sociedade norte-americana.

No começo da década de 1920, a agenda fundamentalista ampliou-se a diferentes frentes: contra o modernismo teológico; contra o modernismo nos costumes; contra os “inimigos externos”, que começavam a penetrar nos Estados Unidos, como o anarquismo e o comunismo; e, de modo extensivo, contra a teoria da evolução de Charles Darwin.

Recuo ao Isolamento – Subcultura própria

Em 1925, na cidade de Dayton, estado do Tennessee, o jovem professor de Biologia John Scopes foi processado pelo estado por ensinar a teoria da evolução, contrariando a legislação estadual, que proibia o ensino de qualquer teoria, que negasse o relato da Divina Criação, tal qual consta no livro de Gênesis.

O julgamento do caso Scopes teve cobertura ostensiva da imprensa norte-americana. Apesar de condenado ao pagamento de multa de cem dólares, os fundamentalistas cristãos foram reconhecidos como obscurantistas e atrasados.

Progressivamente, nos anos subsequentes, se afastaram dos debates públicos do país e se refugiaram em suas próprias igrejas, institutos bíblicos, agências missionárias, escolas cristãs e associações. Uma clara evidência desse isolamento relativo foi a utilização, por lideranças fundamentalistas, de rádio e, posteriormente, de televisão, como instrumentos de evangelização.

O autodeclarado isolamento fundamentalista, somado a uma ostensiva estratégia de evangelização, através de diferentes métodos e suportes, como: visitações, malas diretas, programas de rádio e de televisão, redundou que, a partir dos anos 1960, diversas denominações fundamentalistas se estruturassem em torno de “megachurches”, caracterizadas não pelos números de fiéis, mas pela diversidade de serviços educacionais e sociais.

Se as novas denominações criadas pelos fundamentalistas eram forças mais locais do que nacionais, os seus “sacerdotes midiáticos” se tornaram figuras com penetração nacional. Vários pregadores compravam horários nas rádios por todo o país, e os institutos bíblicos eram ainda mais ousados, criavam suas próprias estações de rádio.

LIDERANÇAS CRISTÃS – NACIONALISMO CRISTÃO NORTE AMERICANO

Em 1964, a candidatura à presidência dos Estados Unidos do então senador Republicano pelo Arizona, Barry Goldwater, embora derrotado pelo Democrata Lyndon Johnson, teve forte impacto ao aglutinar críticos do liberalismo e defender uma afirmação conservadora na arena pública.

Neste contexto, duas importantes lideranças fundamentalistas, dentre outras, já despontavam no cenário nacional: o pastor Tim LaHaye, a partir da costa Oeste, e o pastor Jerry Falwell, no Sul dos Estados Unidos. Pastores que viuvaram diferentes formas de participação política. Além desses, merece ser destacada a liderança de Paul Weyrich, considerado um dos arquitetos da direita religiosa no final dos anos 1970.

Tim LaHaye (1926 – 2016)

Pastor, escritor e ativista fundamentalista cristão.

Nasceu em Detroit, Michigan. Bacharel em artes em 1950. Iniciou sua carreira de pastor na Carolina do Sul. De 1950 a 1956, foi pastor duma igreja batista em Minneapolis. Mudou-se para San Diego, onde foi pastor da Scott Memorial Baptist Church de 1956 a 1961.

Antes de sua chegada a San Diego, LaHaye, por ter se interessado muito pouco por questões políticas, fizera somente algumas incursões nessa área.

A partir de meados da década de 1960, passou a se envolver no emergente movimento conservador, que estava profundamente desconfiado com o comunismo, contrário aos gastos com políticas de bem-estar social e à permissividade cultural.

Nas eleições de 1964, antes das primárias do Partido Republicano na Califórnia, para a escolha do candidato à presidência, tentou mobilizar alguns pastores para que apoiassem Goldwater, que concorria contra o liberal e “moralmente condenável” governador de Nova Iorque, Nelson Rockefeller.

Em 1971, fundou o Christian Heritage College (Faculdade Cristã Herança), agora conhecido como San Diego Christian College (Faculdade Cristã San Diego).

Em 1972, participou com Henry M. Morris do estabelecimento do Institute for Creation Research em El Cajon – instituto de pesquisa sobre a Criação – Interpretação da Narrativa da Criação do Gênesis – em El Cajon, cidade da Califórnia.

Em 1976, ele escreveu o livro "O ato conjugal" com sua esposa Beverly.

Em 1978, juntamente com sua esposa Beverly, LaHaye fundou: a Concerned Women for America (Mulheres Preocupadas pela América), que tinha por objetivo organizar as mulheres que combatiam as ideias feministas “anticristãs”; e a Equal Rights Amendment (Emenda de Direitos Iguais).

Em 1979, ele incentivou Jerry Falwell a fundar a Moral Majority (Maioria Moral) - organização e movimento político associada à direita cristã e ao Partido Republicano nos Estados Unidos e atuou em seu conselho.

Em 1995, ele estreou a série de 16 livros "Left Behind" com o escritor Jerry B. Jenkins.

No meio fundamentalista norte-americano, a importância de LaHaye não se limita às suas interpretações das profecias bíblicas e a seu sucesso como autor de best sellers.

Em uma reportagem de 26 de julho de 2001, o Washington Times afirmava que LaHaye e sua esposa Beverly “têm um impressionante registro de ativismo religioso e influência, que vai dos quartos até a Casa Branca”.

Em uma reportagem sobre o falecimento de LaHaye em julho de 2016, a revista Time dizia, que ele havia sido um dos grandes pilares da politização das lideranças fundamentalistas no final da década de 1970 e na fundação da Moral Majority

Jerry Falwell (1933 – 2007)

Pastor batista, televangelista, escritor e ativista fundamentalista cristão.

Nasceu em Lynchburg, Virgínia. Em 1951, foi convertido. Em 1956, graduou-se em pastor pelo Baptist Bible College, no Missouri.

Planejava fundar igreja na Georgia, mas antes, ao visitar sua cidade natal, encontra grupo de dissidentes na Park Avenue Baptist Church, igreja onde fora convertido. Os dissidentes o convidam para fundar uma nova igreja batista em Linchburg.

Contrariando a negativa da Baptist Bible Fellowship (BBF), Falwell, em 1956, fundou a Thomas Road Baptist Church (TRBC) e é excluído da BBF.

Ainda em 1956, inicia com estratégia agressiva para conquistar novos fiéis e logo em seguida estreia o programa “Old Time Gospel Hour” na recém inaugurada estação de rádio WBRG. No final de 1956, realiza seu primeiro programa de televisão, como pastor da Thomas Road Baptist Church (TRBC).

No final da década de 1960, a TRBC possuía quase 7 mil membros, configurando-se como uma “megachurch”; a congregação possuía espaços descentralizados para tratamento de dependentes químicos, treinamentos profissionais, creches, esporte e lazer, etc. A arena educacional foi concebida inicialmente com a inauguração do colégio Lynchburg Christian Academy, em 1967, e a inauguração, em 1971, da Liberty University, tornando-se uma das principais universidades de orientação fundamentalista dos Estados Unidos.

Em 1958, Falwell proferiu, transcreveu e enviou aos seus fiéis pelo correio o sermão “Segregation or Integration, Which?”, atacando fortemente a decisão da Suprema Corte, em 1954, que considerou inconstitucional a segregação racial nas escolas públicas dos Estados Unidos.

Na percepção de Falwell, a partir de uma leitura literal e específica da Bíblia, considerava os atos contrários ao segregacionismo institucionalizado, perigos de desobediência às ordens de Deus. Assim, estabelecia relação entre cristianismo e política, subjugando a Constituição norte-americana aos escritos sagrados.

Em Marco de 1965, quando ocorreram as três marchas de 85km pelos direitos civis dos negros, entre as cidades do estado do Alabama, Selma, e sua capital Montgomery, que conduziram à aprovação da Lei dos Direitos ao Voto de 1965, Falwell retornaria ao tema e proferiria o histórico sermão: Ministers and Marchs, atacando Martin Luther King e criticando a participação de lideranças religiosas liberais nos protestos pelo país.

Em 1979, ele fundou a " Moral Majority (Maioria Moral)". Organização política que reuniu católicos, protestantes e evangélicos, criada para levar adiante uma campanha nacional: contrária ao aborto e aos direitos dos homossexuais; a favor de a implementação de orações nas escolas públicas; e de visão tradicional sobre família.

Com 6,5 milhões de membros incorporados em comitês de ação política, a “Moral Majority” (Maioria Moral) resultou num dos maiores grupos de pressão nos Estados Unidos e um precursor da chamada Coligação Cristã - o grupo conservador que desempenhou papel crucial na eleição de George Walker Bush à presidência.

Falwell tornou-se uma das principais lideranças fundamentalistas contra o movimento pelos direitos civis, passando a viajar por todo o país, estabelecendo contato com políticos e intelectuais conservadores, com o intuito de defender, contraditoriamente, o não ativismo de lideranças religiosas.

Falwell foi um vigoroso defensor do Estado de Israel e de suas políticas: "Teologicamente, qualquer cristão tem que apoiar Israel"; e "Se não protegemos Israel, deixaremos de ser importantes para Deus".

Em 1988, quando o governo Clinton pressionava Israel, para que se retirasse dos territórios ocupados, Falwell reuniu-se com o primeiro-ministro israelense, Benjamín Netanyahu, e prometeu mobilizar o apoio de milhares de congregações evangélicas, para opor-se a concessões de mais território aos palestinos.

Em setembro de 2001, dias depois do ataque terrorista contra o Pentágono e as torres gêmeas do World Trade Center, Falwell apontou como responsáveis indiretos desse fato, aqueles que "trataram de secularizar a América" e "não afastaram nossa nação de satanás”.

Paul Weyrich (1942 – 2008)

Ativista político conservador religioso americano e comentarista associado à Nova Direita.

Em 1960, Weyrich se formou na St. Catherine’s High School e frequentou por dois anos a University of Wiscosin-Racine.

De 1961 a 1963, foi ativo no Racine Country Young Republicanas, organização para membros do Partido Republicano de 18 a 40 anos do condado de Racing, sudeste de Wisconsin, estado do norte dos Estados Unidos.

Em torno de 1962, após o Concílio do Vaticano II oi transferido da Igreja Latina da Igreja Católica para a Igreja Católica Grega Melquita e foi ordenado diácono pela Eparquia Católica Grega Melquita de Newton (cidade do estado de Massachussetts – nordeste dos estados Unidos)

Em 1964 participou da campanha presidencial de Barry Goldwater pelo Partido Republicano.

Em 1966, Weyrich tornou-se secretário de imprensa do senador republicano pelo estado do Colorado Gordon L. Allot.

Em 1971, funda juntamente com Joseph Coors, executivo de grupo industrial fundado pelo avô, a Analisys and Research Inc, empresa para influenciar nas políticas públicas do governo americano, mas a organização não desenvolveu.

Em 1973, funda, juntamente com Joseph Coors e Edwin Feulner, a Heritage Foundation, “think thank”, ou instituto de políticas, para combater as visões liberais sobre tributação e regulamentação, que eles consideravam antiempresariais.

Embora a organização tenha sido, inicialmente, apenas muito pouco influente, assumiu papel de liderança no movimento conservador, na década de 1980, durante a presidência de Ronald Reagan, cujas políticas foram retiradas dos estudos da Heritage Foundation, incluindo seu Mandato para Liderança. Tornou-se um dos maiores institutos de pesquisa de políticas públicas do mundo e tem sido extremamente influente no avanço de políticas conservadoras.

Em 1973, o American Legislative Exchange Council (ALEC) foi estabelecido em Chicago, como Conservative Caucus of State Legislators; seus fundadores: os ativistas conservadores Henry Hyde , que mais tarde serviu como membro republicano da Câmara dos Representantes dos EUA (1975–2007), e Paul Weyrich, cofundador do “think tank” conservador Heritage Foundation.

O American Legislative Exchange Council (ALEC) é uma organização sem fins lucrativos de legisladores estaduais conservadores e de representantes do setor privado, que elaboram e compartilham legislação modelo, para distribuição entre os governos estaduais norte-americanos.

Em 1976, novamente com o apoio de Coors, Weyrich fundou o Committee for the Survival of a Free Congress – CSFC (Comitê para a Sobrevivência de um Congresso Livre) e origem da luta pelo poder da direita norte-americana em 1974.

Weyrich e Laszlo Pasztor (antigo líder do Partido da Cruz Flechada pró-nazismo na Hungria) colocaram o CSFC presente na política da Europa Oriental, após a Guerra Fria.

Sob Weyrich, a CSFC provou ser altamente inovadora. Foi uma das primeiras organizações de base a levantar fundos extensivamente por meio de campanhas de mala direta. Também, foi uma das primeiras organizações a recorrer às igrejas cristãs evangélicas, para recrutar e cultivar ativistas e apoio para causas sociais conservadoras.

Em 1978, Weyrich foi cofundador de a Christian Voice com os reverendos Robert Grant e Richard Zone, a partir de várias organizações da Califórnia, contrárias aos homossexuais e a pornografia.

Christian Voice é um grupo conservador americano de defesa política , conhecido como parte da direita cristã dentro da política dos EUA . Em 1980, afirmava ter 107.000 membros, incluindo 37.000 pastores de 45 denominações. Foi sediada na The Heritage Foundation nas décadas de 1970 e 1980 e atualmente está localizado em Alexandria, Virgínia.

Em 1979, foi cofundador da Moral Majority com Jerry Falwell.

Em 1997, sob os auspícios da Free Congress Foundation – FCF (nova denominação da CSFC), Weyrich fundou a estação de televisão via satélite National Empowerment Television (NET), sediada em Washington.

A National Empowerment Television (NET), mais tarde conhecida como America's Voice e, eventualmente, The Renaissance Network, era uma rede de TV a cabo projetada para mobilizar rapidamente indivíduos politicamente conservadores, para fazer pressão popular em nome dos objetivos políticos do movimento, nacionalismo cristão.

A Harper's Magazine (revista mensal tradicional americana de cultura geral) referiu-se a Weyrich como figura chave da Direita Cristã, e escreveu sobre ele ser frequentemente descrito, pelos seus admiradores, como o Lenine do conservadorismo social e de ter se posicionado como um defensor dos valores sociopolíticos tradicionalistas dos direitos dos estados, do casamento, do anticomunismo e ferrenho opositor da Nova Esquerda .

Em 1990, no Thy Kingdom Come (movimento global de oração), Randall Balmer (autor e historiador da religião na América), em comentários numa conferência, descreve Weyrich como "um dos arquitetos da direita religiosa, no final da década de 1970.

A Liga Antidifamação - organização não governamental judaica internacional (agência de direitos civis/relações humanas da nação), identificou Weyrich e a Fundação Congresso Livre (CFC) como parte de uma aliança de mais de 50 dos mais proeminentes líderes e organizações cristãs conservadoras, que ameaçam a separação entre Igreja e Estado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de o fundamentalismo cristão surgir como reação a movimento religioso, incialmente, saiu do ambiente religiosos e chegou à sociedade, mas restrito às ameaças percebidas com a modernidade e para reforçar os valores tradicionais do cristianismo. Entretanto, rapidamente ampliou sua agenda para costumes, educação, política ... o que exigia evangelização e engajamento político.

Pode-se observar o quanto de importância tiveram essas lideranças com seu trabalho de evangelização e de atuação, estrategicamente objetivada na criação de organizações não governamentais de atuação na evangelização, educação, nos poderes executivo, legislativo, nas questões de moral e costumes, numa contenda contra a nova esquerda norte americana e na escolha do Partido Republicano como parceiro e representante.

Cabe aqui observar que esquerda na economia nos Estados Unidos, são os mais crentes no capitalismo keynesiano, com presença regulatória do Estado e adeptos do Bem Estar Social. São os que defendem o Estado laico, os liberais na moral e nos costumes e os democratas e defensores do estado de direito.

Acredita-se que, aqueles têm algum interesse sobre o desenrolar da política brasileira e que apreciaram o que foi desenvolvido neste e no texto anterior, já perceberam significativas semelhanças entre Brasil e USA.

O desenvolvimento terá continuidade no próximo artigo “Nacionalismo Norte Americano II”.

FONTES

Artigo - Nacionalismo Cristão –

https://www.recantodasletras.com.br/artigos/8153442

Sites: en.wikipedia.org; periodicos.fgv.br; pt.wikipedia.org; scielo.br; e wikipedia.org

J Coelho
Enviado por J Coelho em 01/10/2024
Reeditado em 01/10/2024
Código do texto: T8163854
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